quinta-feira, 14 de abril de 2016

GRITO MUDO

Abraço o silêncio
na esperança de soltar o grito aprisionado no peito.

No rosto,
o martelar lancinante do vento suão,
carregado de memórias,
dores, saudades e glórias.

Abraço o silêncio,
na esperança de soltar o grito aprisionado no peito,
na esperança de lavar a alma com a chuva trazida
por aquele vento profético.

Mas não,
a prece não tem resposta.

O silêncio ensurdece,
mas o grito,
ah, o grito teima em ficar
gravado no peito como tatuagem.

Ouço o crepitar do lume.
Lembra  lamentos da alma ferida
naquele dia em que o grito emudeceu.


©Graça Costa

                                                     Beth-Emily & David Fooks 

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