terça-feira, 5 de abril de 2016

A GUERREIRA


Tinha a alma fustigada
pelas lembranças de uma paixão sem memórias.

Construíra na sua imaginação um mundo com dias e noites,
atmosfera, cheiros , texturas, diálogos,
sorrisos, lágrimas
e algumas canções.

Naquele imaginário insólito
jamais se apercebera do imenso manto de solidão
em que envolvera a sua vida.

Dia a dia, ia trocando as máscaras
com que enfrentava os olhares se se cruzavam com os seus,
vivendo sem viver,
qual espectro de luz de vela
sujeito à emotividade da brisa.

Tinha a alma fustigada por lembranças em marca d’agua,
e sofria…
Precisava sentir a chuva nos cabelos,
o sol no rosto,
reinventar-se
e como página em branco…
recomeçar.

E foi assim, que um dia,
num impulso, tirou a máscara.

Guardou-a no armário,
e com a displicência de um guerreiro em véspera de batalha
acendeu um fósforo,
virou a costas
e ficou, com um sorriso nos lábios,
a ouvir o crepitar das chamas.


©Graça Costa
imagem retirada da web


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