domingo, 25 de março de 2018

CONVERSANDO COM O SILÊNCIO

Existe no silêncio
um luar de nuvens mansas
uma alma secreta
de murmúrios vestida.
uma doçura tamanha,
que só de o prever já me embalo
no seu sentir.

Só quem conversa com o silêncio
tem alma para sentir o poema
que antes de o ser já dança na retina,
penetra a pele com a intensidade de um beijo
e desperta a fome
do amor vivido em firmamentos distantes.

Oxalá a noite me doure os sentidos,
me crave na pele a vontade de me dar
e que o canto da minha voz,
não seja voz
mas pele…
sedenta de outra pele.


©Graça Costa
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sexta-feira, 23 de março de 2018

JUST FEEL

 Look at me
as if you were seeing me for the first time.
Touch my skin
and feel again the warm pleasurable shiver
you felt that day.

Close your eyes
and follow my voice.
No questions asked.
No judgements.
Just do as I say
and feel.

Feel the smoothness of the body,
the warmth of the words,
the desire growing slowly,
as a feather floating down the river.

Stay still my love.
Let me dress your naked body with my skin.
Let me draw the sunset on your chest
with my lips.
Let me...
Let me...
just feel.

By the time you become breathless.
spell my name to the wind
and let yourself
melt in me
like dew at summer dawn.


©Graça Costa


 

quarta-feira, 21 de março de 2018

E O DIA ESPEROU COMIGO

Era um dia daqueles
em que o amanhecer é dourado
orvalhado com diamantes de luz.

Era um dia daqueles
em que o coração acorda descompassado
com a pele em arrepio eterno,
como tatuagem,
sussurrando o teu nome ao dia que desponta.

Era um daqueles dias
em que o corpo pede corpo
e o olhar jorra paixão
por entre gemidos
e pérolas de mel.

Era um daqueles dias
de prece e de ilusão,
de esperança,
horas lentas
e expectativas tantas...

Decidi esperar,
contigo na retina e nas memórias.

E o dia esperou comigo
complacente e sereno,
cúmplice da paixão que viria a ser
mas que dentro de mim já o era.

©Graça Costa
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POESIA

21 de Março - Dia Mundial da Poesia - a minha singela e pessoal homenagem.

POESIA

Quem és tu a quem chamam poesia?...
De quem és filha?
De quem és mãe?
Que genes trazes contigo para seres assim,
tão única,
tão bela,
tão prenhe de sonhos
memórias
lagrimas,
amores e paixões ?

Quem és tu que me rasgaste os sentidos
e num rendilhado de mel e dor
me obrigas a deixar cair no papel
estas palavras
e a outras
e tantas outras que sinto
mas ainda não ouso falar ?
Não te conheço o rosto
mas sinto-te a alma nos dedos,
o perfume na pele em chamas
o feitiço do querer e não querer,
as amarras e o não conseguir esquecer.
Não te conheço,
amiga,
amante,
irmã,
só sei que te trago na pele
e que sem ti fico nua
como recém -nascido sem cama.

©Graça Costa
 

segunda-feira, 19 de março de 2018

NÃO TENHO JEITO PARA SEU POUCO


Não tenho jeito para ser pouco.

Tudo em mim é excessivo.
Tudo transborda
em catadupa,
cascata de afecto.

Tudo em mim é sentido
e cada poro de pele, responde ao seu jeito.

Tudo em mim é saboreado,
com a ternura de quem toca,
um filho pela primeira vez.

Escondido em cada gesto,
o carinho,
que só vê, quem como eu sente assim,
de forma excessiva,
qual sol rasgando a madrugada.

Não tenho jeito para ser pouco
e gosto de ser assim.
Braço que envolve.
Pele que afaga.
Dor rasgada.
Alma cansada.
Alegria partilhada.
Ternura,
Carinho
Paz.
Plena de Amor.
Inteira.

 ©Graça Costa
 

 

TECENDO SONHOS


Passei a noite tecendo sonhos...
No teu abraço senti a protecção da ousadia
e ousei.
No teu calor senti a força da ternura
e descansei.
No teu olhar preso no meu, senti a magia do amor
e fiquei.

Passei a noite tecendo sonhos
qual renda de bilro envolta em sábias mãos.
Teci-os brancos e coloridos
esborratados, divertidos,
por vezes encantados
outras apenas sentidos.

Passei a noite tecendo sonhos
e a levei-os no peito ao acordar.
Deles me alimento.
Com eles rego a vida e o olhar,
construindo o caminho,
passo a passo, sem vacilar.
 
 
©Graça Costa
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sexta-feira, 16 de março de 2018

CANSAÇO

Antigas,
as lágrimas que rolam no rosto cansado.
 
Antigas,
mas com a força de uma juventude inóspita,
desafiante,
sem regra e sem rumo.

Caem porque têm que cair.

Gritam a liberdade dos prisioneiros de guerra
torturados pelo silêncio
que só as almas cansadas entendem.

Antigas.
Tão antigas que as tornei minhas.
Tão minhas, que a força com que as liberto
é a mesma com que as tento reter.

Sem sucesso,
porque pássaro livre precisa de mar para voar
e eu sou apenas rio,
com um imenso cansaço de lutar.

 ©Graça Costa
imagem da web
 
 
 
 
 

 

quinta-feira, 15 de março de 2018

AQUELE BEIJO

Aquele beijo
tinha o sabor encantado das palavras não ditas,
tinha a doçura da fruta madura
e a ternura de um por de sol prateado à beira mar.

Aquele beijo
tinha o querer e o não querer,
o vazio e a plenitude,
a intensidade do nascimento
e o poder da paixão a fermentar.

Aquele beijo
tinha o aroma de chocolate quente
e a beleza de uma buganvília
lambendo uma parede alva
como neve em pleno verão.

Aquele beijo
foi principio e fim
de qualquer coisa por inventar
que espera na beira da noite
luz para caminhar.

©Graça Costa
imagem retirada da web

quarta-feira, 14 de março de 2018

BEIJO


Beijas-me como o escultor
que acaricia o barro
para nele se fundir
devagar
como o entardecer.

Nas tuas mãos sou terra
mar e ar,
elementos em fusão
sem pressas,
sem lamentos.

Nas tuas mãos respiro
ao ritmo dos dedos
com que me envolves
e neles me derreto
como orvalho ao amanhecer.

Mais tarde,
agarro a cumplicidade da noite,
A ela ofereço os murmúrios que
no torpor da paixão
 arrancas do mais fundo de mim.

 Saboreio o desejo
que pressinto os teus olhos
e colo-me a ti num beijo quente,
longo,
lento,
porque há beijos mais profundos do que o mar.


©Graça Costa
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quarta-feira, 7 de março de 2018

LADAINHA


Amarro o vento ao corpo
como se ele fosse um imenso campo,
e num desatino sem nome
deixo-o varrer-me da pele
toda a dor,
todo o cansaço,
todo caminho sem destino marcado.

De derrota em derrota
vou entrançando cicatrizes e delas faço tele virgem
para outras viagens.

Levei sempre comigo o vestido de vento
como se ele fosse um imenso campo
em que me espraio e me encanto,
em que te chamo num pranto
também ele sem nome e sem canto,
mas que tu ouves
e sentes
e sabes que é a ti que te chama,
como sussurro
ou suspiro
ou beijo de encanto.

Não sei se quebro esta dor
ou se ela me leva para outras paragens,
mas quero que saibas
que presente ou ausente,
estarei sempre velando o teu sono.

Podes encontrar-me no canto mais doce do teu sorriso,
também ele doce,
na tua pele,
porque nela vivo
e nela escrevo os poemas que guardas,
mesmo quando trago o vento amarrado no corpo
e pareço fugir ao encontro do amanhecer.

©Graça Costa
imagem da web