quarta-feira, 7 de março de 2018

LADAINHA


Amarro o vento ao corpo
como se ele fosse um imenso campo,
e num desatino sem nome
deixo-o varrer-me da pele
toda a dor,
todo o cansaço,
todo caminho sem destino marcado.

De derrota em derrota
vou entrançando cicatrizes e delas faço tele virgem
para outras viagens.

Levei sempre comigo o vestido de vento
como se ele fosse um imenso campo
em que me espraio e me encanto,
em que te chamo num pranto
também ele sem nome e sem canto,
mas que tu ouves
e sentes
e sabes que é a ti que te chama,
como sussurro
ou suspiro
ou beijo de encanto.

Não sei se quebro esta dor
ou se ela me leva para outras paragens,
mas quero que saibas
que presente ou ausente,
estarei sempre velando o teu sono.

Podes encontrar-me no canto mais doce do teu sorriso,
também ele doce,
na tua pele,
porque nela vivo
e nela escrevo os poemas que guardas,
mesmo quando trago o vento amarrado no corpo
e pareço fugir ao encontro do amanhecer.

©Graça Costa
imagem da web
 

 
 

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