sábado, 22 de agosto de 2015

À DESCOBERTA DO AMOR

Parto à descoberta do amor,
com a curiosidade infantil
do desconhecido que ainda há  em mim.

Perdi o medo de amar
porque amar é simplicidade
e a simplicidade é generosa.

Deixo fluir os sentidos,
dar se tiver vontade,
quando tiver vontade,
e receber com carinho, 
a mão estendida,
a doçura de pele que saboreio sem pressas,
a fusão dos corpos que se dissolvem
em maresia e poemas
nas noites rubras de ternura e magia.

Parto,
sem destino ou direcção.
O vento sabe o caminho 
e o meu coração , também.



©Graça Costa


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

I DREAMT

I dreamt
my body was a lake
and your hands
sailing boats
dancing in the sunset of my skin.

I dreamt my body
was open sky,
and your mouth
a flock of seagulls
caressing its profile.

I dreamt my body
was a wide open road
and your arms
bunches of flowers
spreading perfume along the way.

I dreamt...
and I dreamt again.

When finally
awake,
you are right beside me.

We slightly smile...
and the dreams
come alive.


©Graça Costa
 


                                                                   Guy Denning

DOCE DOR

Por entre os pingos da chuva,
imagino o beijo quente desflorando a noite.

Quase sinto as gotas caindo nos lábios
como perolas ou diamantes efémeros,
que por entre as nuvens nos esmagam o peito.

Doce, a dor do beijo à espera da tua boca.


©Graça Costa


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

AQUELE BEIJO


Aquele beijo não foi apenas um beijo.
Foi uma prece,
oração,
rosário de promessas
doce tentação com aroma de eternidade.

Aquele beijo tinha consigo o feitiço da lua,
a brisa do mar,
o arrepio da maresia,
o mistério do entardecer em corpos desnudados,
a doçura do mel coado em leite quente.

Aquele beijo não foi apenas um beijo.
Foi o despertar dos sentidos na fusão do olhar.
Foi a súplica da carícia à flor da pele.
Foi a dor da ausência e a antecipação do prazer.

Aquele beijo, foi  magia do amor em dó maior,
explosão de ternura no espaço sideral,
alimento de alma nos dias de dor e solidão.


©Graça Costa

                                                        Gustav Klimt: The Kiss (detail)

A PINCEL


Desenho a pincel os dias que passo sem ti,
para que a dor não mate
mas apenas arranhe.

Para que o sal dos olhos descanse em maré de calmaria,
e a ausência seja luz e não maresia,
alimento, farol,
fonte de luz,
alquimia.

Desenho a pincel os dias que passo sem ti,
porque em cada acordar recebo uma tela em branco
ávida de paisagens e sonhos
carícias e afectos.

Nela me perco como criança em loja de brinquedos.

Contemplo a pureza do dia que me entra nos olhos
agarro no pincel da vida,
visto-me de brisa , sol ou temporal
óleo, aguarela ou pastel
e na voragem do tempo que passa,
mergulho na obra que nasce.

Desenho a pincel os dias que passo sem ti,
porque as cerdas sabem o teu nome.

Assim te tenho por inteiro e cada pincelada,
em cada sussurro, lágrima ou gargalhada.  
        
E assim,
da distância se faz presença,
da dor… magia,
da saudade…força,
do  Viver,
arte, fantasia,
poema.



©Graça Costa

                                                                   Ryan Hewett

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

TANTO

Amarra-me ao teu peito
para que o tempo não me roube de ti.

Cobre-me de luz e de esperança.
Pinta-me o rosto de beijos maduros e generosos,
como as uvas dourados de Outono.

Amarra-me ao teu peito
e fica dentro de mim,
para que o tempo , seja tempo
mas não ladrão do meu Ser.

Amarra-me ao teu peito, meu amor
e espera na vereda da tarde
a hora dos dias sem hora marcada.

Espera...
leva-me contigo,
porque a vida corre veloz
e temos ainda tanto para nos dar.

©Graça Costa


                                                               Pauline Adair

NO SILENCIO DA NOITE


No silencio da noite escuto, qual sereia,
o cantar hipnótico do sonhos que construo acordada.

É de noite que ganham vida,
me acordam a voz
sibilante
terna,
por vezes lacrimosa
mas sempre com o apetite de longas conversas sussurradas ao luar.

Noite,
confidente de sorrisos, dores e cansaços.

Amante silenciosa e atenta.
Amiga que na escuridão
me ilumina o peito
com a magia da ilusão.

Nela me revejo.
Com ela te revisito
e na sua cumplicidade 
a ti me entrego,
com a serenidade da nudez
e a fome da esperança 
no amanhã que juntos inventamos


© Graça Costa

                                                                Anita Dewitt

VESTI-ME DE NOITE

Vesti-me de noite para me perder na escuridão.

Nela encontrei a paz que o dia me roubou.
Doce noite, que me embriaga os sentidos e me ilumina o olhar.

De ti me alimento,
e contigo fico
até que me embales o sono com o teu beijo de mãe,
ou carícia de amante.


©Graça Costa


                                                                 Jonathan Kane

terça-feira, 18 de agosto de 2015

FICA

Bebe-me os sentidos
como se fosses brisa e eu fosse mar.

Saboreia-me a pele
como se fosse mel
e derrete-te nos meus olhos.

Deixa que a madrugada me inunde o Ser
e o dia surja com a serenidade de uma melodia primaveril.

Deixa...
mas fica,
que o corpo pede e a alma exige
a perene entrega dos corpos em chama.

Deixa-te ficar no meu corpo feito luz,
no meu peito feito cama
e quando o sono vier...
dorme...
mas fica dentro de mim

©Graça Costa



                                                            Gustave Klimt

SE ESTES DEDOS TIVESSEM VOZ

Se estes dedos tivessem voz,
seria de vento e de mar,
seria de brisa e de trautear o teu corpo,
com gemidos de mel
e ternura de flores sem tempo nem estação.

Se estes dedos tivessem voz,
suplicariam por violinos, harpas
e lençóis de cetim orvalhados pelo teu perfume.

Suplicariam por pinceis e aguarelas para te pintar o perfil
e nele gravar, o sentir do amanhecer nos teus braços.

Se estes dedos tivessem voz,
gritariam pela tua presença dentro de mim,
pelo teu olhar preso no meu,
navegante eterno de paraísos inventados
e rotas por descobrir.

Se estes dedos tivessem voz,
o amanhã estaria escrito
o entardecer teria a melodia de uma sinfonia tocada a quatro mãos.
A noite...
ah a noite traria consigo a magia dos rios
plena de afectos e desafios,
aberta para nos receber.

Caminhemos então e ouçamos,
que os dedos falam a língua dos amantes .


©Graça Costa


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A LITTLE PIECE OF HEAVEN


I taste a little piece of heaven
each time your lips travel around my skin.

I taste a little piece of heaven
each time you touch me
and my body becomes a violin,
a piano,
a full orchestra,
or only a whisper
lost in the room.

I taste a little piece of heaven
each time I close my eyes
and let my soul fly
throughout the warmth of your embrace.

Our love is heaven in slices,
an open book with empty sheets
for us to draw,
all new world to discover.

All we have to do is believe
that soulmates ate meant to be
and that miracles need to be fed
to keep on sparkling.


©Graça Costa




GOSTAVA DE TE DIZER


Gostava de poder dizer-te
que o amor que sinto é do tamanho do universo,
mas não posso...

O universo pode ser demasiado pequeno e tenho receio de errar.

Gostava de poder dizer-te que o desejo que sinto
tem a magia de uma manhã clara,
mas nunca fui manhã e não sei definir essa magia.

Gostava de poder dizer-te que a felicidade é eterna,
mas sei que não é.

Apenas sei que as palavras que escrevo
são letras pintadas de emoção
e embrulhadas no cetim dos afectos
com que teço a malha dos dias
vividos ou apenas sonhados.

Por isso não te digo o amor que sinto.

Deixo que o descubras
e que o digas por mim.


©Graça Costa


OUSADIA

Ousara eu ser sol para te afagar o rosto
Ser lagrima para te escorregar na pele
Ser mar para te envolver na maré.

Ousara eu ser terra
para te plantar um sorriso nos lábios,
quente como fim de tarde,
aconchego da noite,
celebração de amantes
no esteio da vida.

Ousara eu ser maresia,
ternura,
fantasia,
ladra dos teus abraços
no turbilhão profuso dos afectos.

Ousara eu apenas Ser...
e morreria plena de mim
no teu olhar…


©Graça Costa






domingo, 16 de agosto de 2015

PEDIDO

Embriagada de insónia
enamorei-me da madrugada.

Pedi-lhe uma manhã clara
com raios de sol vibrantes
salpicados de brisa e aroma de mar.

Pedi-lhe o calor do teu corpo
a ternura do teu abraço
o cheiro da tua pele
o precioso som da tua voz.

Enrosquei-me na tua presença ausente
deixei que as lágrimas levassem a saudade
e deixei-me levar …

O sono acabou por vencer a batalha dos sentidos.
 Adormeci nos braços da madrugada e neles te revisitei.

Desse dia feito noite,
guardo os sonhos que inventei
e os ecos de ti, que na pele gravei.

Tesouros de alma sem textura
com aroma de infinito. 




©Graça Costa

                                                                  yossi kotler;

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

AQUELE BEIJO


Imaginou-o adocicado,
lento
morno
perdido.

Desenhou-o perfeito
macio
envolvente
como pluma na brisa.

Sentiu-o carente
faminto,
desconcertado,
medroso.

Acariciou-o 
contra o peito
molhou os lábios 
e num impulso quase infantil,
matou-lhe a sede de mel.

Mudou-lhe a vida 
aquele beijo
que hoje tem lar,
lhe ilumina o olhar
e se repete
a cada instante
em que o recorda.

Imaginou-o.
Desenhou-o.
Acariciou-o,
Bebeu-o com a calma e a ternura dos amantes em pressa.

Ah...aquele beijo
tem a nossa história escrita na memória dos dias.
Eterno,
mágico,
tão simples,
tão nosso!!!

©Graça Costa


                                                                  Leonid Afremov

PELE

Pele…
Nada como o toque aveludado da pele,
a forma como se arrepia ante a caricia,
como responde ao beijo lento e rastejante,
à língua quente e húmida,
ao gemido ,
ao arfar do desejo incandescente
à súplica do olhar.

Pele…
Tela de paixões inquietas,
magia serena em noites calmas
ou feiticeira  dos dias que nascem sem porquê.

Pele, poema
Pele, canção
Pele, sinfonia de Outono em pleno Verão.

Pele em espera.
Pele em escuta.
Pele sedenta da agua das tuas mãos.
Pequena gota de orvalho,
alimento da flor da madrugada.


©Graça Costa

                                                               Victor Bauer 1969 

FIM DE TARDE

Fim de tarde.
Sensação estranha de perda
como se do dia
restasse apenas o lento arrastar das horas.

Nem uma chama,
nem um sorriso,
nem uma nuvem em forma de pássaro a convidar ao sonho.

Fim de tarde inóspito,
avarento
preguiçoso
sem cor,
sem vida,
sem chama.

Procuro nos recantos da memória
a causa de dias assim.

Será tristeza?
Saudade?
Nostalgia da tua ausência?

Apressa-te fim de tarde...
abraça o sol que te foge e corre para lá do horizonte.

Deixa que do leste ou oeste distante
a noite venha com seus passos de dança lenta e insinuante.

Deixa-me fechar os olhos e adivinhar-te o chegar.
Deixa-me antecipar o calor da tua boca e o toque da tua pele.

Deixa-me agora ser triste
mas plantar o brilho no olhar.

A noite é já ali...
e tu estás a chegar.




©Graça Costa


                                                               Victor Bauer 1969

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

LISTEN CAREFULLY

Listen carefully...
not only the words I say,
but also the silent ones,
the ones I speak with my eyes
my hands,
my skin.

Listen carefully...
what my body asks from thee,
if your touch
or the fusion of souls,
if a caress
a kiss
or simply a hug.

Listen carefully...
but if the doubts assault you,
don't you worry my love.

Just look deep in my eyes
and you'll know what to do.


©Graça Costa


SENTE-ME

Percorre-me as ruas do corpo como se fosse a tua cidade.
Descobre os pormenores do lamento.
Embarca neste pouco de céu 
que o meu corpo te oferece.

Sente-me…
Envolve-te no calor da pele,
nos gemidos que  noite cala
mas a maresia consente,
e ousa sorrir ao desconhecido que te chama.

Ouve-me por entre o silêncio e o grito.
Aprende comigo o sentir sem palavras
e juntos, inventemos uma outra linguagem,
serena e fluída como o brilho do olhar
após o amor partilhado,
na mudança da maré.



©Graça Costa










AMANHECER

No amanhecer que desponta
sou pássaro livre
sou fonte,
sorriso aberto
espuma do vento.

Sou tudo isso
e o que mais queiras.

Por ti acordo
contigo me deito
desejo na pele
ternura no olhar.

No amanhecer que desponta
navego serena como brisa do mar
e na fluidez dos sentidos
deixo-me enamorar pela maresia na pele
tal qual os teus dedos
no deleite dos fins de tarde
rumo ao anoitecer
que por ora
apenas é sonho.

A pele ferve num grito surdo.
Antecipação do prazer
numa manhã de primavera


©Graça Costa


                                                                    Erika Ito

ANTES QUE SEJA TARDE

Antes que seja tarde,
quero viver.
Antes que seja tarde,
quero acabar a noite saboreando o amanhecer.

Antes que seja tarde,
quero sentir
quero sentir-te ... muito
e escrever nos horizontes da memória
a felicidade de te ter.

Antes que seja tarde,
quero ser tudo aquilo que não fui
por  medo,
cobardia,
insegurança,
preguiça.

Antes que seja tarde
quero a fusão da pele,
o brilho dos sentidos,
as palavras pensadas
mas nunca ditas,
o medo da perda,
e o sabor da conquista,
a adrenalina da luta,
a insensatez da procura,
a loucura do momento
o que fica depois de te ter.

Antes que seja tarde,
quero soltar as amarras,
olhar o horizonte
com alma de navegante
errante e inquieto,
galopar a brisa
partilhar com o vento
o desafio das marés
e partir.

Antes que seja tarde
quero viver...


©Graça Costa




quarta-feira, 12 de agosto de 2015

QUANDO

Quando no teu corpo me dissolvo
encontro sabores inesperados.
Menta, canela
pimenta, chocolate,
hortenses e rosas carmim.

Neles viajo
vagabunda de mim
imersa no êxtase que a tua pele me estende.

Não sei se fuja ou se arrisque ficar.
Talvez ouse desafiar os limites desse corpo que conheço e desconheço,
que me chama e me recusa.

Quando no teu corpo me dissolvo
o corpo deixa de ser corpo.
Apenas a magia do sentir
toma conta do momento,
que de tanto ser Luz
se torna lamento,
tortura,
maré de sentidos
fundidos no tempo.

©Graça Costa

                                                                   Maria Morales

DEIXA

Deixa
que a noite invada o horizonte das memórias
e os dias sejam de eternos recomeços
ainda que errantes e incertos.

Deixa
que os teus passos
sigam as minhas pegadas
e que a paixão seja a melodia
dos caminhos por inventar.

Deixa
que o meu corpo seja tela virgem
para o arrojo dos sentidos
e que consigas ler nos meus olhos
as cartas que te escrevo sem palavras.

Deixa-me correr ao teu encontro
com a certeza que de sabes,
exactamente como tocar-me o corpo
e a alma sentir-se beijada.
com a certeza de que basta um olhar
para te sentir dentro de mim,
meu pintor  de corpos e telas,
de paixões incertas
e momentos eternos,
gravados em segundos.


©Graça Costa



                                                                           Zest

O MEU AMOR

O meu amor,
tem mãos de silêncio rompendo a aurora.
Traz na pele a brisa do vento
e no olhar a promessa de dias calmos.

O meu amor,
traz a saudade na ponta dos dedos
e a ternura nos lábios de dor.
a mim se oferece como em oração,
despojado de tudo,
fruta madura por colher.

O meu amor,
traz colado na pele
o grito da paixão contida
e no peito o desespero da partilha.

O meu amor,
dorme no meu peito.
Bebo-lhe o semblante
e parto com ele com asas no pés,
em busca de outras paisagens
em que mesmo nua,
me sinta vestida
de paixão e de esperança.


©Graça Costa

                                                                   Tecio Rowska.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

EM DIRECÇÃO AO TEU ABRAÇO

Doces, os sulcos marcados na pele trigueira;
Rugas de esperança,
plantadas pelos caminhos da dor
cansaço e maresia.

Lá longe,
no horizonte da memória
o brilho ténue de um sorriso travesso
agarrado ao  verde cristalino de um olhar perdido em sonhos de criança.

Nesse rosto quase esquecido
revisito o caminho que me levou a ti.

Na beleza sinuosa dessas rugas
volto a percorrer os sons da descoberta,
os cheiros a salva e maresia guardados no peito,
quais tesouros silvestres.

Semicerro os olhos
e deixo-me envolver pelos aromas da vida.

Depois,na placidez da tarde
enrosco-me no por do sol;
acaricio o rosto com pétalas de luz
e no aconchego do sonho,
deixo-me ir…
em direcção ao teu abraço.


©Graça Costa


FLUTUO

Flutuo...
no teu sorriso,
no teu corpo,
na tua pele.

Flutuo na fusão de aromas secretos
que na serenidade da noite
se desdobram em melodias de ternura e paixão.

Nos teus olhos me dissolvo,
ao teu corpo me entrego,
liberta e nua,
prisioneira dos sentidos
que me impelem para ti.

Flutuo,
nas noite e dias
em que na urgência de ti,
desenho no tempo
a divina tortura da entrega.

Apenas corpo,
apenas pele,
apenas nós...

©Graça Costa

                                                                Anna Dittmann

DREAMING...OR MAYBE NOT

 Slept peacefully
and the wind blew me your name.

At once, the skin came alive.
the look became bright and colorful
and the harbinger of the coming
filled the room.

Slept peacefully
and I did not want to break the magic of waiting.

Closed my eyes ...
filled the time of smells and sounds...
of your laughter
of your perfume.

I hung in the senses the urgency of desire,
on the lips, the hunger,
in the look, the desire
and I waited...
because waiting is tender and sweet
when I'm waiting for you.


©Graça Costa


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

NÃO SEI

Não se sou eu
ou qualquer outro ser em mim,
que te sussurra com a voz do vento,
te aquece a pele com a luz do sol
ou te ilumina com a magia da lua.

Não sei se sou eu
ou qualquer outro ser em mim,
que te ama ao ritmo do bater do coração,
te cobre de prazer
com a leveza do toque da pele,
ao ritmo dos lábios
e da intensidade do olhar.

Não sei se sou eu
ou qualquer outro ser em mim,
que se transforma em luz
cada vez que os nosso olhos se cruzam,
que se dissolve em ti
cada vez que os nossos corpos se fundem
num amanhã sem principio nem fim,
mas pleno de vida...
tão cheio de nós.

Não sei...
mas sei que quero.

©Graça Costa


                                                                Ewelina Ladzinska

domingo, 9 de agosto de 2015

O BEIJO


Gosto do beijo que não dei...
do beijo imaginado,
desenhado nos contornos da mente.
Sinto-lhe o cheiro e o sabor,
a textura, o calor.

Insinuante o beijo que não dei.

Mágico,
como tudo o que é sonho
ainda por nascer.


©Graça Costa

                                                                  Andrei Protsouk

OUTRAS PALAVRAS


Trago caladas no peito
palavras que não conheço,
afectos sem nome
como amoras maduras prontas a colher.

Nesta imensidão de mim,
escondidas nos cantos recônditos da alma,
tenho guardadas, como tesouros,
estas palavras ainda por inventar.

Fujo para aquele mar que só eu vejo.

Hipnótico e sedutor conduz-me a ti
e neste bailado de ondas e marés
em que docemente descobres o meu corpo,
nascem-me claras e cristalinas
estas palavras em forma de sorriso.

Soltam-se da garganta numa língua que desconheço,
com a transparência de diamantes ao luar
e a delicadeza de abraços infantis.

Dancemos então…
embebidos no néctar deste tango
agora inventado,
e deixemos que o amor aconteça…

Hoje,
amanhã´
outro dia,
aqui…
ou em qualquer anel,
de um qualquer Saturno distante.


©Graça Costa



sexta-feira, 7 de agosto de 2015

MURMÚRIOS DA PELE

 Escuta.
Mergulha no silêncio e escuta o teu corpo que te fala.

Ouve o clamor da tua pele,
a toada triste das suas cicatrizes
quando lhes afagas o contorno da dor.

Ousa e ouve também a sua fome, os seus desejos,
a alquimia dos sentidos que a pele reclama.

Embrenha-te no silêncio da noite
e ouve como ela, ora chora, ora  canta
ora implora, ora dá,
entoando melodias ainda por inventar.

Sem pressas, observa cada curva, cada poro, cada marca.
Sente a dança dos sentidos
e deixa-a ser pele de outra pele

Ouve,
deixa-me ser dona do teu sentir,
fundir-me na tua pele,
murmurar-te desejos de equinócios distantes,
enlouquecer de ternura,
explodir de prazer no teu ouvido.

Deixa-me explorar o limite do sentir
devagar,
serenamente,
como quem declama um poema soletrado a meia voz.

Murmúrios da pele,
sede….
desafio,
banquete de almas unidas
pela bebedeira de sentidos inquietos.


©Graça Costa


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

VEM

Sede,
fonte,
rio,
ponte,
mar,
tormenta,
fúria,
lamento.

O que sou,
nos dias em que o mar dos olhos 
me desaba no peito?

O que me diz este olhar de mão estendida?
O que me diz o coração apertado e a pele em chamas?

Vem..
preciso de colo.

Enlaça-te em mim,
sacia-me a sede,
alimenta-me o Ser

e fica...
meu farol,
minha alma, meu guia,
meu chão.

©Graça Costa


                                                              Hesther Van Doornum



CORPO EM ESPERA


Trago na pele
pinceladas de Agosto
tatuadas pelos teus beijos .

Na boca,
o sabor a Maio
e paisagens de Outono a brotar-me dos olhos.

Moldados pela brisa
passeiam-me pelo rosto
sorrisos rasgado de memórias.

Dos sonhos com travo a canela,
guardo a textura dos dias enleada nos teus braços,
quando o futuro era uma tela em branco
e a vida,
um diálogo sem palavras de corpos cansados.

Trago na pele
pinceladas de Agosto
e a saudade dos dias à espera de ser vividos
quando o vento  me soprar o teu nome
e a pele vibrar num arrepio de alma.

Corpo em espera ,
tela virgem,
antecipação de prazer,
maré viva,
furação,
feita melodia de verão.


©Graça Costa


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

NO SILÊNCIO

Existe no silêncio
uma serenata de nuvens mansas
uma alma secreta de murmúrios vestida
uma doçura tamanha,
que só de o prever
já me embalo no seu sentir.

Só quem conversa com o silêncio
tem alma para sentir o poema
que antes de o ser já dança na retina
já penetra a pele com a intensidade de um beijo
e desperta a fome do amor vivido em firmamentos distantes.

Oxalá a noite me doure os sentidos,
me crave na pele a vontade de me dar
e que o canto da minha voz,
não seja voz,
mas pele…
sedenta de outra pele.


©Graça Costa

                                                             Mark Demsteader 

ACROSS THE MIST

From across the mist
I drink your profile,
serene and mild as autumn breeze,
warm and soft as sleepy sun,
careless,
mischievous,
escaping on the horizon.

From across the mist
I drink your profile
and in my drunkenness of you
I dream...



©Graça Costa

                                                                      Cesar Biojo

FLUTUANDO

Flutuo na melancolia dos dias incertos,
no misterioso encanto da procura
e descanso no teu colo
quando a fadiga me invade o corpo e o olhar.

Flutuo na melancolia dos dias incertos.
Procuro no outono da vida
a serenidade do trigo ondulando na brisa.
Liberto-me e sorrio de peito aberto
à doçura da brisa beijando o mar ao amanhecer.

De novo procuro a aurora boreal dos sentidos.

Visto-me de luz e mel,
soletro melodias de tempos distantes ,
derreto-me no teu corpo
e renasço em cada entardecer.


© Graça Costa




MEU FAROL

Tem dias em que o vento me sopra na pele o calor da tua voz.
Entoa cânticos serenos,
como sereno o teu toque
liberto de mágoas e dores,
quase magia,
brisa sem chão.

Nesses dias quero que venhas
e me tornes  prisioneira dos teus lábios.

Vem e envolve-me na noite que desperta,
sê meu farol,
meu guia
de caminhos incertos
escondidos na maresia.

Vem, que o frio aperta
e a fome tem o teu nome
escrito na coberta.


©Graça Costa

                                                        Nelina Trubach-Moshnikova

terça-feira, 4 de agosto de 2015

DANÇA LENTA

Apetece-me dançar.
Uma dança lenta como o amor em dias de paz.
Uma dança terna como violetas ondulando na maré verde da planície.
Uma dança suave como beijo que emerge das profundezas do ser.
Uma dança quente como o olhar cúmplice dos amantes.

Apetece-me ser tua.
Entregar-me à voragem da fome que queima por dentro,
que humedece os lábios, seca a garganta e incendeia o olhar.

Apetece-me viver,
com a intensidade de quem sabe que o amanhã pode não chegar,
mas com a calma de quem saboreia cada olhar, cada toque, cada beijo
como se de obras de arte se tratassem.

Apetece-me dançar.
Soltar as rédeas da imaginação,
libertar as amarras do sentir
olhar a nudez e sorrir.

Descobri que só nua de mim
me encontro verdadeiramente comigo e me descubro.
Talvez insegura,
talvez amedrontada
talvez ousada,
talvez inquieta, curiosa,
ou até mesmo vaidosa,
mas seguramente mais inteira.

Visceralmente… Eu.

Apetece-me dançar.
E vou…


©Graça Costa


A NASCER-ME NA PELE

Sinto a poesia a nascer-me na pele,
a iluminar-me o olhar ,
a queimar-me o sentir.

Sinto o poema
desflorando a madrugada rumo aos meus dedos,
com a alma
o suor
e o sangue
de um alfabeto por inventar.

Emoções e afectos,
palavras, ora quentes e serenas
ora lamentos , gemidos
quase prece,
quase dor
envolvem-me os dedos e o olhar.

Sinto a poesia a crescer-me na pele.
Toco-a ao de leve
e torno-a minha.
Salpico-a com o meu perfume de amante inquieta
e de alma aberta,
partimos ambas ao encontro dos dias,
por ora, apenas sonhados.

©Graça Costa


                                                                 Rachelle Panagarry.