terça-feira, 20 de dezembro de 2016

SAUDADE


Imersa em silêncio e sombra espero por ti.
Sentada nas memórias da dor, tento sufocar a tua ausência,
espero que recordes o meu perfume
e que ele te conduza até mim na escuridão da noite.

Imersa no silêncio rogo que me encontres.
que ainda te lembres do caminho,
que o teu corpo se abandone ao torpor dos passos
e o instinto da fome te conduza  à lembrança
dos dias em que vinhas de sorriso aberto
e sede nos olhos.

Saudades…
do calor do teu abraço,
dos beijos entrecortados de lágrimas e gemidos,
dos dias noites e das noites dia
das horas que passavam em segundos
e dos segundos que pareciam a eternidade.

Imersa no silêncio da noite, espero.
Espero, mas não desespero,
porque sei que um dia virás
e se hoje o destino não te trouxer de volta a mim,
tenho tudo o que vivi,
e o que vivi foi tanto !!!


©Graça Costa
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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

SE ESTES DEDOS TIVESSEM VOZ

Se estes dedos tivessem voz
seria de vento e de mar,
seria de brisa e de trautear o teu corpo,
com gemidos de mel
 e ternura de flores sem tempo nem estação.

Se estes dedos tivessem voz
suplicariam por violinos, harpas,
e lençóis de cetim orvalhados pelo teu perfume.
Suplicariam por pinceis e aguarelas para te pintar o perfil
e nele gravar o sentir do amanhecer nos teus braços.

Se estes dedos tivessem voz
gritariam pela tua presença dentro de mim,
pelo teu olhar preso no meu,
navegante eterno de paraísos inventados
e rotas por descobrir.

Se estes dedos tivessem voz
o amanhã estaria escrito.

O entardecer teria a melodia de uma sinfonia tocada a quatro mãos
e a noite traria consigo a magia dos rios
plena de afectos e desafios,
aberta para nos receber.

Caminhemos então…
e ouçamos,
que os dedos falam a língua dos amantes .


© Graça Costa
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

OS RIOS DO MEU CORPO

No meu corpo correm rios de afetos partilhados
e outros ainda por desbravar.

Nas suas margens, nenúfares e chorões
abraços e canções,
melodias de outono sereno
estendendo os braços ao por do sol
refletido na placidez das águas.

Nelas, correm também rios de dor
na sua lenta caminhada até ao afluente do rosto.

Aí …desaguam,
transbordam,
rebentam comportas que ninguém vê e só tu sentes,
ecoando no silêncio surdo e melancólico do olhar.

Alguns tornam-se riachos e acabam por secar.
Outros agigantam-se e levam-te na torrente.

Nesses dias o corpo deixa de ser corpo
e passa a ser maré viva,
vento norte
tempestade,
luta,
desespero,
naufrágio.

Assim é a vida
e os corpos que nela vivem.
Nuns dias sol,
noutros trovoada.

Por vezes amor, ternura, paixão.
Outras vezes,
vazio,
quase nada,
ilusão.

Meu corpo,
meu rio…
serpenteando nas veredas do sentir
até ao mar dos teus olhos


©Graça Costa
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WAITING

The sea breeze whispered me your name.
I blushed like a vestal untouched.

Remembered your last words
a long time ago :
I’ll be back , you said
I’ll be back to your embrace
and I’ll fill your body with the scent of my windy lips.

Since then
the wind has been my silent lover
my friend
the witness of this unfulfilled pain.

Still…
I keep waiting
and tonight  the sea breeze whispered me your name
and so I wait …
the waiting is bittersweet
as a strawberry in early spring.

Nevertheless …
I smile.
  

©Graça Costa
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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

AQUI


Aqui estou,
no que ficou depois de ti,
enroscada no lamento da esperança
que morreu antes de ser mar.

Aqui estou,
com a sede à flor da pele
e a fome escondida na razão que já não é.

História por escrever mas já sonhada,
por viver mas já sentida,
aguarelada na aurora desflorando a madrugada.

Aqui estou,
nesta travessia de mim,
em busca do nós que já fomos
e do amanhã que inventamos
em cada amanhecer.

Aqui estou,
pedaço de mim em espera,
suspensa,
antecipando a magia do toque
da tua
na minha pele.


©Graça Costa 

SINTO


Sinto a poesia a nascer-me na pele,
a iluminar-me o olhar ,
a queimar-me o sentir.

Sinto o poema
desflorando a madrugada rumo aos meus dedos,
com a alma
o suor
e o sangue
de um alfabeto por inventar.

Emoções e afectos,
palavras, ora quentes e serenas
ora lamentos , gemidos
quase prece,
quase dor
envolvem-me os dedos e o olhar.

Sinto a poesia a crescer-me na pele.
Toco-a ao de leve
e torno-a minha.
Salpico-a com o meu perfume de amante inquieta
e de alma aberta,
partimos ambas ao encontro dos dias,
por ora, apenas sonhados.


©Graça Costa


sábado, 10 de dezembro de 2016

NA MINHA PELE

Bebe-me o néctar da vida
e perde-te na minha pele.

Deixa que o desejo seja chão
da paixão o do enredo
de uma peça em dois actos
de começos e recomeços.

Perde-te em mim
para que eu sinta que sou o teu mel,
ou a tinta
com que pintas no meu corpo
 as palavras de um poema por inventar.

Que ele nasça
em forma de dança lenta
de corpos,
dedos
e olhares perdidos na escuridão.

Que venha com a maré dos sentidos
e se torne sonho,
prenúncio de abandono
da tua
na minha pele.


©Graça Costa
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DÁDIVA

Bom quando o sorriso se solta dos lábios
e voa directo aos teus olhos.
Bom quando o beijo ganha asas
e mesmo ao de leve
consegue arrancar-te, arrepio d’alma.
Bom quando do toque da pele nasce o rendilhado da paixão,
da brisa,
a canção,
do raio de sol
a fusão dos corpos
quentes e suados como monções.
Bela a troca de olhares
que todas as línguas entendem.
Belas as palavras sussurradas ao luar,
cúmplices de noites eternas,
penetrando a aurora.
Contigo,
a suave textura do amanhecer
tem brilho de diamante
e odor de vida acabada de florir.
Contigo sou mar e chama
harmonia,
temperança,
flor do campo
luz de luar.
Contigo,
contemplo os dias
em que a saudade descansa
e visto-me de maresia
apenas para te ver sorrir.
©Graça Costa
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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

DIZ-ME


Diz-me como suportar
a ausência do que não tive, mas já senti ?

Como calar a dor trilhada na pele
qual pauta inacabada
de mais um pôr de sol sem ti ?

Diz-me que o ontem foi miragem
e o amanhã será coragem.

Diz-me que o medo não tem cor
e que a sorte não tem pressa.

Diz-me que virás
que eu espero
na curva do fim da tarde,
ou na orla do amanhecer
onde te faça sentido,
onde me queiras,
eu espero.

Diz-me …
E eu deixarei as palavras
desfazerem-se num suave arquejo,
num soluçar ligeiro
como onda beijando a areia,
e ali ficarei
até que a mudança da maré
traga os teus dedos...
até à minha pele.


©Graça Costa

                                                                       Walter Girotto


CAVALGANDO O DIA

Hoje o dia acordou com o sol na voz,
o esplendor dos aromas outonais
e a ousadia das promessas por cumprir.
Serviu-me gomos de magia
envoltos em doce de aroma
e despertou-me a fome
de ter a tua pele
na minha pele.
Cavalguei o dia e voei com ele
sacudindo o medo de ser abatida em pleno voo
e a amargura das horas que passo sem ti.
Não sei o que fazer a esta urgência de amar
a este doce recordar
sem nome nem idade
mas a que chamo saudade.
A tarde vai caindo
terna e sonolenta como um abraço.
Observo-a com o brilho nos olhos
para iluminar a noite
e o caminho
que te traga até mim.
Temos promessas por cumprir…

© Graça Costa
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MY BODY

My body,
white page in your hands,
kiss to uncertain lips,
sometimes gentle,
sometimes urgent.

My body,
of a sweet texture,
cotton,
linen,
satin,
challenge I offer you,
fully,
for you to lose
and find yourself.

My body,
yours,
for you to enjoy,
to flavour,
to feed you,
and feed me.

Indulge my hunger of needing you,
and bind on my skin,
the urgency of new beginnings

© Graça Costa
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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

ROTA DO SONHO

Percorre-me o corpo como se fosse mar
e toca-me a alma como se fosses brisa.

Desperta-me os sentidos e torna-me tua.
Bebe-me.
Saboreia-me.

Entranha-me na tua pele
e nessa mescla do tudo e do nada
de excessos e devaneios,
façamos da noite uma melodia de afectos
lânguida e suave como o amor que termina e recomeça,
como maré
sem cessar.

E quando o cansaço for maior que o desejo
saibamos morrer…
entrelaçados,
exaustos pelo prazer vivido e pelo que há-de vir
quando o brilho do olhar
voltar a incendiar-nos a pele.

©Graça Costa
imagem da web



PRECISO DE TEMPO

Preciso de tempo para te construir dentro de mim.
Preciso de tempo para colorir a esperança.
De ti,
recebi as tintas
com as cores da paixão
e as tonalidades do amor sem tempo,
recebi os pincéis,
dedos em forma de amor
trazendo luz e calor
à escuridão dos dias incertos.
Agora...
agora preciso de tempo.
Tenho este corpo tela
suplicante de vida,
gemendo a dor e maresia da tua ausência.
Tenho também as memórias das carícias prenhes de cor e fantasia.
Apenas preciso de tempo
para te construir dentro de mim,
e depois deixar fluir o amor
de um encontro improvável que se tornou certeza,
ternura,
porto seguro,
paixão
eternamente inacabada
pelas nossas mãos.
©Graça Costa
foto : Eu



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

ESCUTA


Escuta.
Mergulha no silêncio e escuta o corpo que te fala.

Ouve o clamor da pele,
e a toada triste das suas cicatrizes
quando lhes afagas o contorno da dor.

Ousa e ouve também a sua fome,
os seus desejos,
e a alquimia dos sentidos que a pele reclama.

Embrenha-te no silêncio da noite
e ouve como ela,
ora chora, ora canta
ora implora, ora dá,
no embalo de melodias por inventar.

Sem pressas,
observa cada curva,
cada poro,
cada marca.

Sente a dança dos sentidos
e deixa-te ser pele de outra pele.

Ouve e ousa
ser dona do seu sentir,
fundir-te na sua pele,
murmurar-lhe desejos de equinócios distantes,
enlouquecer de ternura,
explodir de prazer no seu ouvido.

Deixa-me explorar o limite do sentir
devagar,
serenamente,
como quem declama um poema soletrado a meia voz.

Murmúrios da pele,
sede….
desafio,
banquete de almas unidas
pela bebedeira de sentidos inquietos.

©Graça Costa
imagem : Loui Jover


O QUASE

Incomoda-me o Quase,
a sua inconsistência,
a sua fraqueza, a forma inquieta como se esconde,
o que podia ter sido e não foi.

Incomoda-me o Quase.
Quase fui.
Quase fiz.
Quase consegui.
Quase amei.

Que quase é este que nos tolhe o sentir,
e me rouba a plenitude do Querer.

Incomoda-me o Quase
e por quase me sufocar
descarto-o do meu sentir.

Quero a plenitude do todo,
o excesso da entrega,
a loucura do desejo,
a quase morte do êxtase.

Quero, não ter medo de sentir
não ter medo de ousar
ter alma e corpo e pele
para ser e para dar.

Incomoda-me o Quase...
Quase, não é suficiente .


©Graça Costa




quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A PALAVRA E EU

A palavra habita em mim como a pele.
Comigo respira,
comigo fala,
comigo se alimenta,
comigo ama.

A palavra habita em mim,
e com a sua nudez me visto
para que despojada de mim, me encontre.

Também, com ela cresço
com ela amo
com ela me dou
através do sentir sem reservas
ou do deleite sussurrado ao amanhecer que desponta.

A palavra habita em mim
e na sua melodia
me envolvo,
me enrosco
me perco.

Nela te encontro também
e na torrente das emoções
nelas mergulho,
contigo,
para juntos,
inventarmos um novo alfabeto.

©Graça Costa


REENCONTRO

Hoje lancei as mágoas
ao vento que passava por perto.

Fechei a porta
e mergulhei no silêncio em busca de mim
sabendo que me encontraria
nos pedaços de ti guardados no peito.

Bebi o aroma da tua pele,
lavei a alma com memorias do teu olhar,
saciei-me no teu corpo imaginado
e deixei que a serenidade dos afectos
me envolvesse a pele em chama lenta
como lentos os teus beijos,
quais arrepios de morte com sorriso nos lábios.

Hoje lancei as mágoas
ao vento que passava por perto.

Vesti-me de brisa,
e no encantamento da noite deixei-me voar
em direcção ao teu abraço.


©Graça Costa
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terça-feira, 29 de novembro de 2016

DISCOVERY


OUTONO

Entrou no outono da vida
com os receios de uma criança,
que acaba de descobrir o fascínio de andar.
Eram tantas as mudanças que via
tantas as outras que antevia
tantos os medos,
tantos os Ses
tantas as descobertas,
que aprendeu a desejar conhecer aquele novo Eu.
Era o corpo que se arredondava
e reclamava, insurrecto, espaço e visibilidade.
Era o desejo,
que meticuloso se adensava em mistérios e exigências,
mandão,
soberano.
Era a volúpia dos sentidos,
nos gestos e na gratidão
mas também no pragmatismo de uma nova missão.
Mas era sobretudo aquela bebedeira de ternura
que lhe escorria pelos dedos,
como mel em fio sobre torradas,
ante o espanto no olhar que a fitava.
Aprendeu a gostar daquela languidez,
tranquila e sedutora como um gato ao sol,
e como isso lhe alimentava o sorriso
e a esperança.
Um dia,
deu consigo a pensar
que talvez,
apenas talvez....
o outono da vida,
pudesse afinal ser primavera.
©Graça Costa


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

BRISA

Hoje vesti-me de vento, penas e luz.

Parti com a alma em chamas
e coração estrangulado.

Chamei a serenidade que carrego nos olhos
e construí um lago
de danças etéreas e flamingos eternos
flutuando no horizonte.

Hoje, vesti-me de vento.

Depois, acalmei
e tornei-me apenas…
brisa.


©Graça Costa
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OLHARES

 Existem olhares hipnóticos,
com uma serenidade tão fluída
que parece envolver-nos o corpo e os sentidos.

Quando os encontro
consigo sentir a leveza das searas
envoltas na brisa das marés
e consigo sentir o pulsar da vida
através da beleza desses olhares.

Nesses dias
a plenitude do Ser  esmaga-me
mas não sinto dor.


©Graça Costa


sábado, 26 de novembro de 2016

DEVANEIO

Percorre-me o corpo como se fosse mar
e toca-me a alma como se fosses brisa.
Desperta-me os sentidos e torna-me tua.
Bebe-me.
Saboreia-me.
Entranha-me na tua pele
e nessa mescla do tudo e do nada
de excessos e devaneios,
façamos da noite uma melodia de afectos
lânguida e suave como o amor que termina e recomeça,
qual maré,
sem cessar.
E quando o cansaço for maior que o desejo
saibamos morrer…
entrelaçados,
exaustos pelo prazer vivido
e pelo que há-de vir
quando o brilho do olhar
voltar a incendiar-nos a pele.

Graça Costa 
tela : Victor Bauer 1969


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

EM BUSCA DE TI

Mergulhei na noite em busca de ti
do teu olhar meigo
da tua pele serena e doce
da tua paixão intensa com sabor a mel e a maresia.

Mergulhei na noite em busca de ti.
Nela encontrei o mar dos teus afectos
e nela me tornei onda para desaguar na tua praia.

E o mar sussurrou o teu nome,
a noite fez-se manto
e  a lua fez-se caminho para os meus passos incertos
sedentos de um amor suculento e maduro
pronto para me acolher.

Mergulhei na noite em busca de ti.

Depois senti o teu toque na minha pele,
sorri e deixei-me guiar pela maresia dos sonhos
onde a magia acontece
e a paixão ganha luz
através das tuas mãos .


©Graça Costa
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A GUERREIRA

Tinha a alma fustigada
pelas lembranças de uma paixão sem memórias.
Naquele imaginário insólito
jamais se apercebera do imenso manto de solidão
em que envolvera a sua vida.
Dia a dia, ia trocando as máscaras
com que enfrentava os olhares se se cruzavam com os seus,
vivendo sem viver,
qual espectro de luz de vela
sujeito à emotividade da brisa.
Tinha a alma fustigada por lembranças em marca d’agua,
e sofria…
Precisava sentir a chuva nos cabelos,
o sol no rosto,
reinventar-se
e como página em branco,
recomeçar.
Um dia ousou viver e tirou a tirou a máscara.
Guardou-a no armário,
e com a displicência de guerreira em véspera de batalha
acendeu um fósforo,
virou a costas,
sorriu
e ficou a ouvir o crepitar das chamas.

©Graça Costa
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TALVEZ


Talvez chame saudade,
à lágrima teimosa espreitando no canto do olho.

Talvez chame tristeza,
àquele olhar perdido nos confins da memoria.

Talvez chame ternura,
à suavidade do toque da pele
ou à doçura de um beijo.

Talvez chame magia,
à ternura com que embalo as palavras
só para vos fazer sorrir.

Talvez o sonho ganhe asas
e vos faça partir,
numa viagem sem rota
rumo a um qualquer amanhecer.

Talvez estas palavras ganhem vida
só porque sim…
porque tem que ser.


© Graça Costa
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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

PROCURO

Procuro no tempo,
o tempo em que o teu olhar
era a ampulheta dos sonhos
que sonhámos juntos.

Procuro no tempo,
o tempo em que do toque da pele
nascia a magia do entardecer
e no beijo trocado,
ternura aos pedaços
guardada na memória de dias errantes.

Procuro no tempo ,
o tempo em que na escuridão da noite
segui os teus passos
e na melodia do bater do coração te encontrei.

Procuro-te no tempo que foi
e no que há-de vir,
porque sem ti na minha pele
não existe amanhecer.



©Graça Costa


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

HAVE YOU EVER


Have you ever thought
how love can fill your cells
with the warm light of tenderness
how it makes your heart and soul talk different languages
as if eternity had made its home inside you.

Have you ever thought
that passion without love
are ashes of unborn fire
and soul mates are divine miracles
borne without asking
with rainbows sparkling in their eyes.
 
Have you ever thought
that we were meant to be
long before we knew it
and that we have the magic chance
to show t that love is really the key
to new and shiny dreams
able to change the world.

 ©Graça Costa
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VERTIGEM


Vertigem...

Alquimia de afectos.
Sentidos incandescentes,
profusão estonteante de aromas e sabores.


Depois o silêncio,
o deleite do saboreio nos teus olhos almiscarados
em busca dos meus.

E novamente o toque da pele.
E novamente a magia,
e o mistério da descoberta de ti.

Vertigem...
sede,
magia,
paixão.

Imensidão de eternidade.
Ternura serena na fusão dos corpos,
em chama lenta.

©Graça Costa
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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

DIZ-ME

Diz-me como suportar
a ausência do que não tive, mas já senti ?

Como calar a dor trilhada na pele
qual pauta inacabada
de mais um pôr de sol sem ti ?

Diz-me que o ontem foi miragem
e o amanhã será coragem.

Diz-me que o medo não tem cor
e que a sorte não tem pressa.

Diz-me que virás
que eu espero
na curva do fim da tarde,
ou na orla do amanhecer
onde te faça sentido,

onde me queiras,
eu espero.

Diz-me …
E eu deixarei as palavras
desfazerem-se num suave arquejo,
num soluçar ligeiro
como onda beijando a areia,
e ali ficarei
até que a mudança da maré
traga os teus dedos à minha pele.

©Graça Costa
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sábado, 19 de novembro de 2016

AQUELE BEIJO

Aquele beijo
tinha o sabor encantado das palavras não ditas,
tinha a doçura da fruta madura
e a ternura de um por de sol prateado à beira mar.

Aquele beijo
tinha o querer e o não querer,
o vazio e a plenitude,
a intensidade do nascimento
e o poder da paixão a fermentar.

Aquele beijo
tinha o aroma de chocolate quente
e a beleza de uma buganvília
lambendo uma parede alva
como neve em pleno verão.

Aquele beijo
foi principio e fim
de qualquer coisa por inventar
que espera na beira da noite
luz para caminhar.

©Graça Costa
imagem retirada da web


POESIA

Sinto a poesia a nascer-me na pele,
a iluminar-me o olhar ,
a queimar-me o sentir.

Sinto o poema
desflorando a madrugada rumo aos meus dedos,
com a alma
o suor
e a paixão
de um alfabeto por inventar.

Emoções e afectos,
palavras,
ora quentes e serenas
ora lamentos, gemidos,
quase prece,
quase dor
envolvem-me os dedos e o olhar.

Sinto a poesia a crescer-me na pele.

Toco-a ao de leve
e torno-a minha.

Salpico-a com perfume de amante inquieta
e com a alma aberta,
parto ao encontro dos dias,
por ora apenas sonhados
mas já tão sentidos...

©Graça Costa
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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

MEU CORPO

Meu corpo,
página em branco para tuas mãos,
beijo para lábios inqueitos,
ora meigos,
ora urgentes.

Meu corpo,
tela de textura leve,
ora algodão,
ora linho,
ora cetim,
desafio que te ofereço por inteiro
para que nele te percas e te encontres.

Meu corpo,
teu…
para que desfrutes,
saboreies,
te alimentes,
me alimentes,
me sacies a fome de te querer
e me coles na pele,
a urgência de te ter.


©Graça Costa
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AQUI


Aqui estou
no desejo do que sou,
no que ficou depois de ti,
no lamento da esperança que morreu
antes de ser mar.

Aqui estou
com a sede à flor da pele
e a fome escondida na razão que já não é;
na história por escrever mas já sonhada,
por viver mas já sentida,
aguarelada na aurora 
que lenta vai desflorando a madrugada.

Aqui estou
nesta travessia de mim,
em busca do nós que já fomos
e do amanhã que inventamos
em cada toque,
em cada beijo
em cada entrega.

Aqui estou
esperando a eterna magia do toque,
da tua
na minha pele.


©Graça Costa 


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

DEPOIS


Trazia o outono nos cabelos
e um prado de erva fresca no olhar.

Caminhava como se trouxesse o luar nos pés,
iluminando o caminho
e semeando sorrisos.

O corpo nu,
convidava ao deleite de noites de verão
embaladas por brisa suave
e choro de guitarras.

Entreguei-me ao entardecer,
como se pudesse parar o tempo
e quase em súplica, sussurrei o teu nome ao vento.

Foi então que chegaste
e me cobriste o corpo de beijos
com a fome dos dias longos
e das noites por inventar.

Dei-me de novo
como da primeira vez,
sem medos nem lamentos,
toda alma,
todo corpo,
toda luz.

Depois veio a magia dos nossos corpos em chama,
o milagre da fusão
a exaustão.

Enrolei-me no teu corpo de mel
e deixei o sono levar-me
até ao mundo doce dos sonhos e das memórias.

Sereno o sono depois do amor...


©Graça Costa
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terça-feira, 15 de novembro de 2016

NÃO ESPERES

Não esperes pela madrugada para me amares.
Não esperes pelo amanhecer para me contemplares.
Não esperes pelo entardecer para me sorrires.

Não esperes, porque podem não chegar.
Não esperes porque não és dono do tempo
e o destino pode ter planos diferentes dos teus.

Não esperes...

Ama-me o mais que puderes
sempre que puderes,
onde puderes.

Sorri-me. como se não houvesse amanhã
e o sol morasse na minha pele.

Beija-me a pele com a ternura do amanhecer.

Toca-me com a magia das tempestades em alto mar,
fascinantes, furiosas, inconstantes, majestosas.

Mas nunca te esqueças.
Não esperes...
que o amanhã é incerto
e agora tens-me por perto
toda afecto
toda luz
toda tua.

Não esperes...

©Graça Costa



sábado, 12 de novembro de 2016

THE PEARL DRESS

The expectation of the waiting
made her tears turn pearls.

With them,
she made a dress
and while she waited
she invaded the room with a melody of sadness.

The expectation of the waiting
made her turn a pearly little ghost dancing across the room.

Suddenly she began to hear his steps on the horizon
and a wide open smile enlightened her face.

Across the mist she went,
leaving a pearl in every step of the way,
just to guide you
just to lead the way.

Breathtaking your arrival.

A single pearl was there
melting on her lips,
waiting for the touch of your kiss
and her body, naked as a tree in the winter
begged for your touch.

© Graça Costa
imagem . Pinterest