sexta-feira, 31 de julho de 2015

NA MINHA PELE

Ontem vesti-me de noite para me esconder da escuridão.
Hoje, apenas de pele para me perder na tua mão.

E quando a alvorada romper a noite
e a pele continuar pele
a tua mão será para ela cama,
como penas , alfazema e dossel.

Fica...
embala-me o sono
toca-me o rosto em tom de abandono
mas fica,
fica...
porque a pele chama
e o corpo reclama,
a tua pele na minha pele.


©Graça Costa

                                                                       Agnes Cecile 

HO...I LOVE


Love the complexity
and the detail of your fingers
touching my skin,
exploring my senses.
Love your lips spelling my name as a whisper,
almost a faint...

Love the complexity
and the detail
of our moments,
unique and senseless
subtle as dawn,
eternal as memories
and flavorful as sex freshly made.

Love all that...
but most of all
love the complexity and the detail
of knowing
that there's so much more
to live and to discover.


©Graça Costa

                                                     Nelina Trubach-Moshnikova

AGUARDO

Por entre a neblina bebo o teu perfil
sereno e brando como brisa de outono,
quente e suave como sol a caminho de adormecer.

Imagino a minha pele cantar sob o teu toque
e quase consigo sentir o sabor da tua boca.

Fogueira e fonte,
medronho e água mel,
arrepio e gargalhada.

Nas tuas mãos sou barro por moldar,
mosto aquecido,
vulcão adormecido,
desejo em convulsão.

Chamo-te só com o brilho do olhar.

O vento entende o meu sorriso
e leva-te o meu nome até aos confins do teus ser.

Aguardo…
e a espera é doce.



©Graça Costa

                                                                        Loui Jover

quinta-feira, 30 de julho de 2015

NO TEU OLHAR

Encontrei um perfume de poesia no teu olhar.

Sem saber como defini-lo
estendi-lhe o sorriso e bebi-o,
lentamente,
em silêncio,
como ritual sagrado.

Saboreei cada trago
com a dolência da paixão imprevista.

Deixei-me levar pelo arrepio da eternidade do momento.

Encontrei um perfume de poesia no teu olhar.

Vieste sem aviso mas com a força de uma maré viva
e eu recebi-te com a ternura de uma onda a beijar a areia.

Sem saber como te responder,
vesti-me de lua
coloquei nos cabelos pétalas de orvalho
e dei-me ao teu olhar em oferenda.

Depois anoiteceu…
e a noite é cúmplice de amantes inquietos.


©Graça Costa


ESPERANDO POR TI

 Vestida lua e de espanto esperei por ti.

De sentidos e emoções em riste,
esperei que o vento te trouxesse ate mim
e a maresia fosse o timbre do amor na tua voz.

Envolta em sonhos e sussurros imaginados,
senti o arrepio da pele,
o brilho do olhar,
o sorriso a insinuar-se no rosto
tão cheio de expetativas quanto de enganos.

No entanto…esperei,
presa naquele fragmento de paraíso só meu,
que só tu sentes,
só tu vês,
só tu consegues tornar teu
apenas com a forma como me olhas.

Por ti espero,
neste dossel de noites eternas
embriagado de afectos,
onde a alma ganha voz
como um fado  gemido em êxtase e lamento.

Instantes de magia,
servidos em taças de ternura ;
fusão de pele,
melodias de outono tocadas a quatro mãos.


©Graça Costa


                                                                     Wendy Ng

quarta-feira, 29 de julho de 2015

SE

Se eu pudesse ser mar,
inundaria o teu chão com a força das marés.

Se eu pudesse ser lua,
criaria um espelho de luz só para te iluminar o Ser

Se eu pudesse ser a chuva,
alimentaria a tua pele com a seiva mais pura
e a tua alma com lágrimas de fé e de esperança.

Se eu pudesse ser fogo,
cobriria o teu corpo com o calor eterno de ternura
e a magia serena da entrega.

Da fusão dos elementos renasceria,
qual fénix,
ou qual miragem de outonos silvestres
onde morte e nascimento se mesclam,
reinventando o Amor 
em cada amanhecer

© Graça Costa




PROCURO

Procuro no tempo,
o tempo em que o teu olhar
era a ampulheta dos sonhos
que sonhámos juntos.

Procuro no tempo,
o tempo em que do toque da pele
nascia a magia do entardecer
e no beijo trocado,
ternura aos pedaços
guardada na memória de dias errantes.

Procuro no tempo ,
o tempo em que na escuridão da noite
segui os teus passos
e na melodia do bater do coração te encontrei.

Procuro-te no tempo que foi
e no que há-de vir,
porque sem ti na minha pele
não existe amanhecer.

©Graça Costa


terça-feira, 28 de julho de 2015

FAÇAM SILÊNCIO

Façam silêncio...

Vejam o poema que nasce
naquela boca carnuda
como morango silvestre em pasto verde.

Vejam a forma como se move,
como insinua o beijo sem o dar,
como inflige dor sem tocar,
como aguça a fome sem falar.

Vejam como as palavras são excessivas,
perante uma gota de suor
descendo pelo peito,
para morrer subtilmente onde a vida começa.

Sintam a magia de uma alma consumida pelo fogo de paixão
libertando-se das amarras
para com ela escrever a melodia de um refrão.

Sintam…
mas façam silêncio
que a obra nasce sem ser pedida,
e o sabor das palavras
é apenas o tempero colorido do silêncio,
com que pintamos as telas da vida.


©Graça Costa


segunda-feira, 27 de julho de 2015

PROFÉTICO

Profético,
o sopro poderoso da fome
serpenteia-me o corpo envolto na bruma,
lacónico,
esfíngico,
quase prece
quase súplica.

Numa emergência de afectos por saciar,
procuro no teu olhar
a promessa da abundância
neste meu corpo feito terra lavrada.

Profético,
o Inverno de sementeiras
feitas pela tua mão.

Profética,
a linguagem universal do Amor,
quando arrancada das profundezas do ser.

Esteio do caos
perante o esplendor da vida
que começa a chegar ao amanhã.


© Graça Costa


NO MEU SONO


Dormia.
Um fio de luz atrevido insinuava-se
ondulando no meu seio nu,
qual flor de luz
pedindo água dos teus lábios.

Dormia
e sorria,
como se no meu sono perfeito
estivesse o sonho perfeito
de uma noite perfeita.

Não queiras acordar-me, amor.

Por favor não queiras…
porque  dentro desse sorriso
tatuado na pele,
moras tu.


©Graça Costa


sexta-feira, 24 de julho de 2015

CURVA DO FIM DA TARDE

Esperei por ti na curva da tarde
como por ti esperou a fome do sentir.

Imaginei-te a romper a neblina
lenta e mansamente,
saboreando cada passo que te trazia até mim.

Fechei os olhos e centrei-me nos sons,
no restolho que quebrava debaixo dos teus pés.

Mais  perto,
cada vez mais perto.

Não via , mas sentia o teu olhar preso no meu corpo
libertando-o de tudo o que te separava da minha pele.

E a pele sorria…
e o olhar brilhava...
e o corpo gemia no silencio da estrada.

Por fim senti-te chegar
como resposta à suplica muda que o olhar te pedia.

Arrepio de alma na curva do fim da tarde.
Deitei-me no teu colo e deixei-me voar.


©Graça Costa



                                                           Mark Demsteader Leanne

DRINK ME

Drink me,
as if I were wine from the sacred fountain of life.

Sip it,
with the joy of the moment
so long in coming,
and of a tomorrow that may not ever be dawn.

Feel me...
listen the voice of your body
and the whisper of your soul.

Look at me
and slowly contemplate the extasis of dawn
in this body made spring
by your hands.

©Graça Costa

                                                                 Aurelie Salvaing

quinta-feira, 23 de julho de 2015

QUERO

Quero querer-te
como o querer quer a vontade
como a vontade chama o desejo
e o desejo a eternidade.

Quero querer-te
como a brisa quer a flor,
a flor quer uma aguarela,
e a primavera o esplendor da aurora.

Quero querer-te
com a chama do sentir
vindo das entranhas da alma,
ser poesia,
sementeira,
sol,
amendoeira
prenhe de florir.

Quero querer-te...
até à eternidade
em cada dia que passa

©Graça Costa

                                                                            Agnes Cecile

A DOR DAS PALAVRAS

Doem-me as palavras como feridas abertas.
Gritam.
Gemem.
Sussurram.
Reclamam.

Queimam-me o peito e afogam-me o olhar.

Sinto a alma jorrando lava,
escorrendo lenta e penosamente pelo mesmo peito,
onde momentos antes os teus lábios descansavam
e o teu corpo se derretia no meu.

Doem-me as palavras como feridas abertas.
Por isso as partilho
na voragem dos dias inquietos
e na esperança que alguém as faça suas.

Olha…
Vê como os olhos soletram a dor do sentir.

Vê como te chamam,
a ti,
balsâmico amante
de corpos e letras.

Vem,
lambe-me as feridas
para que as palavras renasçam
entre as flores e o arvoredo da paixão.



©Graça Costa


                                                                   Virginie Bocaert

quarta-feira, 22 de julho de 2015

PROMESSAS

Existem promessas sem voz
guardadas nos recantos da memória
que, de quando em vez, 
despertam do seu torpor
e reclamam vida.

Exigem afectos,
fusão de pele e paixão,
banhos de ternura
envoltos na espuma dos dias.

Fogo, feitiço e maresia feitos em pedaços.

Fome de te querer sem te poder ter,
maré viva em noite de invernia
corpo em chamas,
alma em fúria,
grito surdo suspenso na garganta.

Existem promessas sem voz
guardadas nos recantos da memória.

No peito a chave de tudo
ou o inicio de nada.

Promessas…


©Graça  Costa

                                                                  Yossi Kotler


LIKE A HURRICANE

You entered into my life
like a hurricane on a summer evening.
Your eyes locked me
like a spyder net
and I surrendered
to your soft, velvet touch.

You entered into my life
like a hurricane on a summer evening.
Caused no panic or destruction
only thunders of deep love
and sweet tnederness.

My life will nerver be the same...
but, who cares?

Now ...
I dance at the sound of the screaming silence
that surronds our nights and our days.

Plenty of love
I overflow with a smile on my face
and whem you're nearby,
the clock of life slows down
anr the tic-tac
turns out a lovers melodie
crossinf the autumn of life.

 ©Graça Costa

                                                                      Julia Watkins

VESTI-ME DE NOITE...

Vesti-me de noite para me perder na escuridão.

Nela encontrei a paz que o dia me roubou.
Doce noite, que me embriaga os sentidos e me ilumina o olhar.

De ti me alimento,
e contigo fico
até que me embales o sono
com o teu beijo de mãe,
ou carícia de amante.


©Graça Costa

terça-feira, 21 de julho de 2015

PORQUE TE ESCREVO

Escrevo-te
porque as palavras não chegam para o que sinto…
são pequenas e banais
gastas,
supérfluas ,
incoerentes, frugais
e eu preciso delas fortes,
intensas, enormes,
eruptivas,
terapêuticas,
balsâmicas.

Escrevo-te porque as palavras que tenho para ti não têm nome.
trago-as embaladas  no peito,
presas  na garganta, 
gravadas na pele,
como gotas de suor após a tenaz luta do amor.

Escrevo-te com a alma nas mãos
esperando que me estendas as tuas.
Que me agarres ,
que me envolvas,
que me penetres os sentidos
com a emoção da aurora rompendo o dia.


Escrevo-te,
porque os meus olhos estão mudos
e a boca  grita silêncios vários.

Só estas mãos insistem em riscar o papel
na implacável dança de aromas e sons com que construo os dias.

Escrevo-te para que me recordes assim.
despida de tudo
despida de mim,
barro nas tuas mãos,
mosto por fermentar
maresia rompendo a aurora
apenas para te saudar…


©Graça Costa




NA PELE


Trago na pele
pinceladas de Agosto
tatuadas pelos teus dedos .

Na boca,
o sabor a Maio
e paisagens de Outono a dançar-me nos olhos.

Moldados pela brisa
passeiam-me pela face
sorrisos rasgado de memórias.

Dos sonhos, com travo a canela
guardo a textura dos dias passados  enleada nos teus braços,
quando o futuro era uma tela em branco
e a vida,
um diálogo sem palavras de corpos cansados.

Trago na pele pinceladas de Agosto,
carregadas de ternura e melodias de água fresca.

Bagagem doce num jardim sem tempo
brisa serena na trova do vento que passa.


©Graça Costa

                                                              Aurelie Salvaing

segunda-feira, 20 de julho de 2015

E DE REPENTE...

E de repente,
um golpe de sol inundou-lhe o peito
e um suave torpor
afagou-lhe os sentidos.

De onde veio?
Porque veio acordar-lhe a solidão?

Não quis saber...
Saboreou o momento
com a indulgência da infância
e a mestria dos amantes sem tempo,
degustando cada toque,
cada aroma,
cada gemido.

E de repente,
um golpe de sol inundou-lhe o peito
beijando-lhe o corpo nu como se não houvesse amanhã.

Deixou-o embalar-lhe o sono
que lhe dançava no olhar
e juntos partiram,
em busca daquele sonho
totalmente por inventar.

©Graça Costa




PRESO NA PELE

Hoje acordei com o teu olhar preso na pele.
Percorrias-me o corpo
como pincel em tela virgem
e os teus olhos eram uma paleta de cores e sonhos por realizar.

Hoje acordei com o teu olhar preso na pele
e nos olhos a súplica de aventuras errantes
sem tempo nem espaço
esperando na curvas do tempo.

Hoje acordei com o teu olhar tatuado na pele.
Tornei-o meu tesouro e meu refúgio,
meu cansaço e meu repouso,
dono dos meus passos,
refém dos meus desejos.

Hoje acordei com o teu olhar preso na pele
e tornei-me amante guerreira,
sem medos nem dor,
apenas brisa,
apenas querer...

©Graça Costa



sexta-feira, 17 de julho de 2015

A PINCEL


Desenho a pincel os dias que passo sem ti,
para que a dor não mate
mas apenas arranhe.
Para que o sal dos olhos descanse em maré de calmaria,
e a ausência seja luz e não maresia,
alimento, farol,
fonte de luz,
alquimia.

Desenho a pincel os dias que passo sem ti,
porque a cada acordar  tenho aos pés da cama
 uma tela em branco ávida de riscos, palavras, paisagens e sonhos.

Nela me perco como criança em loja de brinquedos.
Contemplo a pureza virginal do dia que me entra nos olhos
agarro no pincel da vida,
visto-me de brisa , sol ou temporal
 óleo, aguarela ou pastel
e na voragem do tempo que passa,
a obra nasce.

Desenho a pincel os dias que passo sem ti,
porque as cerdas sabem o teu nome.
Assim te tenho por inteiro e cada pincelada,
em cada sussurro, lágrima ou gargalhada.    
      
E assim,
da distância se faz presença,
da dor… magia.
Da saudade…força.
do  Viver,
arte,
poema,
sonho,
fantasia,
paixão.


© Graça Costa

                                                               by Pier Toffoletti

ESPERANDO POR TI

Vestida lua e de espanto esperei por ti.

De sentidos e emoções em riste
esperei que o vento te trouxesse ate mim
e a maresia fosse o timbre do amor na tua voz.

Envolta em sonhos e sussurros imaginados
senti o arrepio da pele,
o brilho do olhar,
o sorriso a insinuar-se no rosto
tão cheio de expectativas quanto de enganos.

No entanto…esperei,
presa naquele fragmento de paraíso só meu,
que só tu sentes,
só tu vês,
só tu consegues tornar teu
apenas com a forma como me olhas.

Por ti espero,
neste dossel de noites eternas
embriagado de afectos,
onde a alma ganha voz
como um fado  gemido em lamento e êxtase.

Instantes de magia,
servidos em taças de ternura ;
fusão de pele,
melodias de outono tocadas a quatro mãos.


©Graça Costa

                             Hyper-Realistic Color Pencil Drawings by Christina Papagianni

quinta-feira, 16 de julho de 2015

SILÊNCIO

Existe no silêncio
um luar de nuvens mansas
uma alma secreta de murmúrios vestida
uma doçura tamanha,
que só de o prever já me embalo
do seu sentir.

Só quem conversa com o silêncio
tem alma para sentir o poema
que antes de o ser já dança na retina
já penetra a pele com a intensidade de um beijo
e desperta a fome do amor vivido em firmamentos distantes.

Oxalá a noite me doure os sentidos,
me crave na pele a vontade de me dar
e que o canto da minha voz, não seja voz
mas pele…
sedenta de outra pele.


©Graça Costa


SOMETIMES


Sometimes I ask myself
why is our love a bliss
and your eyes whisper me the answer.

Each sight of you is pure pleasure and urgency.
Each think of you
fills me with warmth and tenderness.

I never feel alone
because your scent is always nearby.

You are my rain in the desert,
my shelter in the storm,
my lighthouse in the dark,
my boat,
my surrender,
my life.

And when we make love,
the world calms down
just not to disturb us.

Sometimes I ask myself
why is our love a bliss
but than I feel silly
because each day by your side
is a poem written in four hands
and that's the only answer I need.


©Graça Costa




quarta-feira, 15 de julho de 2015

SE


Se a chuva te lamber o rosto,
despe-te de tudo o que é dor,
das angustias,
dos temores,
dos sonhos adiados,
da fúria
e do desencanto.

Despe tudo…
e no esplendor da nudez,
deixa que as gotas te cubram o corpo
como pérolas de orvalho
e dá-as a beber,
qual elixir de esperança
ou extase de paixão, 
num amanhã
ainda por inventar.


©Graça Costa


DIAS DOS DIAS


Nos dias em que acordo água
o rio que corre no leito da minha voz,
cai no meu peito em jeito de desmaio
e não é mais que um gemido,
implorando pelas tuas mãos
tremulas e frias de solidão.

Nos dias em que acordo fogo,
a chama que me invade os sentidos
reclama os dedos da paixão,
a loucura da eternidade nos teus braços,
sem principio nem fim
apenas momento.

Nos dias em acordo névoa, fico perdida sem saber como aconteceu.

Magia de te tocar sem ser vista,
roubando carinhos
depositando-te beijos lentos,
baixinho como lamentos.

Nesses dias, olho-me no espelho e sou feliz
porque mesmo na penumbra da tarde
ainda que névoa,
o teu corpo reconhece-me
a magia acontece
e saciamos a fome
ao ritmo do anoitecer que amanhece.


©Graça Costa

                                                                       Stas Sugint

NUDEZ

Gosto da simplicidade da nudez...
como simples é como o toque
dos teus dedos na minha pele,
como simples o brilho dos teus olhos junto dos meus,
como simples, o beijo de água fresca
que a tua boca me oferece.

Gosto da simplicidade da nudez,
serena como o sol rompendo a aurora,
como a brisa beijando a seara,
como as estrelas iluminando o teu caminho até mim.

Somente na simplicidade da nudez
cabe a dimensão do universo dos afectos partilhados
nas noites sem amanhã
e nos dias sem entardecer.

Somente na simplicidade da nudez
brilha a eternidade do momento,
em que do toque da pele
irrompe o vulcão dos sentidos
e a melodia perene do prazer
se torna na voz da Terra.

Aí sim...tudo pode acontecer...

©Graça Costa



terça-feira, 14 de julho de 2015

COLO


Acolhe-me no teu corpo
como se fosses berço para o meu descanso.

Embriaga-me de carícias e palavras soltas
doces, mesmo que sem sentido.

Coloca no tom da tua voz
a musica das almas cansadas
e acolhe-me no teu corpo
como se fosses mar
e eu maré,
como se fosses onda
morrendo na praia
e eu  praia para te receber.

Acolhe-me,
que eu a ti me dou
sem medos nem reservas,
corpo aberto ao encontro de almas
que só a ternura percebe.


©Graça Costa

                                                                           Esther Bayer 


PARA TI

O Norte trouxe-te até mim
como maré viva varrendo a costa.

Na voz trazias o lamento de vidas sem alma
e a esperança de sonhos suaves,
como abraços enrolados em algodão doce.

O Norte trouxe-te até mim.

Acolhi-te com a dúvida o amor sem aviso
e com a ternura serena de quem não tem nada a perder.

Quando nos vimos,
a pele respirou afectos esquecidos
e o olhar brilhou
como raio de sol rompendo a madrugada.

Depois do olhar,
veio o abraço.
Depois do abraço,
o toque da pele
num beijo magoado pela espera.

O Amor cresceu em silêncio
e o tempo parou
naquela primavera inquieta
em que tudo começou para nós.

©Graça Costa

NOTA: dedicado ao meu marido por ocasião do seu aniversário.






quinta-feira, 9 de julho de 2015

NOS BRAÇOS DA MADRUGADA

Embriagada de insónia
enamorei-me da madrugada.

Pedi-lhe uma manhã clara
com raios de sol vibrantes
salpicados de brisa e aroma de mar.

Pedi-lhe o calor do teu corpo
a ternura do teu abraço
o cheiro da tua pele
o precioso som da tua voz.

Enrosquei-me na tua presença ausente
deixei que as lágrimas levassem a saudade
e deixei-me levar …

O sono acabou por vencer a batalha dos sentidos.
 Adormeci nos braços da madrugada e neles te revisitei.

Desse dia feito noite,
guardo os sonhos que inventei
e os  ecos de ti que na pele gravei.

Tesouros de alma sem textura
com aroma de infinito. 


©Graça Costa


FOME

A mansidão da noite apura-me o  desejo.

Desejo de mel,
Desejo  de pele,
Desejo de ti.

O corpo inflama-se,
sibilando o teu nome na penumbra
e os olhos chamam
num lampejo hipnótico que só os amantes percebem.

Toque,
arrepio na pele,
sussurro,
gemido,
prazer,
êxtase...quase dor.

Prazer sem limites, 
sem regras,
sem medos,
apenas entrega.

Alma,
fogo,
dança,
ilusão,
magia de corpos entregues à brisa da noite
dissolvendo-se
no desabrochar de um novo amanhecer.

©Graça Costa

                                                            Nelina Trubach-Moshnikova

VIAGEM

Anda…
Vamos inventar um caminho novo,
desenhado  a pastel ou aguarela
melodia ou primavera,
doce e mágico como beijos roubados,
nas colinas do sonhos e da imaginação.

Anda…
dá-me a tua mão.
Deixa-me guiar-te neste mundo inventado
em que o corpo ganha voz
e a voz  ganha corpo e luz,
magia e sedução.

No teu olhar sinto a urgência das marés,
o marulhar dos afectos, 
a fome por saciar.

Nas palavras por dizer,
pressinto  trilogias escritas em noites frias de inverno
ao som do crepitar  das chamas,
ou ao som do vento ou de um bolero.

Pressinto a madrugada,
e assim fico …quieta e nua,
presa no limbo de poemas sussurrados
ao ouvido do amanhecer.


©Graça Costa

                                                                    Stella Im Hultberg



quarta-feira, 8 de julho de 2015

LAMENTO DA NOITE

Seguiu o lamento da noite
e nele reviu toda uma vida
de entrega e paixão.

Do amor,
sentiu o sabor,
a textura,
o aroma dos corpos entrelaçados.

Da ternura,
guardava a cumplicidade dos olhares,
os subtis toques da pele.

Da paixão,
os gemidos e os recomeços,
o cansaço e o desejo.

Da dor,
a ausência e a saudade
que querendo esquecer, lembrava
e lhe queimava a pele como ferro em brasa.

Seguiu o lamento da noite
e ousou gritar-lhe a raiva da perda.

De alma lavada
enfrentou a madrugada
e quando o sol lhe iluminou o rosto
os seus olhos cruzaram-se
como da primeira vez.

Recomeço improvável?
Desafio...
Vida em construção.

©Graça Costa

                                                                                 Agnes-cecile

BEFORE DAWN

The banks of this river that is my body
are not enough to shelter
the unexpected love that invades me.

I hear what my body tells me
and fear takes me account of remembrance,

as if tomorrow
died
before dawn.


©Graça Costa

                                                           Tomasz Alen Kopera.

CANSAÇO

O dia encontrou-me  na beira da praia
com as ondas beijando a areia
e bebendo-me docemente
as lágrimas de pranto que do peito caiam.

No fundo do olhar
morava o labirinto das memórias
e os sonhos por viver.

Nele rodopiava,
uma estranha mescla de aromas,
sentimentos,
amores,
cansaços e canções.

Não sei se vivia ou se sonhava.

Não sei se sentia ou se chamava
o pranto que me engolia o rosto
e o mar levava
mas deixava cravado no peito,
como tatuagem,
a saudade dos dias eternos
à tanto guardados.

Não quero este cansaço
das viagens por cumprir.

Dêem-me a paz de um rio
para parar de fugir.

©Graça Costa


terça-feira, 7 de julho de 2015

APELO

Sede,
fonte,
rio,
ponte,
mar,
tormenta,
fúria,
lamento.

O que sou,
nos dias em que o mar dos olhos 
me desaba no peito?

O que me diz este olhar de mão estendida?
O que me diz o coração apertado e a pele em chamas?

Vem..
preciso de colo.

Enlaça-te em mim,
sacia-me a sede,
alimenta-me o Ser

e fica...
meu farol,
meu refúgio,
minha alma,
meu guia,
meu chão.

©Graça Costa

                                                                   Jessica Durrant 

DEIXA

Transporta-me nos teus sonhos
como se eu fosse brisa.
Saboreia-me como se fosse mel.
Liberta-te dos medos
e deixa que o espanto de um novo sentir
te invada o corpo,
o olhar
e o querer.

Transporta-me nos teus sonhos
como se eu fosse mar
e tu maresia;
como se fosse noite
e tu luar;como se o meu corpo fosse página em branco
e tu , tinta fresca para me escrever.

Transporta-me nos teus sonhos
e atreve-te a deixar o sonho acontecer.

Que a magia nasça
dos teus lábios na minha pele
e da fusão dos corpos
na fogueira lenta do amanhecer.

©Graça Costa


                                                                  Mark O'Connell


segunda-feira, 6 de julho de 2015

FIM DE TARDE


Havia magia naqueles corpos entrelaçados como renda de bilros,
nos gemidos,
nos lamentos sussurrados,
na conversa vibrante dos olhares trocados,
no silêncio que tudo diz,
na serena cumplicidade
da candeia pousada no parapeito da janela.

Havia magia naquele fim de tarde invernoso.

Havia magia e houve milagre,
gravado na tela da memoria daqueles amantes inquietos
ansiosos por outro dia,
por outra tarde,
pela descoberta de outras nuances de prazer.

Havia magia e houve milagre.

Fénix renascida...
na maresia do fim da  tarde.


©Graça Costa 


PRECE

Imploro a serenidade e a paz de uma seara ondulando ao por do sol.

Nela me abrigo, fugindo dos dias vividos a galope
em que procuro o silêncio e não o encontro;
onde tudo é ruído
estridente ou soturno
e até a luz parece ter voz.

Imploro a tua pele na minha pele,
o calor incandescente do lume a crepitar nos meus olhos,
a musica celestial do beijo que demora.

Vem…
não tenhas medo da minha fome de silêncio e paz.

Cabes nela como cabes no peito onde fiz a tua cama.

Apenas te peço que escutes…
Escuta a melodia do vento na seara,
envolve-me nos teus braços
e convida-me a dançar.


©Graça Costa

                                                                   Malcolm Liepke

DESTINY


I knew we were bound
long before we met.
Deep inside I felt your love
as a feather caressing my soul
and your voice whispering
smoothly in my skin
an unwritten song
floating in time
waiting for our embrace.

I knew we were bound
long before we met.
Fate put you in my path
in the most unexpected way
when days were grey
and nights were stormy.
You came and I was frightened.
Still, I've let you in...
bath myself me in your scent
and allow sparkles of happiness
to enlighten the room.

Love flew
like tides in summer nights
and I …
I did surrender to your smile.


©Graça Costa

                                                                      Orhan Gürel

PROFÉTICO

Profético,
o sopro poderoso da fome
serpenteia-me o corpo envolto na bruma,
lacónico,
esfíngico,
quase prece
quase súplica.

Numa emergência de afectos por saciar,
procuro no teu olhar
a promessa da abundância
neste meu corpo feito terra lavrada em espera.

Profético,
o Inverno de sementeiras
feitas pela tua mão.

Profética,
a linguagem universal do Amor,
quando arrancada das profundezas do SER.

Esteio do caos.
Esplendor da vida
que começa a chegar ao amanhã.

©Graça Costa 

                                                                   Danny o'Connor

domingo, 5 de julho de 2015

CORPO EM ESPERA

Surgiu-me da penumbra uma sensação de luz,
um calor terno e manso
de  lábios lambendo-me o rosto.

Iluminou-se-me  a alma
e um sorriso insinuou-se-me no olhar.

Depois foram os dedos.

Como brisa de verão,
ainda com aroma a fim de primavera,
viraram carícia nua,
repleta de magia e de promessas.

Um silêncio mágico invadiu a manhã.

O meu corpo virou pauta de musica inacabada
pintado pela paleta da aurora.

Corpo expectante,
luminoso,
ardente
deitado na penumbra do dia que amanhecia,
sedento dos teus dedos,
sedento de ti...


© Graça Costa