domingo, 31 de julho de 2016

MOMENTOS


Há momentos que valem vidas.
Uma lágrima lambendo a pele,
suave e lentamente como uma carícia.

Um sorriso iluminando o olhar como farol no meio da escuridão.

Aquele arrepio da antecipação do prazer,
apenas imaginado, mas ainda não sentido.

Há momentos que valem vidas.

O primeiro olhar,
o primeiro toque da pele,
o primeiro beijo,
o soco no peito da primeira paixão,
 o ar que precisamos desesperadamente beber e nos foge das mãos,
que geladas suam lágrimas de ausência.

A morte eminente do sentido da vida
quando não se está junto,
os minutos que se tornam dias, dolorosos,
quase lume,
quase ferida
aberta pela incerteza da espera,
mas sempre tão forte, tão intensa, tão dramática
como naufrágio em noite de tempestade.

Há momentos que valem vidas
pelo que foram ou não foram
pelo que são
pelo que serão.

Se ficar cicatriz,
ruga,
cabelo branco,
lagrima,
sorriso,
é porque valeu a pena…

Momentos…
tinta  dos dias
com que vamos pintando e escrevendo,
o livro da vida.

©Graça Costa 


sexta-feira, 29 de julho de 2016

FOME

Sinto na pele a fome do teu abraço;
o calor das palavras ditas entre o beijo e o outro beijo,
entre o sussurro e o grito,
entre o olhar e o sorriso
entre a entrega e a solidão.

Fome também das palavras...
das ditas e das por dizer;
das sentidas e das gritadas
das largadas ao vento e das presas nos raios de sol,
das gemidas e das inventadas,
pérolas displicentes,
esperando o momento.

Gosto desta fome e alimento-a de mais fome,
pois é da dor que nasce o poema,
e do poema nasce a paixão
com que pinto os dias que passo sem ti.

Pincel ou grafite,
aguarela ou esquisso,
pouco importa.

A fome tem muitas cores...


© Graça Costa


                                                                 Lola Jovanovic


DEIXA

Deixa
que a noite invada o horizonte das memórias
e os dias sejam de eternos recomeços,
ainda que errantes e incertos.

Deixa
que os teus passos
sigam as minhas pegadas
e que a paixão renascida
seja a melodia dos caminhos por inventar.

Deixa
que o meu corpo seja tela virgem
para o arrojo dos sentidos
e que consigas ler nos meus olhos
as mensagens que te escrevo sem palavras.

Deixa-me correr ao teu encontro
com a certeza que de sabes,
exactamente como tocar-me o corpo
e a alma sentir-se beijada;
com a certeza de que basta um olhar
para te sentir dentro de mim,
meu pintor  de corpos e telas,
de paixões incertas
e momentos eternos,
gravados em segundos.


©Graça Costa
imagem da web





quinta-feira, 28 de julho de 2016

AQUELES OLHOS

Naqueles olhos de avelã caramelizada
havia sonhos de luz
aveludada
serena,
como rio batido por raio de sol em fim de tarde.

Naqueles olhos,
havia o brilho cristalino dos corais,
a densidade de um bolo de erva doce
a ternura de um abraço
e a força de uma montanha rasgando o horizonte.

Naqueles olhos viajei sem destino,
eremita,
vagabunda,
alma exposta ao desafio.

Naqueles olhos me perdi,
e neles encontrei o caminho
lento,
terno,
carinhoso,
quase sensual
que me levou até ti.

Aqueles olhos,
ah...aqueles olhos
foram o início
de uma história que ainda se há-de escrever.

©Graça Costa
imagem .- Eu


quarta-feira, 27 de julho de 2016

LET

 Let your skin be my road to heaven.
Let your lips be my dream to wonderland.
Let your body be the alphabet of love in disguise
of laughter,
of whispers,
of shivers,
of surrender.

My body is your shelter.
My touch the seed of love.
My eyes cross rough frontiers
just to caress your soul.

Take me,
to that place where streets have no name;
to that magic place that changes when we make love.
The sun shines stronger,
the rain is sweeter
and time stops
just to let us dream.

Take me
for I'm longing to your touch.


©Graça Costa





URGÊNCIA

Digam-me como conter a urgência ?
O que fazer quando sentes a pele rebentar de emoções,
e as palavras a borboletearem-te na cabeça,
incessantes,
intensas,
frenéticas ?
Digam-me como conter a urgência de ternura ?
Como pedir, sem pedir
lábios carnudos e sedentos de beijos
carícias, lamentos,
paixão,
a emoção do dar e receber
que antes de ser já se sente?
Digam-se, como viver sem sentir?
Porque não sei e não quero,
ser espectro errante sem alma
imagem de gente, mas não Pessoa.
Digam-me como conter a urgência de amar,
para que eu a acorrente no peito
e o mar não a leve com a mudança da maré.

©Graça Costa
desenho : Antero Guerra



terça-feira, 26 de julho de 2016

A QUEIMAR POR DENTRO

Hoje acordei a queimar por dentro,
a alma num sobressalto
e a vida suspensa
num não sei quê de esperança.

Hoje acordei com a pele em chamas
fogo no olhar
e uma generosidade no abraço
com que recebi o amanhecer.

Hoje o dia nasceu sereno
e eu renasci com ele,
mais terna,
com a suavidade de uma onda lambendo a areia
ou uma borboleta namorando a flor do verão.

Hoje,
foi um ontem com fé no amanhã,
com fé em mim.

E foi assim,
que o acordar a queimar por dentro,
foi apenas o sinal
de que aquele dia.
era dia de ser Feliz...


©Graça Costa
imagem - eu

segunda-feira, 25 de julho de 2016

AQUELE FIM DE TARDE

Havia algo particularmente vibrante naquele fim de tarde,
algo embrenhado no silêncio
ganhando coragem para se soltar .

Não sei se era grito ou lamento
morte ou paixão.

Parecia um gemido perdido em busca de colo
um quê de prazer e dor,
com uma pitada de amor secreto querendo crescer.

Parecia poesia em forma de luz…

Eu sorri…tu sorriste,
pois no por de sol que morria,
algo de grande  nascia.

Havia algo particularmente vibrante naquele fim de tarde.

Ninguém o sentiu…
Apenas nós.


©Graça Costa
imagem da web


domingo, 24 de julho de 2016

AMA-ME

Ao longe
a sombra de um corpo nu invadia o espaço de promessas.

Sabia o teu olhar preso em mim
e derretia-me por dentro,
antes mesmo do sabor do beijo
ou do toque suave dos dedos.

Sentia, mas não pedia nada.
Alimentava o sonho
com suaves movimentos do corpo,
como que dançando,
num convite subtil a devaneios e sonhos
vividos ou ainda por viver.

Sinto-te os passos
flutuando em direcção ao meu abraço.

Sinto-te,
mas não te quero ver...
apenas sentir,
abandonar-me em ti
qual naufrago em porto seguro.

Ama-me.

Liberta-te dos medos do amanhã que pode não vir
e ama-me,
até que a noite ceda
ao cansaço dos sentidos.

 ©Graça Costa
desenho do meu filho João 




quinta-feira, 21 de julho de 2016

O BEIJO

Imaginou-o adocicado,
lento
morno
perdido.
Desenhou-o perfeito
macio
envolvente
como pluma na brisa.
Sentiu-o carente
faminto,
desconcertado,
medroso.
Acariciou-o
contra o peito
molhou os lábios
e num impulso quase infantil,
matou-lhe a sede de mel.
Mudou-lhe a vida
aquele beijo
que hoje tem lar,
lhe ilumina o olhar
e se repete
a cada instante
em que o recorda.
Imaginou-o.
Desenhou-o.
Acariciou-o,
Bebeu-o com a calma e a ternura dos amantes em pressa.
Ah...aquele beijo tem história escrita na memória dos dias.
Eterno.
Mágico.
Nosso.

©Graça Costa
imagem da Web


quarta-feira, 20 de julho de 2016

NOITES

Tem noites em que sinto um toque no rosto,
quase suplica,
quase dor,
quase beijo,
quase amor.

Nessas  noites sou brisa,
calma,
ternura,
alma,
conforto,
aconchego,
que o acordar não rouba
nem o dia desfaz.

Nessas noites
as horas passam como brisa em tarde calma.
e o sono reclama abraço.


Recebo o dia com um sorriso na alma
e no olhar,
as memórias que me alimentam os sonhos




©Graça Costa
imagem da web


PELE

Nada como o toque aveludado da pele.

A forma como se arrepia ante a caricia,
como responde ao beijo lento e rastejante,
à língua quente e húmida,
ao gemido ,
ao arfar do desejo incandescente
à súplica do olhar.
Pele…
Tela de paixões inquietas
magia serena em noites calmas
ou feiticeira dos dias que nascem sem porquê.
Pele, poema
Pele, canção
Pele, sinfonia de Outono em pleno verão.
Pele em espera.
Pele em escuta.
Pele sedenta da agua das tuas mãos.
Pequena gota de orvalho,
alimento da flor da madrugada.

©Graça Costa
imagem da web


terça-feira, 19 de julho de 2016

PERFEITO

Insinuante,
o humedecer dos lábios antes do beijo.

Perfeito,
o arrepio da pele antes do toque.

Intensa,
a dor da expectativa,
quase ferida,
quase morte,
quando vida em suspenso.

Consome-me a espera
e liberta-se-me o sonho
que de tanto me aguardar descansa
na curva do fim da tarde.

O aroma dos teus passos
é melodia de afectos em construção.

Espero-te
como sempre,
fome na pele
ternura no olhar.

Sinto-te antes de te ver
e na efemeridade do momento
quase construo
a eternidade de te ter.


©Graça Costa


AQUELE BEIJO

Aquele beijo
tinha o sabor encantado das palavras não ditas,
tinha a doçura da fruta madura
e a ternura de um por de sol prateado à beira mar.

Aquele beijo
tinha o querer e o não querer,
o vazio e a plenitude,
a intensidade do nascimento
e o poder da paixão a fermentar.

Aquele beijo
tinha o aroma de chocolate quente
e a beleza de uma buganvília
lambendo uma parede alva
como neve em pleno verão.

Aquele beijo
foi principio e fim
de qualquer coisa por inventar
que espera na beira da noite
luz para caminhar.

©Graça Costa
imagem retirada da web


segunda-feira, 18 de julho de 2016

THE FOREST OF FATE

 A whisper in the forest
so gentle and soft as a lullaby
she heard.

The green carpet of the landscape trembled of expectation
as she stretched her arms to to sky
and said a prayer
almost sorrow
almost love.

Suddenly all the leaves
started to sing along
and the lullaby became fate.

She saw him across the mist
the breeze led the way
and every step they took
was the beginning of a symphony of surrender.


©Graça Costa
image from web


SE UM DIA

 Se um dia eu for lago,
que o teu corpo fique sedento
e mergulhes por mim dentro
até te saciares.

Se um dia eu for chuva
presa numa nuvem de papel,
peço ao olhar lágrimas doces
para que as bebas ao anoitecer.

Mas se um dia eu for palavra,
peço que os teus dedos sejam as letras
com que se escreve a paixão.

Aí , misturo tudo
saudade,
ternura,
desejo,
loucura,
a com toda a certeza
um chegarei a ser…
Amor.


©Graça Costa


quarta-feira, 13 de julho de 2016

NO TEU OLHAR

Encontrei um perfume de poesia no teu olhar.

Sem saber como defini-lo
estendi-lhe o sorriso e bebi-o,
lentamente,
em silêncio,
como ritual sagrado.

Saboreei cada trago
com a dolência da paixão imprevista.

Deixei-me levar pelo arrepio da eternidade do momento.

Encontrei um perfume de poesia no teu olhar.

Vieste sem aviso mas com a força de uma maré viva
e eu recebi-te com a ternura de uma onda a beijar a areia.

Sem saber como te responder,
vesti-me de lua
coloquei nos cabelos pétalas de orvalho
e dei-me ao teu olhar em oferenda.

Depois anoiteceu…
e a noite é cúmplice de amantes inquietos.

©Graça Costa



VERTIGEM

Vertigem...

Furacão de afectos,
sentidos incandescentes,
profusão estonteante de aromas e sabores.

Depois o silêncio,
o deleite do saboreio
nos teus olhos almiscarados em busca dos meus.

Finalmente o toque da pele.
A magia e o mistério da descoberta de ti.

Vertigem...
paixão,
sede,
fome.

Imensidão de eternidade
Imersa na magia da fusão dos corpos,
em chama lenta.


©Graça Costa
imagem da web


terça-feira, 12 de julho de 2016

HÁ UMA VOZ

Há uma voz cá dentro
que me dita o poema,
que me conduz a saudade da mão e do olhar
do toque,
da entrega,
da fome
e da paixão.



Há uma voz cá dentro
que me conduz o sonho
e um sonho
que me conduz a ti.

A ti...
meu amor e meu chão,
meu refúgio e minha paixão.



Há uma voz cá dentro
que me encanta e me desencanta
me acolhe e me repele
numa catadupa de afectos
rolando num turbilhão.



Há uma voz cá dentro
que me dita o poema
e o poema...
não és tu nem sou eu...
somos nós,
eternamente Nós.



©Graça Costa
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domingo, 10 de julho de 2016

E O DIA ESPEROU COMIGO

Era um dia daqueles
em que o amanhecer é dourado
orvalhado com diamantes de luz.

Era um dia daqueles
em que o coração acorda descompassado
com a pele em arrepio eterno,
como tatuagem,
sussurrando o teu nome ao dia que desponta.

Era um daqueles dias
em que o corpo pede corpo
e o olhar jorra paixão
por entre gemidos
e pérolas de mel.

Era um daqueles dias
de prece e de ilusão,
de esperança,
horas lentas
e expectativas tantas...

Decidi esperar,
contigo na retina e nas memórias.

E o dia esperou comigo
complacente e sereno,
cúmplice da paixão que viria a ser
mas que dentro de mim já o era.

©Graça Costa
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SERENAMENTE

Serenamente,
pelos caminhos do sonho me levaste.

De leveza me vesti.
Com a brisa dancei.
Entre os nenúfares e a folhagem flutuei
como brisa em tarde calma.

Serenamente,
pelos caminhos da ilusão
reinventei a magia de renascer
a cada passo,
a cada olhar,
a cada beijo,
a cada luar.

Toca-me, amor...
embala-me no teu peito de luz
e cobre-me o corpo com os teus lábios de espanto.

Deixa que a fome de afectos
se torne melodia outonal
e façamos da dança dos corpos
ousadia,
ternura,
paixão,
loucura sem nome
nova vida,
exaustão.

Depois...
que o sono nos tome conta do Ser
e os sonhos venham vestidos de luz.

Serenamente...


©Graça Costa


sexta-feira, 8 de julho de 2016

I LOVE

Love the complexity
and the detail of your fingers
touching my skin,
exploring my senses.

Love your lips spelling my name as a whisper,
almost a faint...

Love the complexity
and the detail
of our moments,
unique and senseless
subtle as dawn,
eternal as memories
and flavorful as sex freshly made.

Love all that...
but most of all
love the complexity and the detail
of knowing
that there's so much more
to live and to discover.




©Graça Costa
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quarta-feira, 6 de julho de 2016

ROTA DO SONHO

Percorre-me o corpo como se fosse mar
e toca-me a alma como se fosses brisa.

Desperta-me os sentidos e torna-me tua.
Bebe-me.
Saboreia-me.

Entranha-me na tua pele
e nessa mescla do tudo e do nada
de excessos e devaneios,
façamos da noite uma melodia de afectos
languida e suave como o amor que termina e recomeça,
como maré
sem cessar.

E quando o cansaço for maior que o desejo
saibamos morrer…
entrelaçados,
exaustos pelo prazer vivido e pelo que há-de vir
quando o brilho do olhar
voltar a incendiar-nos a pele.

©Graça Costa
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DOS MEUS OLHOS


Falavam uma língua estranha aqueles olhos...
ora esmeralda
ora avelã azeitona de Elvas.
Falavam de afectos esquecidos,
memorias adormecidas,
sonhos perdidos nos confins da memória.

Talvez fosse medo...
medo de falar e não serem entendidos,
medo de gritar e serem acorrentados,
medo de sussurrar e ninguém ouvir...

Falavam, por isso aquela língua estranha,
a dos que ousam ter no peito
um coração que bate
ao ritmo da neve numa noite de inverno,
a dos que usam a melodia do amor
para soletrar as palavras que aqueles olhos falam,
mesmo quando dos lábios só ouvimos,
o embalo do silêncio.


©Graça Costa


segunda-feira, 4 de julho de 2016

PINCELADAS

Trago na pele
pinceladas de Agosto
tatuadas pelos teus beijos .

Na boca,
o sabor a Maio
e paisagens de Outono a brotar-me dos olhos.

Moldados pela brisa
passeiam-me pelo rosto
sorrisos rasgados de memórias
escritas nos sulcos das rugas adocicadas.
.
Dos sonhos, com travo a canela,
guardo a textura dos dias enleada nos teus braços,
quando o futuro era uma tela em branco
e a vida,
um diálogo sem palavras de corpos cansados.

Trago na pele pinceladas de Agosto.
Peço à noite que termine a tela
e sorrio ao ver-te chegar.

Até já...


©Graça Costa


QUERIA

Queria poder abraçar-te
com corpo de brisa
e pele de cetim.
Queria poder ser maresia
ou chuva,
ou orvalho,
lamber-te o rosto
e dissolver-me em ti.
Queria ser ave
com chilreio de pranto
e num doce balanço
aninhar-me em ti,
sussurrar-te o encanto
de noites sem fim.
Queria ser tudo
e o mais que inventasse,
Ser fonte,
sol,
curva na estrada,
onda do mar.
Queria,
e sigo querendo
que me queiras também.
E quando a ternura do fim da tarde
pousar no meu peito,
que este corpo vire chão sem pedras
e tu venhas,
como onda lambendo a areia,
morrer e renascer de novo
por mim...
em mim.

©Graça Costa
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domingo, 3 de julho de 2016

DIAMONDS


Deep in my skin
I feel you.

You made me your shelter
and your velvet bed,
your breeze and your morning song.

When the night falls,
our day begins...
slowly,
like a swan dance
on an autumn lake.

I feel your fingers
and your lips.
and even when you're not around
memories take your place.

I've got your name, your scent and your touch
engraved on my soul,
and with you
love has an all new meaning
and pleasure is an uncut diamond
waiting for the magic of our bodies together.


©Graça Costa


FOME

Sinto na pele a fome do teu abraço;
o calor das palavras ditas entre o beijo e o outro beijo,
entre o olhar e o sorriso
entre o afecto e a solidão.

Fome de palavras.
Das ditas e das por dizer,
das sentidas e das gritadas,
das largadas ao vento e das presas nos raios de sol,
das sussurradas e das inventadas,
pérolas displicentes
esperando o momento.

Gosto desta fome e alimento-a de mais fome,
pois é da dor que nasce o poema
e do poema nasce a canção
com que pinto os dias.

Pincel ou grafitte,
aguarela ou esquisso.

Pouco importa.
A fome tem muitas cores...


©Graça Costa
foto de web



sexta-feira, 1 de julho de 2016

SOLIDÃO


Só,
no meio da avenida,
rodeada de gente que não me vê,
apenas o meu espírito voa livre e solto
bailando com o vento,
vestida de brisa, sonhos e maresia.

Emoções contidas,
sorriso aberto,
corpo em chamas,
vertigem louca,
coração amortecido.

Vestida de brisa, sonhos e maresia
escuto a melodia que me envolve o corpo e o sentir
e nem noto que estou só no meio da avenida
rodeada de gente que me olha
mas não me vê.

Vagueio sem destino.
Rego o horizonte de lágrimas adocicadas,
cristais de saudade perdidos
serpenteando até ao rio das almas.
para descansar  no além mar.

Rito de passagem?
Dor de crescimento?
Solidão,
emoção,
cansaço,
tanto cansaço.

E de repente…
um quase nada que é um quase tudo
escondido no brilho do teu olhar.

Estaco no meio da multidão que não me vê
porque para ti eu existo.
Sorrio-te e sussurro.
Vem…
Quero ter-te por perto.


©Graça Costa


VIAGENS

Há livros que nos perseguem como se tivessem corpo.
Acariciam-nos como se tivessem mãos,
falam-nos como se tivessem boca,
roubam-nos a alma como amantes furtivos.
Há livros assim,
que nos arrebatam na primeira frase.
Neles mergulhamos,
com a sensual nudez do desejo.
Cada página, tem o aroma de amor acabado de fazer.
Cada linha tem a intensidade de um beijo
e cada palavra o calor da fusão da pele.
Existem livros assim.
Livros que nos envolvem o sentir
e nos deixam na pele marcas de vidas
que nunca foram nossas.
Magia das viagens
feitas na palma das mãos.
©Graça Costa
imagem da web