quarta-feira, 29 de abril de 2015

SEM AVISO

Quase sem aviso
o beijo aconteceu.

Como poema calado
cresceu lentamente,
maré mansa,
que vira fogo
ateado pela urgência do desejo.

Perdido na ponta do medo
surgiu assustado
mas logo se agigantou
explorando os sentidos
com mestria de escultor
e delicadeza de tela pintada a pastel.

Colou-me na pele pigmentos carmim,
sugou-me a alma e o sentir,
tornou-me amante insuspeita
de dias calmos e noites errantes
em que apenas o desejo tem voz.

E do beijo nasceu a entrega
e da entrega, a melodia dos corpos em chama...
poema vivo,
salpicado por gotas de mar,
em tons de êxtase .

© Graça Costa


                                                                Helena Wierzbicki

CAVALGANDO O DIA


Hoje o dia acordou com o sol na voz,
o esplendor  dos aromas primaveris
e a ousadia das promessas por cumprir.

Serviu-me gomos de magia
envoltos em doce de aroma
e despertou-me a fome de ter
a tua pele na minha pele.

Cavalguei o dia e voei com ele
sacudindo o medo de ser abatida em pleno voo
e a amargura das horas que passo sem ti.

Não sei o que fazer a esta urgência de amar
a este doce recordar
sem nome nem idade
mas a que chamo saudade.

A tarde vai caindo
terna e sonolenta como um abraço.

Observo-a com o brilho nos olhos
para iluminar a noite
e o caminho que te traga até mim.

Temos promessas por cumprir…


© Graça Costa


terça-feira, 28 de abril de 2015

DESTINY


I knew we were bound
long before we met.
Deep inside I felt your love
as a feather caressing my soul
and your voice whispering
smoothly in my skin
an unwritten song
floating in time
waiting for our embrace.

I knew we were bound
long before we met.
Fate put you in my path
in the most unexpected way
when days were grey
and nights were stormy.
You came and I was frightened.
Still, I've let you in...
bath myself me in your scent
and allow sparkles of happiness
to enlighten the room.

Love flew
like tides in summer nights
and I …
I surrender to your smile.


©Graça Costa


                                                                   by Jarek Puczel

TANTO

Amarra-me ao teu peito
para que o tempo não me roube de ti.

Cobre-me de luz e de esperança.
pinta-me o rosto de beijos maduros e generosos,
como as uvas dourados de Outono.

Amarra-me ao teu peito
e fica dentro de mim,
para que o tempo , seja tempo
mas não ladrão do meu Ser.

Sem ti os dias não nascem
e se nascem
não têm cor nem sabor
ou algo que me faça sorrir ou esquecer.

Amarra-me ao teu peito, meu amor
e espera na vereda da tarde
a hora dos dias sem hora marcada.

Espera...
e leva-me contigo
porque a vida corre veloz
e temos ainda tanto para nos dar.

©Graça Costa


                                                                 by Audrey DeFord

segunda-feira, 27 de abril de 2015

RECLAMO

 Fragmento de melancolia hesitante
bailando na envolvente métrica de afectos,
ora abruptos
ora serenos,
ora cantantes
ora dolentes.

Cansaço desta vida de maré mansa.

Reclamo o turbilhão da aurora,
o excesso dos sentidos,
o sabor dos beijos adiados,
o suor almiscarado dos corpos partilhados.

Reclamo-te na vereda dos sonhos,
na construção dos dias
e na desconstrução das noites.

Reclamo-te a ti, tinta na minha pele feita tela,
deleite do olhar,
alimento dos sentidos,
fome em contra-mão
esperando a noite que começa.


©Graça Costa

                                                                           loui jover


sexta-feira, 24 de abril de 2015

FICA

Bebe-me os sentidos
como se fosses brisa e eu fosse mar.

Saboreia-me a pele
como se fosse mel
e derrete-te nos meus olhos.

Deixa que a madrugada me inunde o Ser
e o dia surja com a serenidade de uma melodia primaveril.

Deixa...
mas fica,
que o corpo pede e a alma exige
a perene entrega dos corpos em chama.

Deixa-te ficar no meu corpo feito luz,
no meu peito feito cama
e quando o sono vier...
dorme...
mas fica dentro de mim

©Graça Costa



NAS TUAS MÃOS


Por entre a neblina bebo o teu perfil
sereno e brando como brisa de outono,
quente e suave como sol a caminho de adormecer.

Imagino a minha pele cantar sob o teu toque
e quase consigo sentir o sabor da tua boca
fogueira e fonte,
medronho e água mel,
arrepio e gargalhada.

Nas tuas mãos sou barro
arrancado às entranhas da terra,
mosto aquecido,
vulcão adormecido,
desejo em convulsão.

Chamo-te só com o brilho do olhar.
O vento entende o meu sorriso
e leva o teu nome para além da madrugada.

Aguardo…
e a espera é doce.

©Graça Costa

                                                                      Igor Goncharov


quinta-feira, 23 de abril de 2015

DESTINY


I knew we were bound
long before we met.
Deep inside I felt your love
as a feather caressing my soul
and your voice whispering
smoothly in my skin
an unwritten song
floating in time
waiting for our embrace.

I knew we were bound
long before we met.
Fate put you in my path
in the most unexpected way
when days were grey
and nights were stormy.
You came and I was frightened.
Still, I've let you in...
bath myself me in your scent
and allow sparkles of happiness
to enlighten the room.

Love flew
like tides in summer nights
and I …
I surrender to your smile.


©Graça Costa

                                                                 by Dorina Costras

ECLIPSE

Como num eclipse
as tuas mãos Lua
cobriram, lenta e serenamente
o meu corpo Sol.

Corpo diluído num abraço,
ternura ao segundo
vagando pela planície descalça.

O mundo parou
apenas para sentir
a magia do momento,
em que no dia feito noite,
morri e renasci
nas tuas mãos

©Graça Costa 


                                                      Impossible Love by Dorina Costras

quarta-feira, 22 de abril de 2015

É POESIA...

É poesia
uma lágrima orvalhada
suspensa nos cílios
daqueles olhos de mar.

É poesia
a imagem daquele corpo nu
iluminado pelo luar
numa noite estrelada.

É poesia
o percurso em direcção
àqueles lábios carnudos
humedecidos pelo desejo.

É poesia
ter-te nos meus braços
e tornar-me maré de afectos,
onda lenta,
maresia,
canção.

É poesia,
ternura,
paixão,
esta fome de desejo,
esta combustão dos corpos
perdidos na escuridão.

©Graça Costa


terça-feira, 21 de abril de 2015

FEED ME...


Gardener of my body
feed me...
the thirst is killing my being
and the absence of you tortures my skin.

Dont know if its day or night
or even if its cold or warm
but I bless the rain I sense in the horizon
and pray you feel it too.

Gardener of my body
feed me...
run throughout the landscape
and solte the rain for me.

Bring it safely in your lips,
and then...
slowly,
as in a caress,
dive into my body
made sea
only to shelter our passion.

Gardener of my body
please...
feed me.


©Graça Costa


ANTES QUE SEJA

Antes que seja tarde,
quero viver.
Antes que seja tarde,
quero saborear o amanhecer.
Antes que seja tarde,
quero sentir ...sentir muito.
Antes que seja tarde,
quero ser tudo aquilo que não fui
por  medo,
cobardia,
insegurança,
preguiça.

Antes que seja tarde,
quero a fusão da pele
o brilho dos sentidos
as palavras pensadas
mas nunca ditas,
o medo da perda
e o sabor da conquista
a adrenalina da luta
a insensatez da procura
a loucura do momento
o que fica depois da te ter.

Antes que seja tarde,
quero soltar as amarras,
olhar o horizonte
com alma de navegante
errante e inquieto,
galopar a brisa
partilhar com o vento
o desafio das marés
e partir.

Antes que seja tarde
quero viver...

©Graça Costa




segunda-feira, 20 de abril de 2015

FLUTUO

Flutuo na melancolia dos dias incertos,
no misterioso encanto da procura
e descanso no teu colo
quando a fadiga me invade o corpo e os sentidos.

Flutuo...
Procuro no outono da vida
a serenidade do trigo ondulando ao entardecer,
liberto-me das grilhetas do sentir
e sorrio de peito aberto à descoberta de mim
perante os teus olhos atentos
e a mestria delicada das tuas mãos.

Não sei se algum dia mergulharei na aurora boreal dos sentidos,
mas insisto em vestir-me de luz e mel,
soletrar melodias de tempos distantes,
algumas ainda por inventar,
derreter-me no teu corpo
e renascer com o entardecer.


©Graça Costa


TOMEI A NOITE NAS MÃOS

Tomei a noite nas mãos
e fiz dela cama
da nossa pele em chamas.

Desespero de alma
em busca do brilho no olhar
que nasce das entranhas do Ser
até se tornar fome por saciar
ou fonte de água fresca
para a tua boca.

Tomai a noite nas mãos
e deixei-me navegar no teu corpo feito mar,
no teu mel a transbordar.

Do olhar fiz o poema
e do poema a magia das noites eternas
em que da fusão dos corpos
explode a luz das manhãs
em horizontes distantes.

©Graça Costa

                                                                     Jessica Durrant 

domingo, 19 de abril de 2015

NA MINHA PELE

Bebe-me o néctar da vida
e perde-te na minha pele.

Que o desejo seja chão
e a paixão o enredo
de uma peça em dois actos
de começos e recomeços.

Perde-te dentro de mim
para que eu sinta que sou o teu lar,
ou a tinta 
com que pintas no meu corpo
 as palavras do poema por inventar.

Que ele nasça
em forma de dança lenta 
de corpos, dedos, gemidos
e olhares perdidos na escuridão.

Que venha com  maré dos sentidos
e se torne sonho,
prenúncio de abandono
da minha 
na tua pele.


©Graça Costa



sexta-feira, 17 de abril de 2015

NEED TO REST


My love i need to rest,
but rest is an extension of your smile,
a mixture of your lips in my skin and your arms around my neck.

My love I need to sleep
but sleep are nightmares without your shoulder as a soft tender pillow.

My love…
ask for my autumn leaves dress so full of memories.
See how each one of them have a story to tell
and a smell of honey inside each letter.

Let me go …
to those far horizons
where the feelings have no name
and language is the softness of the skin,
the bright shine of the eyes
and the purchase of passion in every breath.

My love…let me go
but please lead the way.
Once we arrive
i will feed you with my autumn leaves dress,
till my nudity explodes in your arms.
Then I’ll be complete
and I can rest.


©Graça Costa

NA TUA AUSÊNCIA

Perdi-me na tua ausência 
e nela teci labirintos de dor,
malhas de tristeza,
ilusões de ternura quase esquecidas.

Perdi-me na tua ausência
e nela construí telas de alabastro carmim,
como feridas abertas
em peito nu.

Perdi-me na tua ausência 
e nela vagueio
como naufrago em ilha virgem.

Na tua ausência
torno-me poema,
lamento,
canção,
estrada sem rumo,
fúria,
grito,
convulsão.

Perdi-me na tua ausência
e colei-a na pele 
como tatuagem.

Com ela vivo,
por ela respiro,
a ela me dou...
e sorrio...
porque sei,
que andas por perto.

©Graça Costa


LIBERTAÇÃO

Soltei-me do manto negro da dor
e parti rumo ao alvorecer da esperança,
Rubro,
intenso,
generoso,
como generoso
o abraço que pressinto no teu olhar.

Soltei-me do manto negro da dor
deitei-me na vereda do sentir,
deixei o sol matizar-me a pele
e os teus dedos fazerem dela
tela de uma primavera anunciada.

Do manto negro
fiz céu
e nele plantei as estrelas
que hoje me brotam dos olhos
e me iluminam o ser.

Soltei-me do manto negro da dor
e do meu corpo fiz chão
para beber a chuva do teu.

Bênção do amor feito promessa.
Sementeira de afectos
corpo aberto à fruição.

©Graça Costa

                                          Maria Morales; Oil, 2010, Painting "Celebration" 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

MAGIA DA NOITE

A noite fecha a porta
e o nosso mundo transforma-se.
Os olhares cruzam-se
a brisa sussurra
e o fogo levanta.
Há um sabor a fusão de corpos
na boca e no chão,
coberto de flores
pela tua mão.

Vida vivida ao segundo
quanto te tenho por perto.
Toda eu sou alma,
lamento,
grito,
chama,
ternura aos pedaços
eterna...

Alquimia dos sentidos
na curva do fim da tarde,
quando a noite fecha a porta
e eu me dou por inteiro.

Memórias da espuma dos dias
gravadas no arrepio da pele
molhada pelos teus lábios
brilhando...
como estrela perdida nos céus...

©Graça Costa



ASKING FOR A MIRACLE

Sweeter is the night when I hold you in my arms.

Peaceful,
the skin mumbles melodies from distant lands
where passion flutters in wild fields
as the bird of spring.

Sweet touch of your fingers
and the hot wet texture of your lips
running through my body like tides.

Come sweet night ...

Come witness the magic of these bodies made water
by loving one another for so long.
See how they melt,
and how they glide at night
mingling with the sea air and the stars in the sky.

Hear their moan,
and please...
ask the dawn that rises
the miracle of rebirth
just to see them once again.


©Graça Costa

                                                                   by Irina Karkabi

quarta-feira, 15 de abril de 2015

AQUI ME TENS

Aqui me tens
de cara lavada e alma nua.
Aqui me tens ,
resplandecente de esperanças e memórias,
gritos surdos na garganta
e melodias no olhar.
Aqui me tens,
com o desejo à flor da pele
e uma girândola de afectos
pendurada no peito.

Ama-me como fores capaz.
Liberta-me das noites sem luar.
Polvilha-me o corpo de estrelas cadentes
e quando ela morrerem no horizonte,
que a tua boca seja o guia  da noite,
e o meu corpo
a tua bússola, barco e leme
numa viagem só de ida.

Aqui me tens
neste mar revolto dos dias agrestes
em que sou tranquilidade de tardes de outono,
paredes meias
com a noite que teima em não me ver.

Aqui me tens...
Ama-me se puderes,
ou então deixa-me ficar
na curva do fim da tarde
onde a morte por vezes passa
e costuma ser branda
para os corações sem dono.

©Graça Costa


terça-feira, 14 de abril de 2015

RECOMEÇAR

Os seus olhos eram oceanos de perda, mágoa e dor.
Cada lágrima trazia consigo
páginas de uma vida de sobressaltos e eternos recomeços.

A pele cheirava a fome
mas apesar da fragância triste
podia nela intuir uma subtil serenidade,
misto de canela e maresia
com um leve toque de saudade.

De quando em vez as comportas do olhar cediam,
incapazes de suportar a dor de feridas esfregadas com sal.
Dor forte,
intensa,
franca,
honesta,
como todas as dores do crescimento,
com a sua musicalidade hesitante
e a sua métrica envolvente,
quase sufocante.

Os seus olhos oceânicos
gritam o fim de uma vida vivida em maré mansa,
reclamam o turbilhão da aurora que nasce no coração da tempestade,
mergulham em busca dos excessos dos sentidos
e da urgência dos beijos adiados.

Os seus olhos de perda, mágoa e dor
procuram-te na vereda dos sonhos,
na certeza que só contigo,
o comum se torna extraordinário
e o viver ganha Luz.


©Graça Costa

                                                            Solitude by Gary Leonard


COISA BOA

Se eu soubesse definir o amor
seria triste, porque pequeno.
Se eu soubesse descrever o amor,
a pagina estaria em branco
e eu estaria a sorrir.

Como definir aquele segundo em que o mundo pára ?
Como descrever o arrepio na pele ?
Como dizer a doçura da tua boca?
O agridoce meio selvagem da pele molhada,
depois de me perder no teu corpo ?

Não sei…
Mas se soubesse
não o diria…

Não... não o diria.
Cada um sabe quando e como sente
as subtilezas do prazer partilhado.
Cada um sabe o mistério,
a magia,
a paixão contida na eternidade daqueles momentos.

Coisa boa…
o sentido da vida em forma dual.
Prazer da descoberta
em cada dia que nasce.


©Graça Costa

                                                        Malcolm Liepke, Sea of Blue 2014

segunda-feira, 13 de abril de 2015

COMBUSTÃO

Cobre-me o corpo
como a noite cobre o entardecer.
Lenta e suavemente
ateia o fogo
que me consome a pele
sedenta das tuas mãos.

Deixa que dele brote o sal da vida
e que os olhos se iluminem
com a magia produzida
pela maré dos corpos em conbustão.

Que a nossa cama
seja uma mar de giestas em flor
e no meu corpo floresça
um campo de papoilas
pintadas pela fome dos teus lábios.

E quando finalmente
o fogo se tornar cinza,
que ela seja fermento de dias brandos
e noites inquietas,
prenhes de descobertas
sem princípio nem fim,
apenas paixão,
extase
e fruta de verão

©Graça Costa



FROM TIME TO TIME

From time to time
I feel blue
like if a perpetual night
covered my being.
From time to time
I feel the rainbow on my cheek
like if spring
flourished in my hair
From time to time
I feel free
like a reckless peacock feather
blown away by the wind.
In those days
I feel like dancing
and allow myself
to feel...
deeply,
intensely,
with every skin pore.
From time to time,
life seems to stop.
and in those precious moments
all I want
is having you...
under my skin.


©Graça Costa


O MEU AMOR

O meu amor,
tem mãos de silêncio rompendo a aurora.
Traz na pele a brisa do vento
e no olhar a promessa de dias calmos.

O meu amor,
traz a saudade na ponta dos dedos
e a ternura nos lábios de dor.
a mim se oferece como em oração,
despojado de tudo,
fruta madura por colher.

O meu amor,
traz colado na pele
o grito da paixão contida
e no peito o desespero da partilha.~

O meu amor,
dorme no meu peito.
Bebo-lhe o semblante
e parto com ele com asas no pés,
em busca de outras paisagens
em que mesmo nua,
me sinta vestida
de paixão e de esperança.

©Graça Costa


FIM DE TARDE

Fim de tarde.
Sensação estranha de perda
como se do dia
restasse apenas o lento arrastar das horas.

Nem uma chama,
nem um sorriso, 
nem uma nuvem em forma de pássaro a convidar ao sonho.

Fim de tarde inóspito,
avarento
preguiçoso
sem cor, 
sem vida,
sem chama.

Procuro nos recantos da memória 
a causa de dias assim.

Será tristeza?
Saudade?
Nostalgia de estar sem ti?

Apressa-te, fim de tarde...
abraça o sol e corre para lá do horizonte.

Deixa que do leste ou oeste distante
a noite venha com seus passos de dança lenta e insinuante.

Deixa-me fechar os olhos e adivinhar-te a chegar.
Deixa-me antecipar o calor da tua boca e o toque da tua pele.

Deixa-me agora ser triste 
mas plantar o brilho no olhar.

A noite é já ali...
e tu estás a chegar.

©Graça Costa


sexta-feira, 10 de abril de 2015

LET ME...

Let me melt with the silence
bath me with treasured memories
lick the honey from the raindrops
and smile like a child in a funfair.

Let me melt with the silence
be your white sheet of paper,
your path,
your poem
yet unwritten.


©Graça Costa



NO TEU CORPO


Quando no teu corpo me dissolvo
encontro sabores inesperados.
Menta, canela
Pimenta, chocolate,
Hortenses e rosas carmim.

Neles viajo
vagabunda de mim
imerso no  êxtase hipnótico que a tua pele me estende.
Não sei se fuja ou se arrisque ficar,
ousar desafiar os limites desse corpo que conheço,
e desconheço,
que me chama e me recusa.

Quando no teu corpo me dissolvo
o corpo deixa de ser corpo
o apenas a magia do sentir
toma conta do momento
que de tanto ser Luz
se torna lamento,
tortura,
maré de sentidos
perdidos no tempo.

©Graça Costa






quinta-feira, 9 de abril de 2015

LOVE...


Love the light and warmth of being in love.
Love the glowing eyes and shiny skin.
Love the sugary breeze,
the smell of tenderness,
the caresses,
the gentle touches of skin,,
the chill in the stomach,
and even love the tears after love.

Love…
you and I
lost in the horizon of feeling
running away from the days,
far from nights or dawns.

Need nothing more than your hands in my body,
nothing more than your eyes slowly undressing me,
nothing more than sleep with your arms around me
and awake with your lips making love with my skin.

Love...
The drunkenness of being…
melody of living
written in four hands.


©Graça Costa


ESCREVO-TE

Escrevo-te
porque as palavras não chegam para o que sinto…
são pequenas e banais
gastas,
supérfluas ,
incoerentes, frugais
e eu preciso delas fortes,
intensas, enormes,
eruptivas,
terapêuticas,
balsâmicas.

Escrevo-te porque as palavras que tenho para ti não têm nome.
trago-as embaladas  no peito,
presas  na garganta, 
gravadas na pele,
como gotas de suor após a tenaz luta do amor.

Escrevo-te com a alma nas mãos
esperando que me estendas as tuas.
Que me agarres ,
que me envolvas,
que me penetres os sentidos
com a emoção da aurora rompendo o dia.


Escrevo-te,
porque os meus olhos estão mudos
e a boca  grita silêncios vários.

Só estas mãos insistem em riscar o papel
na implacável dança de aromas e sons com que construo os dias.

Escrevo-te para que me recordes assim.
despida de tudo
despida de mim,
barro nas tuas mãos,
mosto por fermentar
aurora boreal
em noites por inventar.

©Graça Costa 









A TI ME ENTREGO


Filha da terra
me entrego ao rio de energia que banha o sentir
e me enche o corpo de luz,
fome de partilha,
cor e aroma de paixão.

Pobre de quem vive sem viver.
Pobre de quem ama sem sofrer.
Pobre de quem ouve sem escutar.

Filha da terra me entrego  à vida.
Barro a ser moldado pelo sentir,
pelas  tuas mãos feitas extensão de mim.

Filha do Universo sou.
Partícula de amor suspenso,
difuso,
cristalino,
elemento dos elementos
com que a vida se constrói.

De amor me visto.
Nua me entrego.
Toma-me... e torna-me tua,
até à eternidade do amanhã por inventar.


©Graça Costa


terça-feira, 7 de abril de 2015

FAROL


Tem dias em que o vento me sopra na pele o calor da tua voz.
Entoa cânticos serenos,
como sereno o teu toque
liberto de mágoas e dores,
quase magia
brisa sem chão.

Nesses dias quero que venhas
e me tornes  prisioneira dos teus lábios.
Vem e envolve-me na noite que desperta,
sê meu farol
o meu guia
de caminhos incertos
escondidos na maresia.

Vem, que o frio aperta
e a fome tem o teu nome
escrito na coberta.


©Graça Costa

                                     Allison Rathan; Watercolor 2013 Painting "Raven"

ETHEREAL


I'm an ethereal being
with an ethereal beauty
and an eternal soul.
Sometimes feel like a poppy
or a shooting star
a dewdrop
or a soft kiss on a icy night.

An ethereal being I am
like all of us
thats why I live the doubt
of being with you tomorrow
with the sense of perpetual loss.

And so I  love you
deeply,
with all my skin pores
and each moment of the day.

Engrave your face on my mind
to take you with me
when the non tomorrow comes
steal me from you.


©Graça Costa


segunda-feira, 6 de abril de 2015

AQUELE DIA

Um sorriso iluminou-lhe o rosto
ao sentir o sol acariciar-lhe o corpo,
como mãos de amante experiente.

Lenta e dengosamente espreguiçou-se,
rolou sobre si mesma e deixou-se ir.

Adormeceu com aquela imagem na retina:
o sabor do beijo,
o toque da pele na sua pele,
a magia da fusão dos corpos ao luar.

Adormeceu levando no sono e no sonho
o sorriso com que brindara o sol que lhe banhara o rosto.

De repente deixou de saber
se era sonho,
delírio ou vida.

Sabia apenas que sentia
e se sentia tinha que ser verdade.

Enroscou-se naquele corpo feito mar só para a receber
e deixou -se levar pela maré dos sentidos,
até ao amanhecer ...

© Graça Costa

                                                                 By David Agenjo 






BEFORE I SEE YOU


O BEIJO

Imaginou-o adocicado,
lento
morno
perdido.

Desenhou-o perfeito
macio
envolvente
como pluma na brisa.

Sentiu-o carente
faminto,
desconcertado,
medroso.

Acariciou-o 
contra o peito
molhou os lábios 
e num impulso quase infantil,
matou-lhe a sede de mel.

Mudou-lhe a vida 
aquele beijo
que hoje tem lar,
 lhe ilumina o olhar
e se repete
a cada instante
em que o recorda.

Imaginou-o.
Desenhou-o.
Acariciou-o,
Bebeu-o com a calma e a ternura dos amantes em pressa.

Ah...aquele beijo tem a nossa história, escrita na memória dos dias.
Eterno,
mágico,
tão nosso...

©Graça Costa


quinta-feira, 2 de abril de 2015

PRECE


Doce a noite quando me enrosco nos teus braços.
Em paz,
a pele murmura melodias de terras distantes
e a paixão flutua por campos silvestres,
qual ave do paraíso.

Doce,
o toque dos teus dedos,
a textura quente, húmida e suave dos teus lábios
percorrendo o meu corpo como marés.

Vem, noite…
Vem testemunhar a magia destes corpos,
que de tanto se amarem  se tornaram maresia.
Vê como se mesclam com as estrelas
e sussurram ao amanhecer.

Vem…
Ouve o seu lamento gritante
o desespero da perda
e pede ao vento  que anda por perto
que lhes conceda o milagre
dos eternos retornos.


©Graça Costa


                                                                by Harding Meyer

PINCELADAS


Trago na pele
pinceladas de Agosto
tatuadas pelos teus dedos .

Na boca,
o sabor a Maio
e paisagens de Outono a dançar-me nos olhos.

Moldados pela brisa
passeiam-me pela face
sorrisos rasgado de memórias.

Dos sonhos, com travo a canela
guardo a textura dos dias passados  enleada nos teus braços,
quando o futuro era uma tela em branco
e a vida,
um diálogo sem palavras de corpos cansados.

Trago na pele pinceladas de Agosto,
carregadas de ternura e melodias de água fresca.

Bagagem doce num jardim sem tempo
ancorada nas malhas que a vida tece.


©Graça Costa


quarta-feira, 1 de abril de 2015

IN YOUR HANDS


From the mist drink your profile
serene and mild as autumn breeze,
warm and soft as the sun path from sleep

I imagine my skin sing under your touch
and I can almost feel the taste of your mouth
fire and fountain,
arbutus and honey water,
shiver and laugh.

I am clay in your hands
just boot into the bowels of the earth,
heated wine,
dormant volcano,
desire in upheaval.

You only call with glitter look.
The wind understand my smile
and takes your name to the ends of being.

I wait ...
and the waiting is sweet.


© Graça Costa


                                                                       by Saatchi

MEDO

Sinto a correr-me nas veias
o grito do silencio
sufocado nas entranhas da terra.

Pó diamante,
Carícia,
Loucura,
Vento,
Canção,
a beleza do grito do silêncio que calo
causa-me  estranheza,
quase dor,
comoção.

Com ela espalho magia,
poema, melancolia,
em fim de tarde marcado
pela fome do amor que promete.

Em noites de aurora boreal.
sinto correr-me nas veias
o grito do silêncio que pressinto nos teus olhos…
e tenho medo.

Medo que eles quebrem,
que soltem as amarras que te prendem a mim
e eu fique só
nesta luta contra o vento que galga no horizonte.

Medo que fiquem apenas as memórias…
 do grito do silêncio,
do pó,
das carícias,
da fome,
da magia.

Memórias…
partículas de sonho,
vividas sem ti.


©Graça Costa

                                                           © Jarek Kubicki ‘2014 photography,