terça-feira, 31 de maio de 2016

VONTADE

 Existe no silêncio
um luar de nuvens mansas
uma alma secreta de murmúrios vestida
uma doçura tamanha,
que só de o prever já me embalo
do seu sentir.

Só quem conversa com o silêncio
tem alma para sentir o poema
que antes de o ser já dança na retina
já penetra a pele com a intensidade de um beijo
e desperta a fome do amor vivido em firmamentos distantes.

Oxalá a noite me doure os sentidos,
me crave na pele a vontade de me dar
e que o canto da minha voz, não seja voz
mas pele…
sedenta de outra pele.


©Graça Costa
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A QUEIMAR POR DENTRO


Hoje acordei a queimar por dentro,
a alma num sobressalto
e a vida suspensa
num não sei quê de esperança.

Hoje acordei com a pele em chamas
fogo no olhar
e uma generosidade no abraço
com que recebi o amanhecer.

Hoje o dia nasceu sereno
e eu renasci com ele,
mais terna,
com a suavidade de uma onda lambendo a areia
ou uma borboleta namorando a flor do verão.

Hoje,
foi um ontem com fé no amanhã,
com fé em mim.

E foi assim,
que o acordar a queimar por dentro,
foi apenas o sinal
de que aquele dia.
era dia de tentar ser Feliz...


©Graça Costa

                                                                  Anna Bocek


segunda-feira, 30 de maio de 2016

SEM RESERVAS

Acolhe-me no teu corpo
como se fosses berço para o meu descanso.

Embriaga-me de carícias e palavras soltas,
doces, ternas, serenas,
mesmo que sem sentido.

Coloca na voz
a musica das almas cansadas,
e acolhe-me no teu corpo
como se fosses mar
e eu maré,
como se fosses onda
morrendo na praia
e eu a praia para te receber.

Acolhe-me,
que eu a ti me dou
sem medos nem reservas,
corpo aberto ao encontro de almas
que só a ternura percebe.




©Graça Costa
imagem da web



PRECISO DE TEMPO

Preciso de tempo para te construir dentro de mim.

Preciso de tempo para colorir a esperança.

De ti,
recebi as tintas
com as cores da paixão
e as tonalidades do amor sem tempo.
Recebi, também os pincéis,
dedos em forma de ternura
trazendo luz e calor
à escuridão dos dias incertos.

Agora...
agora preciso de tempo.

Tenho este corpo tela
suplicante de vida,
gemendo a dor da tua ausência.
Tenho também as memórias
das carícias prenhes de cor e fantasia.

Preciso de tempo
para te construir dentro de mim,
e depois deixar fluir o amor
que um encontro improvável  tornou certeza,
ternura,
porto seguro,
paixão
eternamente inacabada
pelas nossas mãos.

©Graça Costa





WAITING FOR YOU

Slept peacefully
and the wind blew me your name.

At once, the skin came alive.
the look became bright and colorful
and the harbinger of the coming
filled the room.

Slept peacefully
and I did not want to break the magic of waiting.

Closed my eyes ...
filled the time of smells and sounds...
of your laughter
of your perfume.

I hung in the senses the urgency of desire,
on the lips, the hunger,
in the look, the desire
and I waited...
because waiting is tender and sweet
when I'm waiting for you.


©Graça Costa

                                                                  Loui Jover

sexta-feira, 27 de maio de 2016

MOMENTOS

Há momentos que valem vidas.
Pela intensidade,
a magia,
a inconstância,
a doçura,
a leveza,
o carinho
e por vezes, até mesmo a dor.
Há momentos que valem vidas,
pelas marcas que deixam na pele,
na retina,
na alma,
no peito...
memórias que o tempo não mancha
nem o futuro apaga.
Momentos...
Fragmentos de vida vivida em segundos,
partículas de paixão
gravadas nos sentidos,
como tatuagens.
Momentos...
efémera eternidade
guardada na palma da mão.

©Graça Costa


A ESPERA

Presa à saudade esperei a noite
em que o teu peito seria cama para o meu descanso.
Vesti-me de festa, com fios de ausência
e no esplendor da nudez
entreguei o corpo à brisa
que te traria até mim.
A brisa veio,
carregada de silêncios e presságios febris,
ao mesmo tempo que o sol morria
pintando o céu de vermelho sangue,
receios e sussurros magoados.
Quis sorrir, mas o sorriso morreu-me na garganta.
Só os olhos falavam
dizendo tudo o que eu não queira ouvir.
Fechei-os os olhos em prece
e do fundo do Ser, gritei à noite
que te trouxesse até mim.
Em sonhos, escrevi na pele
um daqueles diálogos só nossos
em que a magia dos corpos se torna sinfonia.
Esperei…
E só eu sei se vieste.

© Graça Costa


terça-feira, 24 de maio de 2016

SEM RESERVAS

Acolhe-me no teu corpo
como se fosses berço para o meu descanso.

Embriaga-me de carícias e palavras soltas,
doces...serenas,
mesmo que sem sentido.

Coloca na voz
a musica das almas cansadas
e acolhe-me no teu corpo
como se fosses mar
e eu maré,
como se fosses onda
morrendo na praia
e eu a praia para te receber.

Acolhe-me
que eu a ti me dou
sem medos nem reservas,
corpo aberto ao encontro de almas
que só a ternura percebe.


©Graça Costa


ONDE A SOLIDÃO TERMINA

Deixaste-me na boca um sabor a espanto
e na pele a súplica do desejo inacabado,
a fome do mais que o dia levou.

Deixaste-me no olhar um sopro de maré viva,
uma tempestade de afectos incontidos
clamando pela noite
ou tão só pelo som dos teus passos na escuridão.

O dia passa,
lento e soturno
mas dentro de mim bate o sol
e, com lábios de silêncio
e o paraíso no olhar
deixo o fogo envolver-me
na espera do tanto que te quero.

No horizonte o dia cai,
deixando no ar promessas guardadas
no ontem que não chegou a ser.

Espero-te,
para que me abraces onde a solidão termina
e me envolvas no sereno rendilhado
dos dias sonhados antes do amanhecer.


©Graça Costa


segunda-feira, 23 de maio de 2016

O POEMA

O poema nasce de um quase nada
onde cabe um quase tudo.

Nasce de um som,
um gemido,
uma lágrima,
um sorriso,
uma porta entreaberta
cheia de sonhos secretos,
uma carícia,
uma flor,
uma palavra
ou apenas cor.

O Poema é dor e espanto
alegria,
desencanto.

É silêncio em que me escondo;
é chama
desejo, paixão,
encontro, desencontro, vulcão.

Nasce de um quase nada
onde cabe um quase tudo.

Com ele me visto,
porque dele sou
refém,
irmã,
amante.

©Graça Costa







ENTARDECER

O entardecer insinua-se na languidez dos tons
e nos aromas carregados de esperanças.

Os sentidos envolvem-se num drapeado de sons,
cores,
emoções e calma.

Prenúncio de noite,
envolto na maciez de um beijo ainda morno.

O entardecer insinua-se na planície
e eu sorrio ao joio dourado que me beija a pele
como amante que chega de longe envolto em saudade.

Fecho os olhos e bebo horizonte
como quem bebe a vida
no trinar do pássaro que voa para longe,
à procura de um novo entardecer
e adormeço nos teus braços.



©Graça Costa




domingo, 22 de maio de 2016

ÉPICO

Seda,
cetim,
veludo,
brocado,
marfim.
Não sei como dizer a tua pele.
Esse mar onde me perco e me encontro,
onde me invento e descanso.
Essa pele que me fala,
mansa e docemente numa língua por inventar
mas que me entende e responde
com a languidez do olhar.
Não sei como dizer o teu aroma de jardim silvestre,
mar revolto,
terra lavrada,
oriente mágico, quase alucinante.
Não sei.
Não sei, mas sinto o épico deste sentir,
a ternura deste saborear-te,
sem ter que te dar um nome.

©Graça Costa
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IS IT POETRY ?

 Is it poetry
your cashmere skin
under my fingers ?

Is it poetry
your tears of pure surrender
Velvet pleasure
on a starry night ?

Is it poetry
contemplate the surface
of your naked body
bathed by the sunset
on the river shore?

Is it poetry
when I touch you
and you stop breathing
just to feel more deeply
more intensely ?

Is it poetry
those whispers
melting with the moonlight
while our bodies merge?

Its poetry
magic, passion or a sin ?

I really dont care
because love shows itself in mysterious ways
and I believe
that poetry is that strange language
of enlightened souls
who see beauty beyond words.


©Graça Costa


ILUSÕES


Pelo meu corpo vagueiam ilusões,
carícias de outono envoltas em luar,
pacientes e ternas como canções de embalar.

Com elas converso,
saltando estações que se tornam eternas,
coladas na pele pela magia dos afectos.

 À sombra das estrelas
colecciono sonhos envoltos em  lã colorida
como arco-íris em dia de invernia.

Por vezes parto em viagem por dentro de mim.
Viajo pela noite trauteando os minutos
em busca do sono que teima em não vir.
Vida e viagens,
alimentados de tempo e partilha.

Depois paro e descanso .
Abraço os sonhos
e espero pelas tuas mãos
para embalar o sono.


©Graça Costa



sábado, 21 de maio de 2016

GOSTAVA DE TE DIZER

Gostava de poder dizer-te
que o amor que sinto é do tamanho do universo,
mas não posso...
O universo pode ser demasiado pequeno
e tenho receio de errar.
Gostava de poder dizer-te que o desejo que sinto
tem a magia de uma manhã clara,
mas nunca fui manhã e não sei definir essa magia.
Gostava de poder dizer-te que a felicidade é eterna,
mas sei que não é...
tal como sei que as palavras que escrevo
são apenas letras pintadas de emoção
e embrulhadas em cetim.
Por isso não te digo o amor que sinto.
Deixo que o descubras
e que o digas por mim.

©Graça Costa



sexta-feira, 20 de maio de 2016

A FÉNIX

Trazia no olhar o lamento das aves prevendo tormenta
e nas mãos fechadas a esperança do ultimo raio de sol
adormecendo sobre o mar.

Queria soltar o grito, mas emudecia
deixando que a ternura guardada no peito
fizesse cama no silêncio da voz.

Trazia quimeras entrançadas nos cabelos,
enfeitadas de malmequeres e violetas.

Nos lábios, papoilas silvestres salpicadas de orvalho
como se tivesse sido beijada pelo amanhecer.

Olhá-la , só por si era um poema,
sinfonia,
sonata,
paixão.

Trazia no olhar o lamento das aves,
e no corpo a magia de uma fénix
querendo voar.


©Graça Costa


quinta-feira, 19 de maio de 2016

PERFUME DE POESIA

Encontrei um perfume de poesia no teu olhar.

Sem saber como defini-lo
estendi-lhe o sorriso e bebi-o,
lentamente,
em silêncio,
como num ritual sagrado.

Saboreei cada trago
com a dolência da paixão imprevista
e deixei-me levar pelo arrepio,
pela eternidade do momento.

Encontrei um perfume de poesia no teu olhar.

Vieste sem aviso,
mas com a força de uma maré viva
e eu recebi-te, com a ternura de uma onda a beijar a areia.

Sem saber como te responder,
vesti-me de lua
coloquei nos cabelos pétalas de orvalho
e dei-me ao teu olhar em oferenda.

Depois anoiteceu…
e a noite é cúmplice de amantes inquietos.


©Graça Costa

                                                               Ira Tsantekidou

A NOITE E O MAR

Tem dias em que me perco olhando o mar.
Nesses dias torno-me onda,
maresia,
estrela do mar,
espuma,
concha,
búzio,
coral.
Acaricio a areia como se fosse pele,
beijo o sol como se fosse boca
adormeço o olhar e sonho.
Sonho,
sonhos impossíveis,
momentos felizes sem porquês,
abraços apertados sem razão,
explosão de vida,
melodias,
canções.
Tem dias que me perco olhando o mar.
Nesses dias sou feiticeira de milagres,
bordadeira de ilusões,
mulher inteira,
paixão,
amante,
poeta,
em busca do esplendor da noite
e do calor das tuas mãos.

©Graça Costa
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quarta-feira, 18 de maio de 2016

LEVEZA

Subtil
a brisa que me beijou o rosto.

Na sua singeleza,
traz a leveza da ternura
pontilhada de raios de sol,
tímidos como o despontar das paixões.

Na sua leveza me embalo,
me perco e me encontro.

Vida,
leve como a brisa que me beijou o rosto,
doce,
como o toque dos teus lábios.


©Graça Costa




DROPS OF LIFE

( When dreams come true !!!) - page 27

Afar
the shadow of a naked body
invaded the landscape of promises.
I felt your eyes stuck on me
and began to melt inside even before the taste of the kiss
or the gentle touch of your fingers.
I felt,
but didn´t say a word.
Fed the dream with a gentle body language
somewhere between dancing and waving,
a subtle invitation to reveries and dreams lived or yet to be lived.
Feel you
but do not want to see you.
Just feel,
loose myself in you
like a castaway reaching a safe harbor.
Love me.
Free yourself from the fears
of some tomorrow that may not come
and love me
until the night begs
the weariness of senses.
©Graça Costa



terça-feira, 17 de maio de 2016

MEU CORPO

Meu corpo,
página em branco nas tuas mãos,
beijo para lábios incertos,
ora meigos,
ora urgentes.

Meu corpo,
tela de textura suave,
algodão,
linho,
cetim,
desafio que te ofereço,
por inteiro,
para que nele te percas
e te encontres.

Meu corpo,
teu,
para que desfrutes,
saboreies,
te alimentes,
me alimentes,
me sacies a fome de te querer
e me coles na pele,
a urgência do recomeço

 ©Graça Costa




TECENDO SONHOS

Passei a noite tecendo sonhos.
No teu abraço senti a protecção da ousadia
e ousei.
No teu calor senti a força da ternura
e descansei
No teu olhar preso no meu, senti a magia do amor
e fiquei.
Passei a noite tecendo sonhos
qual renda de bilro envolta em sábias mãos.
Teci-os brancos e coloridos
esborratados, divertidos
por vezes encantados
outras apenas sentidos.
Passei a noite tecendo sonhos
e a levei-os no peito ao acordar.
Deles me alimento
rego a vida e o olhar.
Com eles faço o caminho
que me ajuda a caminhar.
©Graça Costa
Tela - João Costa Rosa ( MEU FILHO )


sábado, 14 de maio de 2016

AMANTES EM TEMPO

Partiste,
deixando-me um desejo tardio no corpo.
O, até logo, sussurrado
deixou no ar um aroma de promessas
e no olhar uma paixão por cumprir.

No beijo,
ficaram as palavras por dizer
na pele as carícias por sentir
e na alma o amor revisitado
que a noite sempre me traz.

Foi então que a magia aconteceu,
e o dia fez-se noite
somente para eu te ter.

Senti-te chegar
e sorri.

Soltei o corpo
e deslizei para o horizonte selvagem,
onde os sonhos ganham voz
pelas mãos dos amantes sem tempo.

©Graça Costa 



sexta-feira, 13 de maio de 2016

HERE I AM


Here I am,
crushed in the desire of who I am
and of what remained after you;
curled up on the wail of hope
who died before being sea.

Here I am,
with the thirst on the edge of skin
and hidden hunger in reason that is no longer there.

Story unwritten, although dreamed,
unlived, yet already felt,
designed at dawn deflowering the night.

Here I am in this passage of me
in this search of us
and of each tomorrow we invented,
on every  morning.

Here I am,
in the splendor of nudity in late afternoon
waiting for the magic touch,
of your skin,
on my skin.


© Graça Costa


                                                                      Mekhz



VOU

Com a poeira da espera
enfrentei o corpo nu transcendente de afectos.

Que amante é esta
que o amante espera,
em súplica,
quase prece ?

Que viver é este
prenhe de desejo,
alma na voz
e pele em chamas ?

Aguardo,
com o corpo raiado de estrelas em dor
e o olhar crivado de esperança
pelo entardecer que me mereça.

No fio da noite
a brisa impele-me o voo.

Não sei se fique se ouse.
Lá longe sinto o ritmo compassado de ti,
que num sussurro hipnótico me chama.

Tremo na antecipação de te ter,
e de sorriso em riste,
vou ...

©Graça Costa

                                                            Helena Wierzbicki;

quinta-feira, 12 de maio de 2016

BRISA


Hoje vesti-me de vento,
penas e luz.

Parti com a alma em chamas
e o coração cheio de ti.

Com a magia que trago nos olhos,
desenhei um lago repleto de flamingos eternos,
cama para o meu cansaço,
depois de te ter.

Hoje, vesti-me de vento
mas, depois acalmei
e agora, sou apenas
brisa
a dançar-te na pele.

©Graça Costa
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SE

Se eu pudesse ser mar,
inundaria o teu chão com a força das marés.

Se eu pudesse ser lua,
criaria um espelho de luz só para te iluminar o Ser

Se eu pudesse ser a chuva,
alimentaria a tua pele com a seiva mais pura
e a tua alma com lágrimas de fé e de esperança.

Se eu pudesse ser fogo,
cobriria o teu corpo com o calor eterno de ternura
e a magia serena da entrega.

Da fusão dos elementos renasceria,
qual fénix,
ou qual miragem de outonos silvestres,
onde morte e nascimento se mesclam,
reinventando o Amor 
em cada amanhecer

© Graça Costa
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CREPÚSCULO

Carregava o crepúsculo no olhar,
quase fardo,
quase dor,
quase esperança.

Como numa melodia de saudade,
sussurrava palavras de silêncio
envoltas em lágrimas,
e seu corpo ondulava
como numa quase perfeita
imagem de oração.

Ela carregava o crepúsculo no olhar
mas, quando sentiu o apelo da noite,
deixou o corpo flutuar
como uma pena ao sabor da corrente.

Deslizou para o colo daquele anjo,
com os braços de ternura e pele de cetim
e ali ficou, saboreando o dia que adormecia

Cansaço.
Era tanto cansaço,
que as estrelas brilharam mais forte,
apenas para lhe  iluminar o sono.


©Graça Costa

                                                                Stefan Kuhn

segunda-feira, 9 de maio de 2016

ANDA

Anda…
Vamos inventar um caminho novo,
desenhado a aguarela, grafite ou pastel,
melodia, primavera,
doce e mágico como beijos roubados,
nas colinas da imaginação.
Anda…
dá-me a tua mão.
Deixa-me guiar-te neste mundo inventado
em que o corpo ganha voz,
a pele grita
e o olhar implora.
No teu olhar sinto a urgência das marés,
o marulhar dos afectos,
a fome por saciar.
Nas palavras por dizer,
pressinto histórias escritas por corpos vibrantes em noites frias de inverno,
ao som do crepitar das chamas,
com fundo de vento norte.
Pressinto a madrugada,
e assim fico …quieta e nua,
presa no limbo de poemas
sussurrados ao ouvido do amanhecer.
Pressinto,
espero…
e a espera é doce.
©Graça Costa


PROCURO

Procuro nos teus braços de luz
o calor que me foge do peito.

Enrosco-me em novelo
e bebo o calor da pele
como chá de jasmim adoçado com o mel da vida.

Procuro a doçura do beijo
a ternura do abraço,
o sabor do amor partilhado.

Procuro,
porque na procura me acho,
na procura me reinvento
cresço,
dou e recebo
luto e conquisto.

Por tudo isto, talvez,
apenas talvez,
mereça o calor dos teus braços.


©Graça Costa

                                                            Helena Wierzbicki

quinta-feira, 5 de maio de 2016

PROFECIA

Profético,
o sopro poderoso da fome
serpenteia-me o corpo envolto na bruma,
lacónico,
esfíngico,
quase prece
quase súplica.

Numa emergência de afectos por saciar,
procuro no teu olhar
a promessa da abundância
neste meu corpo feito terra lavrada.

Profético,
o Inverno de sementeiras
feitas pela tua mão.

Profética,
a linguagem universal do Amor,
quando arrancada das profundezas do SER.

Esteio do caos
perante o esplendor da vida
que começa a chegar ao amanhã.

©Graça Costa
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DEIXA

Deixa
que a noite invada o horizonte das memórias,
e os dias sejam de eternos recomeços,
ainda que errantes ou incertos.

Deixa
que os teus passos me sigam
e que a paixão seja a melodia
dos caminhos por inventar.

Deixa
que o meu corpo seja tela virgem
para o arrojo dos sentidos
e lê nos meu rosto
o te digo no silêncio do olhar.

Deixa-me correr ao teu encontro
com a certeza que de sabes o que fazer
para a alma se sentir beijada;
com a certeza de que basta um olhar
para o arrepio da pele,
para a fusão dos corpos em chama.

Deixa-me sentir…
apenas sentir,
meu pintor de corpos e telas,
paixões libertas,
e momentos eternos,
gravados em segundos.

©Graça Costa




quarta-feira, 4 de maio de 2016

BEYOND WORDS

Dancing with the moonlight I was
when a scent of you
invaded my skin.

That unspeakable feeling
led me to a magic world of tenderness and affection
in which I give myself to you
and you give me back my all
shining like a star.

I arrived gently,
touched you slowly,
kissed you deeply,
grabbed your hands,
and led them to my skin on fire.

Heard you.
Your breath stopped.
You shivered of expectation,
your eyes seemed a lighthouse
and I just whispered at your ears:
I'm here
make me yours.

Heard you weeping
and your tears and lips
painted my body
with pleasure beyond words.


©Graça Costa

                                                            Joshua Miels

ONDE A SOLIDÃO TERMINA

Deixaste-me na boca um sabor a espanto,
e na pele a súplica do desejo inacabado,
a fome de mais,
que o dia levou.

Deixaste-me no olhar um sopro de maré viva,
uma tempestade de afectos incontidos
clamando pela noite,
ou apenas pelo som dos teus passos na escuridão.

O dia passa,
lento e soturno
mas dentro de mim bate o sol.

Com lábios de silêncio
e o paraíso no olhar,
deixo o fogo envolver-me
na espera do tanto que te quero.

No horizonte o dia cai,
deixando no ar promessas guardadas
do ontem que não chegou a ser.

Espero-te,
para que me abraces onde a solidão termina,
e me envolvas no rendilhado dos dias sonhados
antes do amanhecer.




©Graça Costa

                                                                     Agnes Cecile


terça-feira, 3 de maio de 2016

RECEITA PARA UMA VIDA ROUBADA

Um dia roubaram-me a vida e eu não percebi.

Entrei no hipnótico caminho da dor
com a leveza de uma bailarina em pontas,
sem ver que, com o passar dos dias,
os pés, tal como a vida, começavam a sangrar.

Depois, parei e pensei :
um dia esta dor ainda me vai ser útil
e deixei-a engrossar, como torrente de lava encosta abaixo.

No desamparo do silêncio das noites em branco,
alimentei a ira e o desencanto;
derramei as lágrimas caladas durante os dias que corriam velozes,
como velozes nasciam as marcas no rosto e os fios de prata no cabelo.

Depois, um dia cresci.
Libertei a ira e resgatei do fundo de mim
o efémero sentir dos humanos.

Despertei do torpor de uma alma esfiampada
e lenta,
mas persistentemente,
lancei-me na reconstrução de mim.

Hoje, sou barro moldado por mãos hábeis, serenas e ternas.
Na plasticidade dos dias,
cresço e renasço com cada janela de esperança que abro.
Junto-lhes alguma loucura,
adiciono uma pitada de desejo,
e deles retiro
o meu pão,
o meu mel,
e o sal com que tempero
o tempo que resta.


©Graça Costa



segunda-feira, 2 de maio de 2016

PRECE

Doce a noite quando me enrosco nos teus braços.
Em paz,
a pele murmura melodias de terras distantes
e a paixão flutua por campos silvestres
qual ave do paraíso.

Doce,
o toque dos teus dedos
a textura quente, húmida e suave dos teus lábios
percorrendo o meu corpo como marés.

Vem, noite.
Vem testemunhar a magia destes corpos,
que de tanto se amarem  se tornaram maresia.
Vê como se mesclam com as estrelas
e sussurram ao amanhecer.

Vem.
Ouve o seu lamento gritante
o desespero da perda
e pede ao vento  que anda por perto
que lhes conceda o milagre
dos eternos começos.


©Graça Costa


                                                     Maria Magdalena Oosthuizen

SOMENTE

Pena,
brisa,
arrepio,
sussurro.
O que eu sou
quando os teus lábios tocam a minha pele?

Não sei.
Não ligo.
Só quero sentir
a melodia da paixão a atravessar-me o corpo,
crescendo como tempestade em dias de verão,
quente como raios de sol,
doce como sonhos,
memórias ou palavras
faladas ao ouvido pelo amanhecer.

O que eu sou,
quando o amor fala mais alto que sentidos?
Quando os olhos amaciam as palavras não ditas?
Quando os dias são bênçãos
de expectativa e esperança,
medo, melancolia
e a magia indescritível
de viver na ponta dos teus dedos?

Não sei.
Não ligo.
Só quero sentir.

©Graça Costa