terça-feira, 2 de outubro de 2018

SONHOS ROUBADOS


O dia acordou sinuoso e inquieto.
Pairava no ar um quê de mistério
e o horizonte trazia nos dedos
promessas de ternura em gomos de romã e ramos de violetas.

No ar, uma serenidade etérea
como se aquele dia trouxesse no rosto alvo,
a magia de sonhos roubados.

Os olhos abriram-se pelo espanto
da profusão de aromas e sons que vinham de longe,
mas que ao mesmo tempo pareciam sair de dentro de si.

Depressa percebeu que tempo, espaço e corpo
se haviam fundido naquele dia,
que era brisa e maresia
e ao mesmo tempo amante em espera envolta
na primavera nascia,
calma e serena por entre a maresia.

Fechou os olhos e sorriu ao sentir o raio de sol que lhe inundava o rosto.
Mordeu os lábios com sabor de romã,
vestiu-se de violetas e esperou.

Ao longe, o gemido de passos familiares...
lentos,
ousados,
prenhes de planos loucos e esperanças várias,
como doçura de amor reinventado
em cada beijo lançado ao anoitecer.

©Graça Costa
imagem da web



segunda-feira, 1 de outubro de 2018

REENCONTRO

Hoje lancei as mágoas
ao vento que passava por perto.

Fechei a porta.
Mergulhei no silêncio em busca de mim,
sabendo que me encontraria
nos pedaços de ti
que tenho guardados no peito.

Bebi o aroma da tua pele,
lavei a alma com memorias do teu olhar,
saciei-me no teu corpo imaginado
e deixei que a serenidade dos afectos
me envolvesse a pele
em chama lenta,
como lentos os teus beijos,
quais arrepios de morte com sorriso nos lábios.

Hoje lancei as mágoas
ao vento que passava por perto.

Vesti-me de brisa,
e no encantamento da noite deixei-me voar
em direcção ao teu abraço.

©Graça Costa
imagem da web


EU E NÓS

Nesta distância entre mim e mim
guardo o espaço do Nós.
Rego-o com a calma das noites sem sono 
e a ternura do amanhecer sem pressas.

Sagrado, o espaço do Nós.
Escrito letra a letra,
desenhado a pincel 
com uma paleta de cores indistintas ,
doces como aurora boreal
dançando no horizonte da esperança.

Sagrado o espaço do Nós
porque nele descanso,
renasço,
cresço,
porque nele te tenho,
vestido de afecto,
despido de engano.

Envolto em Luz,
o espaço do Nós
tem a magia da eternidade
gravada no toque da pele;
tem fragmentos de luz nos olhares
e farripas de saudade,
docemente guardadas nas gavetas do sentir.

©Graça Costa
imagem do Pinterest 


A GUERREIRA

Cai a noite e tudo se transforma.

A guerreira vira pássaro,
flor,
princesa, ou arlequim,
misto de flor e de seda,
azul, prateada, carmim.

Bendita a cumplicidade da noite que tudo permite.
Sonho,
fantasia, dança,
brisa, sal, maresia, festim.

Do descanso da guerreira
agora lua, feiticeira, amante,
emerge a magia da palavra dita apenas com o olhar;
o convite da chama que arde sem se notar.

E o imprevisto acontece,
como acontece o Amor em dias incertos.

Doce a noite em que me deito
com o cansaço na pele e a ternura na voz.

Efémera noite, eu sei…
mas tão cheia de sonhos por cumprir.
A ela me entrego
com a nudez mais terna
e faço do seu abraço ,
uma homenagem ao dia que promete.


©Graça Costa
imagem do Pinterest

                                               

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

URGÊNCIA

Digam-me como conter a urgência ?
O que fazer quando sentes a pele rebentar de emoções,
e as palavras a borboletearem-te na cabeça,
incessantes,
intensas,
frenéticas ?
Digam-me como conter a urgência de ternura ?
Como pedir, sem pedir
lábios carnudos e sedentos de beijos
carícias, lamentos,
paixão,
a emoção do dar e receber
que antes de ser já se sente?
Digam-se, como viver sem sentir?
Porque não sei e não quero,
ser espectro errante sem alma
imagem de gente, mas não Pessoa.
Digam-me como conter a urgência de amar,
para que eu a acorrente no peito
e o mar não a leve com a mudança da maré.

©Graça Costa
imagem do Pinterest


quarta-feira, 26 de setembro de 2018

SONHA

Quantas vezes digo a mim mesma:
Voa…
Voa mais alto,
ousa,
perde-te na imensidão do azul.
Conquista a lua
apenas com o desejo de querer abraça-la.

Faz pulseiras de pérolas com lágrimas,
colares com suspiros,
nuvens com solidão,
bailados com pétalas de estrelas
paraísos para o coração.

Sonhar é isto…
mais alto, 
mais longe, 
mais forte,
sozinha ou pela tua mão.

É ter a ternura na ponta dos dedos.
É colocar o Sentir a galope, 
num puro sangue lusitano;
é levar a imaginação para a vastidão do mar,
e usá-lo como tela 
para reescrever a história. 

No fim,
talvez a história não seja de encantar…

Mas o que é que isso importa,
se o importante mesmo
é a ousadia do Sonho

©Graça Costa
imagem do Pinterest


terça-feira, 25 de setembro de 2018

PEDAÇOS D'ALMA

Olho-me no espelho e vejo o cansaço, a dor, o desalento.
No corpo, as cicatrizes,
os sinais da luta inglória e insane,
em busca de um melhor amanhã que tarda em chegar.


Procuro no olhar, a esperança,
nas mãos estendidas o recado silencioso,
o resgate de um abraço,
alimento para o dia que começa.
Assim me visto de crepúsculo e chama,
de candura e lama
de ousadia, fome e fantasia.
Oleira de mim,
construo o que as mãos permitem e a pele aceita
sabendo que a obra visível
e a sonhada, sentida,
raramente são comparáveis.
Aquilo que para uns será sol,
para outros será nevoeiro, vento e maresia.


Vejo-me a cores, a grafitte ou a pastel.
Como me vêm os outros?
Não sei…
Não sei se quero saber.
Sou como sou...
Ainda que ferida guardo a beleza da dor
e o esplendor da dádiva,

ofereço a candura do abraço e a plenitude do ser.
Assim sou…

Inteira,
porque não sei ser de outro modo.
Assim me dou...
A quem tiver Alma para me sentir.

©Graça Costa




DÁDIVA

Bom quando o sorriso se solta dos lábios
e voa directo aos teus olhos.
Bom quando o beijo ganha asas
e mesmo ao de leve
consegue arrancar-te, arrepio d’alma.
Bom quando do toque da pele nasce o rendilhado da paixão,
da brisa,
a canção,
do raio de sol
a fusão dos corpos
quentes e suados como monções.
Bela a troca de olhares
que todas as línguas entendem.
Belas as palavras sussurradas ao luar,
cúmplices de noites eternas,
penetrando a aurora.
Contigo,
a suave textura do amanhecer
tem brilho de diamante
e odor de vida acabada de florir.
Contigo sou mar e chama
harmonia,
temperança,
flor do campo
luz de luar.
Contigo,
contemplo os dias
em que a saudade descansa
e visto-me de maresia
apenas para te ver sorrir.
 
©Graça Costa
imagem : Raluca Vulcan
 
 

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

SOL DE OUTONO

Gosto tanto do sol de outono.
 
Como chocolate aveludado,
aquece sem queimar,
e adoça os dias com a calma serena de uma nuvem de algodão
ou como o olhar de amantes em momento de cansaço após o êxtase.
 
Gosto especialmente daqueles momentos ao entardecer
em que fecho os olhos e deixo-me levar
numa viagem sem destino,
nas asas de um sonho inventado,
pequenino,
só meu.
 
Enquanto o construo deixo a Alma planar
para lá do horizonte,
para lá de tudo,
para lá de mim
e o sorriso que me invade,
suporta a certeza
de que nas asas dos sonhos,
o limite...
ah, o limite
nem sei se existe.
 
©Graça Costa
foto da web
 


 

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

ABRAÇA-ME APENAS

A brisa beija-me o corpo
com a suavidade de solista
em orquestra de anjos.

Da melodia,
soltam-se os sons dos sonhos
num amanhecer dourado 
e quando o sol desponta bebendo o orvalho,
sinto na pele o arrepio de acordar envolta no teu abraço.

Lá fora,
o sol de inverno,
frio e cortante,
contrasta com o calor
de um verão inventado
à medida deste sonho
criado a quatro mãos.

Por momentos,
retenho e perfeição da eternidade
e quero ficar,
só ficar.

Não…
não digas nada…
Abraça-me apenas…          

A brisa beija-me o corpo
com a suavidade de solista
em orquestra de anjos.

Da melodia,
soltam-se os sons dos sonhos
num amanhecer dourado 
e quando o sol desponta bebendo o orvalho,
sinto na pele o arrepio de acordar envolta no teu abraço.

Lá fora,
o sol de inverno,
frio e cortante,
contrasta com o calor
de um verão inventado
à medida deste sonho
criado a quatro mãos.

Por momentos,
retenho e perfeição da eternidade
e quero ficar,
só ficar.

Não…
não digas nada…
Abraça-me apenas…          

©Graça Costa
Imagem do Pinterest


domingo, 16 de setembro de 2018

OLHOU-O

Olhou-o,
e sentiu a aura cálida do amor a inundar-lhe o corpo, como se estivesse a tocar-lhe a pele pela primeira vez.

Terna a lembrança daquilo que foi,
sereno o desejo daquilo que ainda podia ser.

Olhou-o,
e a pele falou,
como se pintada pelos dedos da paixão,
sibilando aromas de terra e mar
e os segredos partilhados na fusão dos corpos ao amanhecer.

Olhou-o,
e agradeceu ao acaso do destino
aquele segundo de eternidade
em que o coração se inquietou
perante a imensidão do amor que nascia.

© Graça Costa
Imagem da web



quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A PINCEL

Desenho a pincel os dias que passo sem ti,
para que a dor não mate
mas apenas arranhe.

Para que o sal dos olhos descanse em maré de calmaria,
e a ausência seja luz e não maresia,
alimento, farol,
fonte de luz,
alquimia.

Desenho a pincel os dias que passo sem ti,
porque em cada acordar recebo uma tela em branco
ávida de paisagens e sonhos
carícias e afectos.

Nela me perco como criança em loja de brinquedos.

Contemplo a pureza do dia que me entra nos olhos
agarro no pincel da vida,
visto-me de brisa , sol ou temporal
óleo, aguarela ou pastel
e na voragem do tempo que passa,
mergulho na obra que nasce.

Desenho a pincel os dias que passo sem ti,
porque as cerdas sabem o teu nome.

Assim te tenho por inteiro e cada pincelada,
em cada sussurro, lágrima ou gargalhada.  
        
E assim,
da distância se faz presença,
da dor… magia,
da saudade…força,
do  Viver,
arte, fantasia,
poema.

©Graça Costa
imagem do Pinterest



BOLINA

Tem dias em que me sinto
como pena que caiu em folha à bolina.

Doce expectativa…

Qual o caminho ?
Por onde me leva a brisa?
Que aventuras me esperam ?
Que perigos?
Que desafios ?

Tem dias assim…
em que acordo em suspenso
perante o dia que desponta.

Sinto o sol na pele
e tremo.
A brisa no rosto
e sorrio.
O apelo dos afectos
e suspiro.
A tortura da tua ausência
e sonho.

Como a pena em folha à bolina
entoo ao vento a prece que me leve até ti.

Então, talvez…
apenas talvez,
consiga saciar a sede que a noite matou
e com a aurora...
renasceu.


©Graça Costa
imagem da web


terça-feira, 4 de setembro de 2018

DOEM-ME AS PALAVRAS

Doem-me as palavras como feridas abertas.
Gritam.
Gemem.
Sussurram.
Reclamam.

Queimam-me o peito e afogam-me o olhar.

Sinto a alma jorrando lava,
escorrendo lenta e penosamente pelo mesmo peito,
onde momentos antes os teus lábios descansavam
e o teu corpo se derretia no meu.

Doem-me as palavras como feridas abertas.
Por isso as partilho
na voragem dos dias inquietos
e na esperança que alguém as faça suas.

Olha…
Vê como os olhos soletram a dor do sentir.

Vê como te chamam,
a ti,
balsâmico amante
de corpos e letras.

Vem,
lambe-me as feridas
para que as palavras renasçam
entre as flores e o arvoredo da paixão.


©Graça Costa
arte : janet rogers


O OLHAR NÃO MENTE


O olhar não mente
para os que têm a alma lavada para o saber ler.

Cristalino.
Sussurrante.
Chora.
Ri.
Gargalha.
Emociona-se.
Fala…
Enamora-se das palavras que não diz.

Reserva-as
como cobertura de bolo
que usa depois
de forma espartana
ou num excesso delirante
conforme o sorriso cresça,
sereno e suave
ou exuberante e sonoro,
como clarão de relâmpago numa trovoada de verão.

Adoro a subtileza dos sorrisos e dos olhares.
Enigmáticos,
sensuais,
misteriosos
brincalhões.

Sorrisos...
antologia de afectos
mesmo que tristes.

© Graça Costa



segunda-feira, 3 de setembro de 2018

CORPO POEMA

No teu corpo desenho poemas cantados .
A cada toque, a pele responde com um grito surdo,
meio gemido,
meio lamento
meio sussurro
meio tormento.

A cada beijo, reinvento-te,
reinvento-me,
saboreio-te como saboreio o poema,
letra a letra,
palavra a palavra,
rima a rima
ou rima nenhuma
mas lenta e suavemente como tango dançado ao luar.

Depois, volto e ler-te
e afago lentamente as palavras que te acendem a paixão.
e que te prendem a mim.

A ti me colo, meu poema
meio escrito,
por vezes gemido,
outras sussurrado,
e assim adormeço,
sem saber se durmo
ou apenas descanso
nesse teu colo feito cama,
só para me receber.

©Graça Costa
imagem retirada da web


PAZ

Dá-me a tua mão
Sente-lhe a textura
o calor,
o aroma e a ternura do abraço.
Depois vamos.
Deixa que te leve
para além dos sentidos
para lá da saudade.
Deixa que te leve
para aquele lugar calmo
onde a dor não nasce
e o amor não morre.
Para aquele lugar terno
onde o corpo não tem nome
e o afecto tem forma de dedos,
de ternura,
e beijos
e pele em chamas.
Depois…
Depois fiquemos assim,
na magia do entardecer,
lambendo as palavras com que nos despimos,
e que estas cubram o horizonte
com a magia da esperança,
como sonhos de paz
embrulhados em sono de criança.

©Graça Costa




domingo, 2 de setembro de 2018

SENTINDO O POEMA

Sinto a poesia a nascer-me na pele,
a iluminar-me o olhar ,
a queimar-me o sentir.

Sinto o poema
desflorando a madrugada rumo aos meus dedos,
com a alma
o suor
e o sangue
de um alfabeto por inventar.

Emoções e afectos,
palavras, ora quentes e serenas
ora lamentos , gemidos
quase prece,
quase dor
envolvem-me os dedos e o olhar.

Sinto a poesia a crescer-me na pele.
Toco-a ao de leve
e torno-a minha.
Salpico-a com o meu perfume de amante inquieta
e de alma aberta,
partimos ambas ao encontro dos dias,
por ora, apenas sonhados.


©Graça Costa
arte : Jennifer Yoswa


GUERREIRA

Cai a noite e tudo se transforma.
A guerreira vira pássaro,
flor,
princesa, ou arlequim,
misto de flor e de seda,
azul, prateada, carmim.

Bendita a cumplicidade da noite que tudo permite.
Sonho,
fantasia, dança,
brisa, sal, maresia, festim.

Do descanso da guerreira
agora lua, feiticeira, amante,
emerge a magia da palavra dita apenas com o olhar;
o convite da chama que arde sem se notar.

E o imprevisto acontece,
como acontece o Amor em dias incertos.

Doce a noite em que me deito
com o cansaço na pele e a ternura na voz.

Efémera noite, eu sei…
mas tão cheia de sonhos por cumprir.

A ela me entrego
com a nudez mais terna
e faço do seu abraço ,
uma homenagem ao dia que promete.


©Graça Costa
imagem da Web


DEVANEIO

Centelha de dia,
fragmento doce e luminoso do entardecer.
Lamento de corpo cansado
envolto na fadiga da noite 
que escorre pelo horizonte.
Livre como vento em fúria galopante
o sorriso desfaz-se no semblante guloso
de criança com olhar de algodão doce.
Fico...
aguardo a explosão da aurora
agarro a maré com dedos de luz
e deixo a vida florir
no sereno vigor do amor consentido.

© Graça Costa 
foto : Joaquim Cunha 


sábado, 1 de setembro de 2018

QUIETLY

Quietly
by the paths of illusion you took me.

Of lightness dressed.
I danced with the breeze.
Among the water lilies and foliage I floated,
as in calm afternoon breeze.

Quietly
I reinvented the magic of rebirth
at every step,
every look,
every kiss,
every moonlight.

Touch me, love ...
and cover my body with your lips of amazement.

Let the hunger for affection
become autumnal melody
and lets make from the dance of bodies
boldness,
tenderness,
passion
unnamed follies
new life,
exhaustion.

After ...
may sleep come to take care of our dreams...
Quietly...


©Graça Costa
photo: me...


OLHARES

Existem olhares hipnóticos,
com uma serenidade tão fluída
que parece envolver-nos o corpo e os sentidos.

Quando os encontro
consigo sentir a leveza das searas
envoltas na brisa das marés
e consigo sentir o pulsar da vida
através da beleza desses olhares.

Nesses dias
a plenitude do Ser  esmaga-me
mas não sinto dor.


©Graça Costa
imagem da web



ESCUTA


Escuta.
Mergulha no silêncio e escuta o corpo que te fala.

Ouve o clamor da pele,
e a toada triste das suas cicatrizes
quando lhes afagas o contorno da dor.

Ousa e ouve também a sua fome,
os seus desejos,
e a alquimia dos sentidos que a pele reclama.

Embrenha-te no silêncio da noite
e ouve como ela,
ora chora, ora canta
ora implora, ora dá,
no embalo de melodias por inventar.

Sem pressas,
observa cada curva,
cada poro,
cada marca.

Sente a dança dos sentidos
e deixa-te ser pele de outra pele.

Ouve e ousa
ser dona do seu sentir,
fundir-te na sua pele,
murmurar-lhe desejos de equinócios distantes,
enlouquecer de ternura,
explodir de prazer no seu ouvido.

Deixa-me explorar o limite do sentir
devagar,
serenamente,
como quem declama um poema soletrado a meia voz.

Murmúrios da pele,
sede….
desafio,
banquete de almas unidas
pela bebedeira de sentidos inquietos.

©Graça Costa
ARTE : Stephanie Clair