sexta-feira, 29 de maio de 2015

NÃO DIGAS NADA

  
Não digas nada, meu amor
nem mesmo a verdade.

Deixe-me ficar no canto dos sonhos
brincando com as memórias do toque de tuas mãos na minha pele.

Deixa-me dançar ao som das melodias de teus beijos
e conversar com as sombras de teu corpo caminhando para mim.

Não me digas nada, meu amor
nem mesmo a verdade.

Deixa-me tornar o anjo da esperança observando o pôr do sol,
cada dia,
todos os dias,
até que minhas asas ganhem força  para voar longe,
directo para o refúgio dos teus braços.

Até então ...
não me digas nada
nem mesmo a verdade.

Podes magoar-me...
e eu preciso sorrir .

© Graça Costa





quinta-feira, 28 de maio de 2015

PELE


Pele…
Nada como o toque aveludado da pele,
a forma como se arrepia ante a caricia,
como responde ao beijo lento e rastejante,
à língua quente e húmida,
ao gemido ,
ao arfar do desejo incandescente,
à súplica do olhar.

Pele…
Tela de paixões inquietas,
magia serena em noites calmas
ou feiticeira  dos dias que nascem sem porquê.

Pele, poema
Pele, canção
Pele, sinfonia de Outono em pleno verão.

Pele em espera.
Pele em escuta.
Pele sedenta da água das tuas mãos.

Pequena gota de orvalho...
alimento da flor da madrugada.


©Graça Costa


quarta-feira, 27 de maio de 2015

NAQUELA NOITE

Na penumbra apenas os contornos de ti
e o respirar lento e compassado de um sono,
profundo como o mar
e leve como brisa de verão.

A teu lado,
aquela a quem roubaram o sono
e que no torpor do cansaço
te bebe a calma com um sorriso.

Contemplo-te na penumbra
e no teu rosto vejo paz.

No vai e vem do teu peito,
o colo para o meu embalo
onírico,
terno,
pueril.

Percorro-te com o olhar,
o sorriso denuncia –te o prazer.

Despertas…

Como pétalas de estio
rumo ao amanhecer
cobres-me o corpo com beijos
e a noite…
ah...a noite estendeu-nos o manto do sentir.


©Graça Costa


ESTE AMOR

Gosto deste amor...
puro,
simples,
belo,
cristalino como gota de orvalho
penetrada por um raio de sol ao amanhecer.

Gosto deste ter-te e não te ter,
do desejo,
de te sentir antes de te ver,
do teu toque suave e intenso como noite de luar.

Gosto das noites que me consomem
e me espantam,
da luz que me eclode no peito
e me invade o corpo febril.

Gosto deste amor cristalino,
simples,
belo,
curioso...
aventura dos sentidos,
quadro aberto ao desconhecido,
que vou escrevendo...
sem pressas.

©Graça Costa


terça-feira, 26 de maio de 2015

FREEDOM


My love i need to rest,
but rest is an extension of your smile,
a mixture of your lips in my skin and your arms around my neck.

My love I need to sleep
but sleep are nightmares without your shoulder as a soft tender pillow.

My love…
ask for my autumn leaves dress so full of memories.

See how each one of them have a story to tell
and a smell of honey inside each letter.

Let me go …
to those far horizons
where feelings have no name
and language is the softness of the skin,
the bright shine of the eyes
and the purchase of passion in every breath.

My love…let me go
but please lead the way.

Once we arrive
i will feed you with my autumn leaves dress,
till the day my nudity explodes in your arms
and I will finally be free.


Graça Costa




EMERGÊNCIA

Serena a noite envolve-me o corpo,
tal como os teus dedos me envolvem os sentidos
e os teus beijos me derretem a pele.

Com mestria de poeta dedilhando as palavras,
desfolhas o meu corpo em flor
que vibra e ondula como seara de trigo em fim de verão.

Emergência dos sentidos.
pele em chama,
tortura,
paixão,
abismo do entardecer.

E no final da noite,
quando o cansaço reclamar silêncio,
que o meu corpo seja chão
e o teu chuva,
para que a manhã traga consigo a semente
dos recomeços eternos.


©Graça Costa



segunda-feira, 25 de maio de 2015

ESPERANDO O LUAR

Por entre a maresia da aurora
um atrevido raio de sol  acariciou-lhe o rosto.
Era doce
como doce o algodão em dia de feira
e sereno,
como brisa em campo de trigo.

Beijou-a com ternura infantil e subtil desejo de amante
mas nem assim conseguiu despertá-la.

Decidiu agigantar-se e como mantinha de lã cobriu-lhe o corpo nú.
Ouviu-a gemer baixinho e um sorriso ténue aflorar-lhe os lábios.
Sorriu também e numa loucura talvez insana atreveu-se de novo.

Deitou-se a seu lado
e soprou-lhe suavemente ao ouvido os desejos do corpo e as angústias da alma.

Olhou aqueles olhos ainda fechados mas já inquietos
e uma lágrima travessa caiu-lhe do rosto.
Lágrima triste,
ou lágrima de esperança;
gota de mel tombada em regaço manso
que de espanto se abriu num olhar intenso
de esmeralda por lapidar.

Cruzaram-se então
olhos e corpos
sorrisos e lágrimas
anseios e sonhos.

E nessa mescla de emoções e afectos
vividos ou por decifrar,
deitaram fora as palavras
fundiram-se num abraço
e assim ficaram,
esperando o luar.


©Graça Costa




ACOLHE-ME

Acolhe-me no teu corpo
como se fosses berço para o meu descanso.

Embriaga-me de carícias e palavras soltas
doces, mesmo que sem sentido.

Coloca no tom da tua voz 
a musica das almas cansadas,
e acolhe-me no teu corpo
como se fosses mar 
e eu maré,
como se fosses onda
morrendo na praia 
e eu a praia para te receber.

Acolhe-me,
que eu a ti me dou
sem medos nem reservas,
corpo aberto ao encontro de almas
que só o amor ternura percebe.

©Graça Costa





sexta-feira, 22 de maio de 2015

SENTE-ME

Percorre-me as ruas do corpo como se fosse a tua cidade.
Descobre os pormenores do lamento.
Embarca no destino que negas,
mas não podes nem queres evitar.

Sente-me…
Envolve-te no calor da pele
nos gemidos que  noite cala e a maresia consente.
Ousa sorrir ao desconhecido
que te chama e perde-te neste meu corpo feito mar para te receber.

Ouve-me por entre o silêncio e o grito.
Aprende comigo o sentir sem palavras.

Inventemos uma língua nova,
serena e fluida como o brilho do olhar,
após o amor partilhado
na mudança da maré.


©Graça Costa


QUEM ?


Quem me roubou o sonho?
O sonho que só de ser sonhado já era vida.
Aquele que me envolvia nos dias frios de inverno
e me saciava a sede no verão?

Quem me roubou o sonho delicado
como teia de aranha coberta de orvalho,
vivido nas noites em que acordada, te contemplava o dormir ?

Quem me roubou a melodia de embalo,
aquela, cujo primeiro compasso
era viagem, 
magia,
sorriso, 
rendição?

Quem me roubou o sorriso
e o brilho do olhar,
quando humedecia os lábios
num prenuncio de beijo,
que só de sonhado já era fusão de pele ?

Não sei quem foi o ladrão furtivo…
mas sei que foi em vão.

Agarro nestas mãos, no tempo e no querer
e o sonho sonhado, em vão roubado,
vai renascer...
com o esplendor de um fim de tarde à beira mar.

 ©Graça Costa


quinta-feira, 21 de maio de 2015

COLO

Acolhe-me no teu corpo
como se fosses berço para o meu descanso.

Embriaga-me de carícias e palavras soltas
doces, mesmo que sem sentido.

Coloca no tom da tua voz
a musica das almas cansadas
e acolhe-me no teu corpo
como se fosses mar
e eu maré,
como se fosses onda
morrendo na praia
e eu a praia para te receber.

Acolhe-me
que eu a ti me dou
sem medos nem reservas
corpo aberto ao encontro de almas
que só a ternura percebe.


©Graça Costa




quarta-feira, 20 de maio de 2015

RECOMEÇOS


Os seus olhos eram oceanos de perda, mágoa e dor.
A pele cheirava a macio…
fragrância triste mas serena,
quase complacente
misto de canela e maresia
com um leve toque de saudade.

Por vezes abre as comportas da alma
deixando no ar o odor de feridas esfregadas com sal.

É uma dor forte,
penetrante,
honesta
com uma melancolia hesitante
e uma métrica envolvente
quase colo
ou flor de beijo.

Olhou-se no espelho…
Contemplou os seus olhos de perda, mágoa e dor.
Com carinho de mãe, guardou-os na memória …
Fechou-os …
e atreveu-se a renascer.


©Graça Costa


terça-feira, 19 de maio de 2015

A THOUGHT


Her mouth seemed a luxurious red strawberry.
Tasted like heaven,
like love freshly made still running in her veins
and caressing her skin.

From her lips
drops of tenderness
slipped through her body
gently
slowly like a butterfly wave
till gently die
in the memories of feeling.

©Graça Costa








OUSADIA


Ousara eu ser sol para te afagar o rosto.
Ser lágrima para te escorregar na pele.
Ser mar para te envolver na maré.

Ousara eu ser terra
para te plantar um sorriso nos lábios
quente como fim de tarde
aconchego da noite
celebração de amantes no esteio da vida.

Ousara eu ser maresia
ternura
fantasia
ladra dos teus abraços
em turbilhões profusos de  afectos.

Ousara eu Ser
e morreria plena de mim
no teu olhar…


©Graça Costa


domingo, 17 de maio de 2015

DEIXA-ME

Deixa-me percorrer-te o perfil
até que os meus olhos parem
naquele exacto local
onde nasce o sorriso
quando o prazer nos consome o ser.

Deixa-me varrer-te o corpo
com estes dedos feitos mar,
lançar-te um brilho no rosto
e começar a sonhar.

Deixa que o mundo pare lá fora
e o nosso comece
como madrugada desflorando a noite.

Lenta,
serena e doce amante
silenciosa cumplice
dos sonhos que juntos criamos
e da magia da fusão dos nosso corpos
para lá da noite
para la de nós.

Deixa que amanheça
e a noite volte a reclamar o horizonte
mas fica...
que o tempo é curto
e ainda temos tanto para nos dar.

©Graça Costa




sexta-feira, 15 de maio de 2015

NA TUA NOITE

Segurei a noite pelas pontas
e tornei-a minha.
Com ela tapei o teu corpo
tremente de afectos
e do calor das manhãs.

Dos meus dedos fiz luz
e da minha pele palavra.

Escrevi na noite
o poema dos dias claros
até sentir o teu corpo sorrir
como que embalado
pela textura,
pela magia,
pela candura que dos meus dedos nascia,
serene,
perene,
nua,
plena.

Segurei a noite pelas pontas
e tornei-a minha,
só para te dar...

©Graça Costa






quarta-feira, 13 de maio de 2015

AQUI


Aqui estou,
no desejo do que sou,
no que ficou depois de ti
no lamento da esperança que morreu
antes de ser mar.

Aqui estou
com a sede à flor da pele
e a fome escondida na razão que já não é.

História por escrever mas já sonhada,
por viver mas já sentida,
aguarelada na aurora desflorando a noite.

Aqui estou
nesta travessia de mim
em busca do nós que já fomos
e do amanhã que inventamos
em cada amanhecer.

Aqui estou
esperando a magia do toque
da tua
na minha pele.

E espero...
mesmo que anoiteça
e a noite se perpetue
na amanhã que parece não querer chegar.


©Graça Costa 




                                                               Hesther Van Doornum




segunda-feira, 11 de maio de 2015

MEU CORPO, MEU RIO, MEU MAR...


No meu corpo correm rios de afetos partilhados
e outros ainda por inventar.

Nas suas margens, nenúfares e chorões
abraços e canções,
dias de outono serenos nos teus braços,
contemplando o por do sol na placidez das águas.

Nelas, correm também rios de dor
em sua lenta caminhada até ao afluente do rosto.
para depois desaguar  no silêncio surdo da melancolia do olhar.

Alguns tornam-se riachos e acabam por secar.
Outros agigantam-se e levam-te na torrente.

Nesses dias o  corpo deixa de ser corpo
e passa a ser maré viva,
vento norte
tempestade,
luta, desespero, naufrágio.

Assim é a vida
e os corpos que nela vivem.
Nuns dias sol, beleza e calmaria
noutros tormenta e maresia.

Por vezes amor, ternura, paixão.
Outras…
 vazio,
quase nada,
ilusão.

Meu corpo, meu rio, meu mar…
Caminho aberto às veredas do sentir.


©Graça Costa


sexta-feira, 8 de maio de 2015

MOMENTOS


Há momentos que valem vidas.
Uma lágrima lambendo a pele,
suave e lentamente como uma carícia.

Um sorriso iluminando o olhar como farol no meio da escuridão.

Aquele arrepio da antecipação do prazer,
apenas imaginado, mas ainda não sentido.

Há momentos que valem vidas.

O primeiro olhar,
o primeiro toque da pele,
o primeiro beijo,
o soco no peito da primeira paixão,
 o ar que precisamos desesperadamente beber e nos foge das mãos,
que geladas suam lágrimas de ausência.

A morte eminente do sentido da vida
quando não se está junto,
os minutos que se tornam dias, dolorosos,
quase lume,
quase ferida
aberta pela incerteza da espera,
mas sempre tão forte, tão intensa, tão dramática
como naufrágio em noite de tempestade.

Há momentos que valem vidas
pelo que foram ou não foram
pelo que são
pelo que serão.

Se ficar cicatriz, ruga, cabelo branco, lagrima, sorriso,
é porque valeu a pena…

Momentos…
tinta  dos dias com que vamos escrevendo
a trova do tempo que passa.


©Graça Costa






VIENS

J'ai dans le cœur
le poids de ton absence
et dans le corps
du feu pour ton caresse.

J'attends la nuit
comme la mer attend des marées
et dans la balançoire des mots
je parcours ton nom,
comme quand tes mains
peignent dans mon corps un plaisir
inconnu par des mots.

Le vent chante ton arrivée
et tu sais que je suis ici,
toute nue
toute à toi,
simplement
peau
faim de caresses,
larmes et fatigue.

J'ai dans le cœur
le poids de ton absence
et je veux me perdre dans tes bras.

Viens…


©Graça Costa 

NOTA: mais um pequeno "atrevimento" na língua francesa - sejam generosos :) :)

                                                               kate Long Stevenson

MANHÃ DE PRIMAVERA

No amanhecer que desponta
sou pássaro livre
sou fonte
sorriso aberto
espuma do vento.

Sou tudo isso
e o que mais queiras.
Por ti acordo
contigo me deito
desejo na pele
ternura no olhar.

No amanhecer que desponta
navego serena como brisa do mar
e na fluidez dos sentidos
deixo-me enamorar pela maresia na pele.

Fecho os olhos e nela sinto os teus dedos
no deleite dos fins de tarde
em que juntos rumamos ao anoitecer
que por ora
apenas é sonho.
Ferve-me a pele e sorrio.

Antecipação do prazer
numa manhã de primavera.


©Graça Costa

                                                                   Leslie Ann O'Dell


quinta-feira, 7 de maio de 2015

COME

In my face
there's a book
I never read,
a pain I never felt,
a music I never heard.

In my skin,
engraved
a love I never shared,
a forgiveness I never gave,
a rainbow of feelings yet unknown.

Inside...
an emptiness of you
a deep hunger for your touch
a desperate need of your eyes to feed me,
and a prayer...
a prayer of silence and hope,
expectation and fear.

Come...
please come…
Coz the simple sight of you,
the slightest sound of your steps approaching
turns my body into a flood of emotions,
a river cantering the shores of feeling.

Come...
coz the thirst of you
is drying my harbour
and I need to be a beach
with a full tide
for you to drown in.



©Graça Costa


LAMENTO

Lamento
que o meu sorriso por vezes seja triste
e o meu olhar seja chama.

Lamento
que a minha voz seja brisa
e o meu abraço...cabana.

Lamento,
mas sem arrependimento...
porque o meu maior lamento
é para os que não conseguem ver...
para além do lamento.

©Graça Costa

                                                             Hesther Van Doornum

quarta-feira, 6 de maio de 2015

HOUVE MAGIA

Havia magia,
naqueles corpos entrelaçados como renda de bilros,
nos gemidos e lamentos sussurrados,
na conversa vibrante dos olhares trocados,
no silêncio que tudo diz,
na serena cumplicidade
da vela acesa no parapeito da janela.

Havia magia naquele fim de tarde invernoso.

Havia magia e houve milagre...
gravado na tela das memorias daqueles amantes inquietos
ansiosos por outro dia,
por uma outra tarde.

Havia magia e houve milagre...

Fénix renascida...
na maresia do entardecer.




©Graça Costa




terça-feira, 5 de maio de 2015

UMA VOZ

Há uma voz cá dentro
que me dita o poema.

Há uma voz cá dentro
que me conduz a saudade da mão e do olhar
do toque
e da entrega
da fome
e da paixão.

Há uma voz cá dentro
que me conduz o sonho
e um sonho
que me conduz a ti.

A ti...
meu amor e meu chão,
meu refúgio e minha canção.

Há uma voz cá dentro
que me encanta e me desencanta
me acolhe e me repele
catadupa de afectos
emoções em turbilhão.

Há uma voz cá dentro
que me dita o poema
e o poema sou eu...
és tu...
somos nós.

©Graça Costa

                                                                      Angie Niebles

FROID


Caresse moi mon amour
que j'ai froid
et je veux ta bouche dans mes seins,
tes mains le long de mes jambes,
ton corps recroquevillé sur mon corps
et des paroles,
chaudes,
chuchotés à l'oreille.

Caresse moi mon amour
que j'ai froid
et je sens du feu dans tes yeux.

Viens...
car la nuit arrive
et j'ai besoin de toi.


©Graça Costa

NOTA: um pequeno atrevimento, este poema em francês...espero que gostem !!!


                                                                      Henri Matisse