segunda-feira, 15 de agosto de 2016

COISA BOA

Coisa boa, flutuar no teu abraço
ao som de um noturno morno
com embalo de espanto
e carícia de lamento.

Coisa boa o teu toque
como raio de sol
timidamente rompendo a nuvem
cheia de lágrimas
com receio de a romper.

Coisa boa, morrer e renascer de novo,
em cada olhar
em cada gemido
em cada grito,
perdidos no orvalhado da noite
refletidos no dia que desponta.

Coisa boa as histórias que escrevo nos meus olhos
e reservo…
como calda de  açúcar
em pétalas de luz.


©Graça Costa


POETS - POETA DA SEMANA - DISTINÇÃO POÉTICA

Uma honra
:) 


ESCREVO-TE


Escrevo-te
porque as palavras não chegam para o que sinto…
são pequenas e banais
gastas,
supérfluas ,
incoerentes, frugais
e eu preciso delas fortes,
intensas, enormes,
eruptivas,
terapêuticas,
balsâmicas.

Escrevo-te porque as palavras que tenho para ti não têm nome.
trago-as embaladas  no peito,
presas  na garganta, 
gravadas na pele,
como gotas de suor após a tenaz luta do amor.

Escrevo-te com a alma nas mãos
esperando que me estendas as tuas.
Que me agarres ,
que me envolvas,
que me penetres os sentidos
com a emoção da aurora rompendo o dia.


Escrevo-te,
porque os meus olhos estão mudos
e a boca  grita silêncios vários,
Só estas mãos insistem em riscar o papel
na implacável dança de aromas e sons com que construo os dias.

Escrevo-te para que me recordes assim.
despida de tudo
despida de mim.
barro nas tuas mãos,
mosto por fermentar,
esperando por ti.


©Graça Costa 
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domingo, 14 de agosto de 2016

O POEMA

O poema nasce de um quase nada
onde cabe um quase tudo.

Nasce de um som,
um gemido,
uma lágrima,
um sorriso,
uma porta entreaberta
cheia de sonhos secretos,
uma carícia,
uma flor,
uma palavra
ou apenas cor.

O Poema é dor e espanto
alegria,
desencanto.

É silêncio em que me escondo;
é chama
desejo,
paixão,
encontro, desencontro, vulcão.

Nasce de um quase nada
onde cabe um quase tudo.

Com ele me visto,
porque dele sou
refém,
irmã,
amante.

©Graça Costa

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sábado, 13 de agosto de 2016

O MEU AMOR

O meu amor,
tem mãos de silêncio rompendo a aurora.
Traz na pele a brisa do vento
e no olhar a promessa de dias calmos.
O meu amor,
traz a saudade na ponta dos dedos
e a ternura nos lábios de dor.
a mim se oferece como em oração,
despojado de tudo,
fruta madura por colher.
O meu amor,
traz colado na pele
o grito da paixão contida
e no peito
a ânsia desesperada da partilha.
O meu amor,
dorme no meu peito.
Bebo-lhe o semblante e parto com ele,
em busca de outras paisagens
em que mesmo nua,
me sinta vestida
de paixão e de esperança.
©Graça Costa
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PERCORRE-ME

Percorre-me o corpo como se fosse mar
e toca-me a alma como se fosses brisa.

Desperta-me os sentidos e torna-me tua.

Bebe-me.
Saboreia-me.

Entranha-me na tua pele
e nessa mescla do tudo e do nada
de excessos e devaneios,
que a noite uma melodia de alectos
languida e suave
como o amor que termina e recomeça,
como maré
sem cessar.

E quando o cansaço for maior que o desejo
saibamos morrer…
entrelaçados,
exaustos pelo prazer vivido e pelo que há-de vir
quando o brilho do olhar
voltar a incendiar-nos a pele.


©Graça Costa

                                                                          Samarel

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

PRECISO DE TEMPO

Preciso de tempo para te construir dentro de mim.
Preciso de tempo para colorir a esperança.
De ti,
recebi as tintas
com as cores da paixão e as tonalidades do amor sem tempo,
recebi os pincéis,
dedos em forma de amor
trazendo luz e calor
à escuridão dos dias incertos.
Agora...
agora preciso de tempo.
Tenho este corpo tela
suplicante de vida,
gemendo a dor e maresia da tua ausência.
Tenho também as memórias das carícias prenhes de cor e fantasia.
Apenas preciso de tempo
para te construir dentro de mim,
e depois deixar fluir o amor
de um encontro improvável que se tornou certeza,
ternura,
porto seguro,
paixão
eternamente inacabada
pelas nossas mãos.
©Graça Costa

                                                                Alan White

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

SURRENDER

He stood in the darkness
silent and quiet
enjoying each touch
each whisper
each look.

At his side
two stunning green bright eyes
were calling him
begging him to keep on.

And so he did
enlightening the bedroom
with his smile
while gave himself to those green eyes.

Thar room was their world
and in their world,
rules,
time,
even most words
were meaningless.

Poetry was written
by their bodies
and their skin
were canvas for the sweetest paintings.
Darkness was their only witness
gladly
because daylight would certainly blush
with their surrender.

©Graça Costa 




CONTINUAR

Aquela fusão de céu e mar
trazia-lhe uma espécie de paz
qual mantilha de felpo dos tempos de infância
macia,
 aromática,
pontilhada de afectos.

Naquele horizonte
passeavam pedaços de si...
primeiros passos,
primeiros risos,
sons,
cheiros,
matizes de outros verões,
ou talvez de outras vidas.

Havia naquela fusão de mar e terra
um quê de verdade,
um quê de ternura,
um quê de emoção,
que me humedecia o olhar,
serenamente.

Naquela paleta de tons de azul
descansava o olhar
sempre que se sentia só.

Por isso voltava,
repetidamente voltava,
e naquela fusão de céu e mar
bebia de um trago,
a coragem para continuar.


©Graça Costa


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

TALVEZ

Talvez chame saudade,
à lágrima teimosa espreitando no canto do olho.

Talvez chame tristeza,
àquele olhar perdido nos horizontes da memoria.

Talvez chame ternura,
à suavidade do toque da pele ou à doçura de um beijo.

Talvez chame magia,
à delicadeza subtil com que embalo as palavras
só para vos fazer sorrir.

Talvez o sonho ganhe asas
e vos faça partir,
numa viagem sem rota
rumo a um qualquer amanhecer.

Talvez estas palavras ganhem vida
só porque sim…
porque tem que ser.


© Graça Costa
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A ESPERA

ESPERA

Presa à saudade esperei  a noite
e o teu peito feito cama para o meu descanso.

Vesti-me de festa, com fios de ausência
e no esplendor da nudez  
entreguei o corpo à brisa
que te traria até mim.

A brisa veio,
carregada de silêncios e presságios febris,
ao mesmo tempo que o sol morria
pintando o céu de vermelho sangue,
receios e sussurros magoados.

Quis sorrir, mas o sorriso morreu-me na garganta.
Só os olhos falaram,
dizendo tudo o que eu não queira ouvir.

Fechei-os os olhos
e quase em prece,
sussurrei à noite
que te trouxesse até mim.

Em  tom de lamento ,
escrevi na pele
um daqueles diálogos só nossos
em que a magia dos corpos
se transforma em melodia.

Depois esperei…
e só eu sei se vieste.


© Graça Costa


terça-feira, 9 de agosto de 2016

GOSTO TANTO

Gosto tanto!
De gente que brilha sem dizer palavras.
De olhares doces e sorrisos ternos.
De abraços fortes e corações leves.
Gosto tanto!
De amizade honesta.
De nobreza de caracter.
De sinceridade.
Gosto tanto!
Do conforto do abraço.
Da ternura do enlaço.
Do beijo e do cansaço.
Gosto tanto!
Do sol nos cabelos.
Da chuva no rosto.
Da brisa na pele.
Do teu sorriso.
Gosto…Gosto tanto!
Da liberdade de sentir.
Do grito,
do recolhimento.
Da magia e do encantamento.
Gosto e por gostar tanto
persisto em ser assim…
simples,
mas tão cheia de mim.
©Graça Costa


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

NA PONTA DOS DEDOS

Acordei com as mãos entrelaçadas nas tuas
e parei de respirar só para te sentir.
Nesse encontro de pele e alma
senti a magia de um amanhecer sem pressas
e deixei-me levar pelo embalo da brisa
que lá fora batia o compasso do dia.
Das tuas mãos nasceu a descoberta do encontro,
a vibração emergente da paixão
visível no delicado tactear da pele,
na subtileza do toque,
no gemido terno,
na fome do beijo,
no previsível êxtase.
Tudo bebi,
com a calma do amanhecer
e no embalo da manhã descobri,
que por vezes,
o amor começa…
na ponta dos dedos.

©Graça Costa
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terça-feira, 2 de agosto de 2016

CONVERSANDO COM O SILÊNCIO

Existe no silêncio
um luar de nuvens mansas
uma alma secreta de murmúrios vestida
uma doçura tamanha,
que só de o prever já me embalo
do seu sentir.

Só quem conversa com o silêncio
tem alma para sentir o poema
que antes de o ser já dança na retina
já penetra a pele com a intensidade de um beijo
e desperta a fome do amor vivido em firmamentos distantes.

Oxalá a noite me doure os sentidos,
me crave na pele a vontade de me dar
e que o canto da minha voz, não seja voz
mas pele…
sedenta de outra pele.


©Graça Costa

                                                              John Larriva

NAMELESS LOVE

When you touch me
I stop breathing.

When you look me
I boil and freeze.

When you kiss me
I long for more,
and as I whisper
your mouth spreads
along my neck
along my breast
along my all.

My heart pumps madly
and my body turn wild.
Pleasure screams
but my mouth is dry.

Wet me
as if you were rain
and me the seed.

Make me weep.
Make me lose under your skin
make me yours
as if tomorrow has no name.

Again...
just one more time
before sunset
for the night is my mate
and I long for my turn
to release the passion.
under the shooting stars
of that nameless love of ours.


©Graça Costa


FLUTUANDO

Tem dias que me sinto frágil
como uma borboleta de asas de vidro.

Meia zonza,
rodopio no efémero esplendor
de um pas de deux solitário.

Com a brisa como aliada,
trauteio as notas de um qualquer Noturno,
e protejo o estilhaçar das asas com o aconchego de um amanhecer,
que imagino suave como pele
de criança recém nascida.

Nesses dias,
quando o sal dos olhos teima em sulcar a pele,
invento um casulo,
macio,
aveludado,
aroma de alfazema,
matizado de brisa e aurora boreal.

E com estas roupagens,
que só eu vejo,
que só eu sinto…
ensaio um sorriso e construo a magia de ser feliz,
mesmo que esteja só…no meio da multidão.


© Graça Costa 
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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

NÃO ESPERES

Não esperes pela madrugada para me amares.
Não esperes pelo amanhecer para me contemplares.
Não esperes pelo entardecer para me sorrires.

Não esperes, porque podem não chegar.
Não esperes porque não és dono do tempo
e o destino pode ter planos diferentes dos teus.

Não esperes...

Ama-me o mais que puderes
sempre que puderes,
onde puderes.

Sorri-me. como se não houvesse amanhã
e o sol morasse na minha pele.

Beija-me a pele com a ternura do amanhecer.

Toca-me com a magia das tempestades em alto mar,
fascinantes, furiosas, inconstantes, majestosas.

Mas nunca te esqueças.
Não esperes...
que o amanhã é incerto
e agora tens-me por perto
toda afecto
toda luz
toda tua.

Não esperes...

©Graça Costa