quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

DONT GIVE UP

Dont give up dreaming your dreamings
even if someone tells you
dreams are colorful
and yours are colourless.

Dont give up.
Shades of grey can be beautiful
black and white
make beautiful shadow canvas
and your dreams are just as great as everyones elses
Because they are
your dreams.

Don’t give up…
Keep on…
Battles are tough
Days can be rough
but theres always a flower
bursting from a rock.

It might be you.

 ©Graça Costa
 
 

O JARDIM


Quando era criança, olhava-me ao espelho e via um jardim.
Não um jardim exuberante, certinho, estonteante de tão belo, mas um pedaço de terra virgem à espera da semente, da rega, do cuidado diário, da paciência.
Olhava-me ao espelho e via um jardim.
Olhava-o com a bondade de quem erra e estava disposto a crescer; com a ternura de quem afagava a pele da terra e nela se fundia como gota de orvalho pela manhã.

Jardins não nascem prontos.
Precisam tempo, paciência, cuidado, insistência, persistência.
Precisam de Amor, mas também de espaço.

O meu jardim tinha sede de afecto – precisava do sol dos olhos de quem me amava, do abraço firme, de se sentir querido.

Por vezes também precisava de solidão, porque é nela que que nos encontramos, que descobrimos a nossa essência, fazendo as perguntas que têm que ser feitas.  É nesse aparente enorme vazio da solidão que o projecto de nós se esboça e começa a tomar forma.

Aprendi cedo que muito do que sou uma mescla do que fui construindo dentro de mim e do que a vida me deu, no contacto/ aprendizagem com os outros.

Ninguém é feliz sozinho e por isso, devagar, lentamente fui semeando no jardim que era e sou , outras flores, outras arvores, outros arbustos. Fui arrancando as ervas daninhas, ordenando os canteiros, percebendo como tinha que os organizar para tirar o melhor de cada um e não abafar o esplendor de nenhum, ousando experimentar outros aromas.

Cresci. Continuo a crescer, porque a isso me obrigo e porque o jardim continua a precisar ser cuidado, regado, apreciado, diariamente.

Às vezes visto-o de festa; outras de saudade; às vezes nostalgia, outras, amizade.
Agora tem pele de jardim de inverno. As flores dormem o sono de beleza que a primavera irá despertar. Dormem e merecem esse repouso reparador.
Estou nua, exposta, mas isso não me perturba.

O ciclo é mesmo assim… 
Por isso afago com gratidão o acordar e o sentir do pulsar da vida em cada amanhecer.

©Graça Costa
imagem da web
 
 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

ALMA MINHA


Porque teimas Alma?
Porque teimas em querer saber
as razões da dor,
as cores do Amor,
as nuances da paixão?

Porque teimas Alma,
em gravar na pele
os instantes sem nome,
polidos pelo tanto querer voltar a senti-los ?

Porque teimas, Alma ?
Porque afagas o coração de memórias
e os dias por sonhos por inventar?

Alma minha.
Tão guerreira e tão frágil.
Tão fogosa e tão dócil.
Pluma de afectos,
cansados, discretos,
atentos, incompletos,
sempre em busca do que há-de ser
quando te tiver por perto.

 ©Graça Costa


sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

FAROL

Tem dias em que o vento me sopra na pele o calor da tua voz.
Entoa cânticos serenos,
como sereno o teu toque
liberto de mágoas e dores,
quase magia
brisa sem chão.

Nesses dias quero que venhas
e me tornes  prisioneira dos teus lábios.

Vem e envolve-me na noite que desperta,
sê meu farol
o meu guia
de caminhos incertos
escondidos na maresia.

Vem, 
que o frio aperta
e a fome tem o teu nome
escrito na coberta.

©Graça Costa
















 

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

JUST FEEL


Look at me

as if you were seeing me for the first time.

Touch my skin

and feel again the warm pleasurable shiver

you felt that day.

Close your eyes

and follow my voice.

No questions asked.

No judgements.

Just do as I say

and feel.

Feel the smoothness of the body,

the warmth of the words,

the desire growing slowly,

as a feather floating down the river.

Stay still my love.

Let me dress your naked body with my skin.

Let me draw the sunset on your chest

with my lips.

Let me,

Let me just feel.

By the time you become breathless.

spell my name to the wind

and let yourself

melt in me

like dew at summer dawn.

 
©Graça Costa
imagem do Pinterest
 
 
 
 

INSTANTES

A manhã trouxe-me o teu aroma
envolto em melodia.
Acordes lentos,
suaves como carícias,
quase suspiro enroscado em beijo.

A manhã trouxe-me as saudades
dos dias em que as horas eram as tuas mãos no meu corpo
e o sol era a tua voz sussurrando no meu ouvido.

Instantes...
Instantes que valem vidas.

Abri os olhos e pedi ao tempo
um pouco mais de tempo para te sentir.
Tempo para sentir
mesmo aquilo que não tive tempo de viver.

Magia das memórias,
que deixam sementes para continuarmos a construir o caminho,
em que mesmo não estando...estarás,
sempre...
ou pelo menos,
até que eu te queira por perto.

©Graça Costa

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O EMBALO DAS PALAVRAS

Ah, as palavras,
meu conforto,
meu espanto.
Com elas me visto,
me dispo,
canso e descanso.
Com elas brinco e com elas me alimento.
Do amor que brota de cada letra,
de cada acento,
de pausa, abrupta ou suave
leve como carícia,
profunda como cicatriz.

Do embalo das palavras nasce o poema.
De espanto em espanto
recomeça o canto.
De canto em canto,
recupero o espanto
a que me entrego sem rede,
como lamento vogando na corrente da esperança.

Junto-as todas.
E nesta dança desencontrada de letras e sons
neste lamento de enganos e desenganos,
construo o poema,
que sereno me invade,
e te invade também,
a ti que o acolhes
no despontar do dia
ou na vereda escarlate,
na noite sombria
ou num sonho... sem tarde.

 ©Graça Costa
Sylvie Guillot - desenho



 

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

ETERNIDADE


Sinto a eternidade gravada

em cada poro de pele

que se abre ao êxtase do teu toque;

em cada olhar partilhado,

em cada arrepio, ainda que fugaz,

em cada memória do que tivemos um dia e deixou chama,

em cada até breve

imerso em nostalgia e cansaço.

 
Sinto a eternidade gravada

em cada palavra sussurrada,

que se desfaz num arquejo ou num soluçar ligeiro,

doce e suave como uma dádiva,

melancólico como o entardecer sem amanhã.

 
Nesta eternidade ao segundo, ficamos.

Como canção lançada ao vento, ficamos,

entrelaçados na rima,

envoltos em melodia e cansaço,

para lá do medo

para lá de tudo

para lá do fim.

 
Apenas nós,

perdidos no fragmento do tempo que passa.

 
©Graça Costa
 
 

 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

SE EU PUDESSE

Ah se eu pudesse gritaria um amanhecer claro,
um sol vibrante,
uma brisa suave,...
sorrisos amplos,
braços abertos ao despontar do dia.


Se eu pudesse,
estreitaria abraços,
criaria cumplicidades,
daquelas que os sábios saboreiam e partilham,
os cínicos apregoam
e os tolos ignoram.

Se eu pudesse gritar um tal amanhecer,
multiplicaria a centelha da esperança
caminharia rumo ao entardecer,
e uma vez lá,
repousaria feliz na ternura de um abraço,
daqueles que tornam o humano divino
e o efémero intemporal.

©Graça Costa

 

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

IN DISGUISE


Tell me
that I'm a feather caressing your skin
that I'm a cool breeze on your lips
that I'm a soft whisper on your ear.

Tell me
because I need to know
that without me
life is small
unworthy
and days are fragments of pain and sorrow.

Hold on my love
Keep searching
and you will find me
in every corner of scent
on every breath you take.

Hold on my love.
Close your eyes
and fell...
I'm around
dressed as feather
whisper
or breeze
only to feed your senses.

 
©Graça Costa
 
 

INTERMITÊNCIAS

Intermitente,
o sorriso após o êxtase
iluminava a escuridão como vagalume em noite de verão.

Inquietos os dedos dos amantes
desenhavam nos corpos
palavras imprevistas,
inventadas,
inconsequentes,
quase letais.

Sentiu o corpo derreter como espuma,
e o olhar preso no seu
numa súplica surda
em direcção ao recomeço.

Na intermitência do sorriso,
fragmentos de dor em suspensão
mesclados com aquele prazer doce
do amor partilhado.

Sem palavas porque desnecessárias,
apenas o sorriso permanece,
como tatuagem
gravada no rosto dos amantes sem nome,
perdidos na noite que amanhece.

©Graça Costa
imagem da web