quarta-feira, 6 de abril de 2016

DESEJO EM DÓ MAIOR


O dia acordou sinuoso e inquieto.
Pairava no ar um quê de mistério
e o horizonte trazia nos dedos
promessas de ternura em gomos de romã e ramos de violetas.

No ar, uma serenidade etérea
como se aquele dia trouxesse no rosto alvo
a magia de sonhos roubados.

Os olhos abriram-se pelo espanto
da profusão de aromas e sons que vinham de longe,
mas que ao mesmo tempo pareciam sair de dentro de si.

Depressa percebeu que tempo
e corpo se haviam fundido
naquele dia, em que a primavera nascia,
calma e serena por entre a maresia.

Fechou os olhos e sorriu ao sentir o raio de sol que lhe inundava o rosto.
Mordeu os lábios com sabor de romã,
vestiu-se de violetas e esperou.

Ao longe, o gemido dos teus passos
lentos,
ousados,
como o amor reinventado
em cada beijo trocado.
A cada passo …o arrepio.
Em cada arrepio …a magia
do desejo em dó maior
naquela dia que amanhecia.


©Graça Costa


                                                                         Loui Jover

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