segunda-feira, 10 de abril de 2017

SONHOS ROUBADOS

 O dia acordou sinuoso e inquieto.

Pairava no ar um quê de mistério
e o horizonte trazia nos dedos
promessas de ternura,
em gomos de romã
e ramos de violetas.

Havia no ar uma serenidade etérea,
como se aquele dia trouxesse no rosto,
magia de sonhos roubados.

Os olhos abriram-se de espanto
pela profusão de aromas e sons que vinham de longe,
mas que pareciam sair de dentro de si.

Depressa percebeu que o seu tempo
e o seu corpo se haviam fundido naquele dia,
em que a primavera nascia
calma e serena por entre a maresia.

Fechou os olhos e sorriu 
ao sentir o raio de sol que lhe inundava o rosto.

Mordeu os lábios com sabor de romã,
vestiu-se de violetas
e esperou.

Distintamente ouviu o silêncio dos teus passos.

Vinhas a caminho,
para reinventar o sonho roubado,
e ela esperou
e sorriu para o horizonte da esperança
que ao longe nascia.


©Graça Costa
imagem : Lykke Steenbach Josephsen




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