Podia ter sido numa qualquer manhã, mas foi naquela.
Acordou com o sol a lamber-lhe o rosto e a folhagem da mata a
entoar-lhe o nome num tom ritmado, quase hipnótico.
Deixou os passos fazerem o caminho que a alma pedia e num passe
de luz e fantasia, encontrou-se embrenhada no meio da floresta, prenhe de vida
e de desejos por revelar.
Fechou os olhos e sentiu-se vendada...
Na verdade não precisava do olhar para sentir a plenitude
daquela maré de sensações encantadas, quase sensuais, como os raios de sol que
lhe acariciavam o peito.
Apurou os sentidos e deixou-se levar pelos cheiros, pelos sons,
pelo bater do coração.
Bebeu o néctar da terra e deixou-se embebedar pela paleta de
cores que lhe estalava debaixo dos pés; paleta que não via mas intuía e lhe
fazia tão bem como agua da nascente a escorrer-lhe pelo rosto.
Podia ter sido numa qualquer outra manhã, mas foi naquela.
Foi naquela que ousou despir-se de enganos e enfrentar a
vida...de olhos vendados mas tão esclarecida, que mesmo vendada, nunca se
sentiu perdida.
Sei que anda por perto...mas, não sei se a conhecem.
©Graça Costa
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