segunda-feira, 3 de abril de 2017

DIVAGANDO

Podia ter sido numa qualquer manhã, mas foi naquela.

Acordou com o sol a lamber-lhe o rosto e a folhagem da mata a entoar-lhe o nome num tom ritmado, quase hipnótico.

Deixou os passos fazerem o caminho que a alma pedia e num passe de luz e fantasia, encontrou-se embrenhada no meio da floresta, prenhe de vida e de desejos por revelar.

Fechou os olhos e sentiu-se vendada...
Na verdade não precisava do olhar para sentir a plenitude daquela maré de sensações encantadas, quase sensuais, como os raios de sol que lhe acariciavam o peito.

Apurou os sentidos e deixou-se levar pelos cheiros, pelos sons, pelo bater do coração.

Bebeu o néctar da terra e deixou-se embebedar pela paleta de cores que lhe estalava debaixo dos pés; paleta que não via mas intuía e lhe fazia tão bem como agua da nascente a escorrer-lhe pelo rosto.

Podia ter sido numa qualquer outra manhã, mas foi naquela.
Foi naquela que ousou despir-se de enganos e enfrentar a vida...de olhos vendados mas tão esclarecida, que mesmo vendada, nunca se sentiu perdida.

Sei que anda por perto...mas, não sei se a conhecem.


©Graça Costa


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