Parti em busca de mim
e nesta incessante busca
encontrei-me nos sítios mais improváveis.
Vi-me numa gota de orvalho,
numa papoila baloiçando na beira do caminho,
numa carícia feita no teu rosto ao acordar.
Nesta busca de mim,
em que o ontem e hoje se misturam,
percebi que dar não implica receber,
que amar não significa ser amado,
que a solidão pode ser felicidade
e companhia pode ser saudade.
Parti em busca de mim
e no esplendor da nudez
vi-me rodeada de afectos vividos
e de outros em construção,
despertando ao ritmo do bater do coração.
Nesta jornada sem principio nem fim,
dissolvo-me em sorrisos e prantos
fecho os olhos e descanso.
Na voz trago o fogo e a luz que as palavras não conseguem
descrever.
Por isso as transporto nos olhos
e na forma como me dou,
para que as consigas decifrar.
Parti em viagem dentro de mim esperando chegar até ti
e nessa esperança terna e serena,
deixei o silêncio ser a voz do nosso encontro.
©Graça Costa
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