sábado, 12 de novembro de 2016

OS DIAS DOS DIAS

Nos dias em que acordo água,
o rio que corre neste meu corpo feito leito
desce no meu peito em jeito de desmaio
e torna-se, não é mais que um gemido,
implorando pelas tuas mãos.

Nos dias em que acordo fogo,
a chama que me invade os sentidos
reclama os dedos da paixão,
a loucura da eternidade nos teus braços,
sem principio nem fim
apenas momento.

Nos dias em acordo névoa,
fico perdida sem saber como aconteceu.
Magia neste tocar sem ser vista, mas intuída,
roubando carinhos
depositando-te beijos lentos,
baixinho como lamentos.

Nesses dias, olho-me no espelho e sorrio
porque mesmo na penumbra da tarde,
ainda que névoa,
o teu corpo reconhece-me,
a magia acontece,
e saciamos a fome
ao ritmo do anoitecer que amanhece.


© Graça Costa
imagem da web






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