Sinto no corpo esta emergência
de esconder as palavras que me brotam dos sentidos.
Tapo-as com mantilha de névoa
para as preservar do caos
ao rolarem pelo corpo fora.
Tapo-as, para poder gozar o espanto nos teus olhos
quando em oferenda te
as entregar,
trémulas como cerejas carmim
incendiadas de desejo errante.
Nesse dia seremos árvore,
lamento ou grito amarrado
nas cordas do vento norte,
e as palavras o pão
com que faremos a sorte
de sermos amantes sem chão
em fogo líquido dançando.
©Graça Costa
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