terça-feira, 24 de novembro de 2015

ONDE A SOLIDÃO TERMINA

 Deixaste-me na boca um sabor a espanto
e na pele a súplica do desejo inacabado,
a fome do mais que o dia levou.

Deixaste-me no olhar um sopro de maré viva,
uma tempestade de afectos incontidos
clamando pela noite
ou tão só pelo som dos teus passos na escuridão.

O dia passa,
lento e soturno
mas dentro de mim bate o sol
e, com lábios de silêncio
e o paraíso no olhar
deixo o fogo envolver-me
na espera do tanto que te quero.

No horizonte o dia cai,
deixando no ar promessas guardadas
no ontem que não chegou a ser.

Espero-te,
para que me abraces onde a solidão termina
e me envolvas no sereno rendilhado
dos dias sonhados antes do amanhecer.


©Graça Costa

                                                                     David Mack

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