Trazia estampado no rosto
o sorriso dos dias claros.
Nos olhos o brilho sereno dos tempos
em que um olhar, ainda que subtil, bastava
para gravar o momento
nas paredes da eternidade.
Palavra semi ditas, ou apenas sussurradas,
faziam o coração pular como joaninhas num campo de
malmequeres.
Lanche partilhados no lancil dos passeios,
tinham o esplendor de jantares à luz de velas.
Desses tempos,
em que era feliz e não sabia,
tenho armazenadas saudades,
de lugares, gentes e gestos
de aromas, fantasias, afectos.
Desses tempos ,
guardo a memoria do coração descompassado,
o sabor do beijo nunca dado
o olhar travesso do seduzido, sedutor,
o querer e o não querer ,
o desejo e o pavor de o ter.
Memórias,
tesouros guardados na gaveta do sentir,
amoras silvestres salpicadas de chocolate negro
que saboreio…
de quando em vez.
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