domingo, 22 de março de 2015

ABRAÇO

Doces, os sulcos marcados na pele trigueira;
Rugas de esperança,
plantadas pelos caminhos da dor
cansaço e maresia.

Lá longe,
no horizonte da memória
o brilho ténue de um sorriso travesso
agarrado ao  verde cristalino de um olhar perdido em sonhos de criança.

Nesse rosto quase esquecido
revisito o caminho que me levou a ti.
Na beleza sinuosa dessas rugas
volto a percorrer os sons da descoberta,
os cheiros a salva e maresia
guardados no peito
como tesouros silvestres.

Semicerro os olhos
e deixo-me envolver pelos aromas da vida.

Depois,
na placidez da tarde
enrosco-me no por do sol;
acaricio o rosto com pétalas de luz
e no aconchego do sonho,
deixo-me ir...
em direcção ao teu abraço.


©Graça Costa 


Sem comentários:

Enviar um comentário