Esperei por ti na curva da tarde
como por ti esperou a fome do sentir.
Imaginei-te a romper a neblina
lentamente, em slow motion,
saboreando cada passo que te trazia até mim.
Fechei os olhos e centrei-me nos sons,
no restolho que quebrava debaixo dos teus pés.
Mais perto,
cada vez mais perto.
Não via , mas sentia o teu olhar preso no meu corpo
libertando-o de tudo o que te separava da minha pele.
E a pele sorria…
o olhar vidrava
o corpo gemia no silencio da estrada.
Por fim senti-te chegar
resposta à suplica muda que te pedia o olhar.
Arrepio de alma na curva da tarde...
Deitei-me no teu colo
e deixei-me voar...
©Graça Costa