Tem dias em que viajo ao interior de mim
na esperança de encontrar a criança que fui.
Dela guardo …
tantas memorias,
algumas saudades,
pequenos afectos,
sonhos que nunca foram pele.
Guardo também cicatrizes,
Lágrimas , sons e coragens,
Cheiros, poemas, imagens…
quase tatuagens gravadas na pele,
que ao toque recorda
a criança que fui,
a mulher que sou.
E se tivesse seguida outras estradas?
Se o acaso,
o destino
um brilho de olhar,
um sorriso,
uma qualquer pedra no caminho,
me fizesse mudar o curso
desta história
tecida a pincel
martelo e cinzel?
Com o barro dos dias
fui construindo a canção
o embalo dos dias,
a janela do coração.
E assim me tornei
maré viva,
turbilhão,
peróla,
gema,
madrugada,
solidão,
beijo,
carícia,
paixão…
Uns dias serena.
Outros dias,
não...
©Graça Costa
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