Trazia pendurada nos dedos
a primavera dos seus verdes anos.
No olhar,
tímidos raios de sol
animados pela sonho de uma paixão de verão.
No sorriso,
promessas de beijos doces,
macios como veludo,
carnudos como alperces maduros polvilhados de canela acabada
de moer.
Aquele excesso de primavera anunciada,
quase overdose sensitiva e visual,
inundou ruas e rostos,
espalhou sorrisos
e também alguns lamentos sussurrados,
por quem tinha visto os anos passar ao largo,
sem ter tido tempo, engenho ou a sorte
de poder beber o amor e a paixão da vida,
em tragos longos de mel e açúcar mascavado.
Naquela primavera de verdes anos pendurada nos dedos
vi a miúda que fui…
e revi a promessa de
mulher que não cheguei a ser…
mas sorri…
Sorri porque agora,
no Outono da vida,
retirei o esboço do que fui da gaveta das memórias,
agarrei na paleta das cores e nos pinceis com que se pintam
os dias;
e juntando o esplendor das rugas, com as pinceladas de
branco nos cabelos
fiz o adubo de uma nova sementeira.
Ah…
e continuo a sorrir…
©Graça Costa
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