sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

COME


À DESCOBERTA DO AMOR

Parto à descoberta do amor,
com a curiosidade infantil
do desconhecido que ainda há em mim.

Perdi o medo do amor
porque amar é simplicidade.

Deixo fluir os sentidos,
dou se tiver vontade,
quando tiver vontade,
e recebo com carinho
a mão estendida,
a doçura de pele
o beijo lento e sedutor.

Saboreio sem pressas,
a fusão dos corpos que se dissolvem
em maresia e poemas
nas noites rubras de rigorosa invernia.
Saboreio sem pressas
e contemplo o esplendor
do amor que acontece.

©Graça Costa
©Maria Magdalena Oosthuizen

VONTADE

Existe no silêncio
um luar de nuvens mansas
uma alma secreta de murmúrios vestida
uma doçura tamanha,
que só de o prever já me embalo
do seu sentir.

Só quem conversa com o silêncio
tem alma para sentir o poema
que antes de o ser já dança na retina,
já penetra a pele 
com a intensidade de um beijo
e o despertar da fome 
do amor vivido em firmamentos distantes.

Oxalá a noite me doure os sentidos,
me crave na pele a vontade de me dar
e que o canto da minha voz, não seja voz
mas pele…
sedenta de outra pele.


© Graça Costa


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

1000

Passaram vinte e dois dias desde o nascimento deste espaço, que é meu e de todos os que generosamente passam por aqui e deixando ou não a sua marca, levam consigo um pouco de mim.

Como vos confidenciei no dia em 4 de Fevereiro quando ousei dar este passo, este é um blog de poesia...aquele pedaço de mim onde as palavras ganham voz e vida à medida que se me soltam dos dedos.

Ofereço-as com a alegria da partilha sem destinatário, e mesmo que venham recheadas de dor ou de esperança, de fome ou cansaço, serão palavras sentidas, saboreadas e sempre vindas das entranhas do Ser.

Como disse no dia 4 quando vos apresentei os Fragmentos...assim sou, assim me dou...com a alma nua e a ternura intacta e assim faço questão de continuar.

Reparei agora que os meus “Fragmentos” passaram as 1000 visualizações e uma estranha sensação de felicidade invadiu-me os sentidos, bem como a enorme vontade de o partilhar convosco, com todos os que tornaram este momento possível.

Obrigada…

Estou mesmo muito feliz.
Graça



GRATITUDE

Watered the seeds of hope
with tears of pain
and the morning sun,
bowed,
in gratitude.

© Graça Costa



NOITE

Vesti-me de noite para me perder na escuridão.
Nela encontrei a paz que o dia me roubou.
Doce noite, que me embriaga os sentidos e me ilumina o olhar.
De ti me alimento,
e contigo fico
até que me embales o sono com o teu beijo de mãe,
ou carícia de amante.


©Graça Costa


HIPNOSE


A noite estendeu-lhe o manto das promessas embutidas no olhar.
Felina e serena como a mansidão do entardecer,
contemplei o namoro sensual daquela pequena e frágil nuvem com o raio de sol.

A linha do horizonte testemunhava a doçura daquela nuvem
derretendo-se no embalo do raio de sol que fugia.

Hipnótica a beleza do momento;
quase tela,
quase fome,
inspiração de amantes presos no desejo da noite,
embriagados pela imensidão do olhar.

Da noite se alimentaram,
sussuraram desejos e promessas,
saciaram sentidos,
romperam regras, limites, convenções.

Como nuvem ou raio de sol
esperaram o romper da aurora,
e na fusão dos corpos,
partiram,
resgatados pelo silêncio
em direcção ao mundo incandescente dos sonhos.


©Graça Costa


HURRICANE


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

PENUMBRA DO DIA


Surgiu-me da penumbra esta sensação de luz
este calor terno e manso
de uns lábios lambendo-me o rosto.

Iluminou-se-me  a alma e um sorriso
nasceu-me no olhar.

Depois foram os dedos…
Como brisa de verão,
ainda com aroma a fim de primavera
viraram carícia nua , repleta de promessas.

Um silêncio mágico invadiu a manhã.

O meu corpo virou pauta de musica inacabada
pintado pela paleta da aurora,
expectante,
luminoso,
sedento da orquestra dançante
saída da penumbra do dia que amanhecia.


© Graça Costa




ONCE UPON A TIME


PORQUÊ

Porque é que quando ponho a alma a falar ela chora ?
Chora lágrimas diamante
Invisíveis e preciosas
como seiva de vidas vividas e por viver.

Tem dias em que a alma chora sorrindo
e as suas lágrimas adornam-me o colo como perolas.

Com elas construo colares ou túnicas,
vestidos, canções, tantos mundos…
jogos de prazer e ternura
prenúncios de fim de tarde inventados
dentro do peito encerrados.

Porque choras alma?
Porque te inquietas?
Porque lágrima é vida.
Lágrima é arte e poesia,
inquietação repentista,
emoção,
abraço, silêncio, calma,
vento uivo ou furação.

Não sei porque choras alma,
mas no meu egoísmo brando
te peço…
chora um pouco mais,
por favor…


©Graça Costa




terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

NAQUELE DIA

Um sorriso trespassou-lhe o rosto
ao sentir o sol acariciar-lhe o corpo como mãos de amante experiente.

Lenta e dengosamente espreguiçou-se,
rolou sobre si mesma e deixou-se ir.

Adormeceu com a sua imagem na retina.

Com o sabor do seu beijo,
o toque da pele na sua pele,
a magia da fusão dos corpos ao luar.

Adormeceu levando no sono e sonho
o sorriso com que brindara o sol que lhe banhara o rosto.

De repente deixou de saber
se era sonho
sonho
ou vida.

Sabia apenas que sentia
e se sentia tinha que ser verdade.
Enroscou-se naquele corpo
e deixou a magia acontecer.


©Graça Costa


NÃO ME QUEIRAS

Não me queiras sem a minha alma desassossegada,
sem os meus medos e as minhas dúvidas.        

Não me queiras sem o mar dos olhos
com as suas marés
ora mansas , ora inóspitas
alegres ou tristes
intensas ou suaves como espuma na areia da praia.

Não me queiras sem o brilho no olhar
quando vejo um filme,
leio um livro,
ouço uma música
ou simplesmente revisito as memórias
do ontem e do outrora.

Não me querias sem as personagens que visto
quando a vida me corrói por dentro e fantasio a dor.

Não me queiras sem os sonhos que teço por entre as palavras
que me escorrem dos  dedos
prenhes de ternura e saudade,
daquilo que sou, 
que fui, ou podia ter sido.

Não me queiras sem as minhas rugas e cicatrizes.
São elas que me iluminam o Ser
e me fazem sorrir, 
quando me encontro com a mulher que sou.

Se me conseguires amar assim,
terá valido a pena
e quando chegar ao fim da estrada,
olharei para trás 
e talvez possa partir sorrindo.


©Graça Costa


A GLIMPSE OF PARADISE


A glimpse of paradise hidden within shattered dreams
that's what I found when our eyes crossed in the starry night.

Teary eyes
like pearls or diamonds
my name whispered like a prayer
and your trembling hands
when they touched my soft and tender skin.

Desire to catch the world with a poem
dressed by words not yet written
but already dreamed.

A glimpse of paradise
having me naked
using of my skin as un  unwritten sheet of paper
so full of promises.

Powerful the ink of the eyes
when made of passion and shattered dreams.


©Graça Costa

                                                              By Will Kim

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

FIM DE TARDE

Fim de tarde.
Sensação estranha de perda
como se do dia
restasse apenas o lento arrastar das horas.

Nem uma chama,
nem um sorriso,
nem uma nuvem em forma de pássaro a convidar ao sonho.

Fim de tarde inóspito,
avarento
preguiçoso
sem cor,
sem vida,
sem chama.

Procuro nos recantos da memória
a causa de dias assim.

Será tristeza?
Saudade?
Nostalgia da tua ausência?

Apressa-te fim de tarde...
abraça o sol e corre para lá do horizonte.

Deixa que do leste ou oeste distante
a noite venha com seus passos de dança lenta e insinuante.

Deixa-me fechar os olhos e adivinhar-te o chegar.
Deixa-me antecipar o calor da tua boca e o toque da tua pele.

Deixa-me agora ser triste
mas plantar o brilho no olhar.

A noite é já ali...
e tu estás a chegar.


©Graça Costa




domingo, 22 de fevereiro de 2015

OFTEN

Often we're afraid to love
cos loves hurts
and the pain is rough
like rusty barbwire.

Often we're lost in pain
and love is a senseless empty word.
Often existence is a cruel sleep and awake
with no shape or colour
with no feelings or sounds.

Often we cry
and blessed tears
that as feathers
carry the seeds
of a new beginning.

Often...
love born after tears
is the one that makes it worth the pain.

©Graça Costa




ATÉ TI

Naqueles olhos de avelã aveludada
havia sonhos de luz 
como rio batido por raio de sol em fim de tarde.

Naqueles olhos havia o brilho cristalino dos corais,
a densidade de um bolo de erva doce,
a ternura de um abraço,
a doçura de um enlaço
e a força de uma montanha rasgando o horizonte.

Naqueles olhos viajei sem destino,
eremita,
vagabunda,
alma exposta ao desafio.

Naqueles olhos me perdi,
me levantei,
caí
e neles encontrei o caminho
que me levou até ti.


©Graça Costa


A FÉNIX


Trazia no olhar o lamento das aves prevendo tormenta
e nas mãos fechadas
a esperança do ultimo raio de sol caindo sobre o mar.

Queria soltar o grito mas emudecia
deixando que ternura guardada no peito
fizesse cama no silêncio da voz.

Trazia quimeras entrançadas nos cabelos
enfeitadas de malmequeres e violetas.

Nos lábios, papoilas silvestres salpicadas de orvalho
como se tivesse sido beijada pelo amanhecer.

Olhá-la , só por si era um poema,
sinfonia, sonata, paixão.

Trazia no olhar o lamento das aves
e no corpo a magia de uma fénix
querendo voar.


©Graça Costa


A NUDEZ DAS PALAVRAS


Palavras…
embalagem dos pensamentos
sem perfumes ou laços elaborados.

Assim as prefiro,
no esplendor da sua nudez,
assim me apaixono pela singeleza do encontro das letras
que a par e passo transformo em melodias e afectos.

Assim as ofereço,
para que as possam vestir
de acordo com o sentir da noite,
do dia
ou da madrugada.

Apenas desejo,
que a ternura fale mais alto
e as adornem de sorrisos,
carícias e doces caminhadas
ao encontro das marés.


©Graça Costa


SHELTER

Lost in the horizon of dawn
our night became a shelter of treasures.
Unspoken,
unquestioned
but lived,
so intensely and so deeply
that the strength of day,
asked permission to arise
and covered our naked bodies
with the caress of hot dewy moss.

©Graça Costa



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

PROMESSAS


Existem promessas sem voz
guardadas nos recantos da memória
que, de quando em vez, despertam do seu torpor
e reclamam vida.

Exigem afectos,
fusão de pele e paixão,
banhos de ternura envoltos na espuma dos dias.

Fogo, feitiço e maresia feitos em pedaços.
Fome de te querer sem te poder ter,
maré viva em noite de inverno
corpo em chamas,
alma em fúria,
grito suspenso na garganta.

Existem promessas sem voz
guardadas nos recantos da memória.
No peito a chave de tudo
ou o inicio de nada.

Promessas…


©Graça  Costa



































































































































































































































































































































































































































































































































































































quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

ÉPICO


Seda,
cetim,
veludo,
 brocado,
 marfim.

Não sei como dizer a tua pele.

Esse mar onde me perco e me encontro,
onde me invento e descanso.
Essa pele que me fala,
mansa e docemente numa língua por inventar
mas que me entende e responde
com a languidez do olhar.

Não sei como dizer o teu aroma de jardim silvestre,
mar revolto,
terra lavrada,
oriente mágico, quase alucinante.

Não sei…
Mas sinto o épico desta sensação
de te saborear...
sem  ter que te dar um nome.


©Graça  Costa 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

COISA BOA


Coisa boa, flutuar no teu abraço
ao som de um noturno morno
com embalo de espanto
e carícia de lamento.

Coisa boa o teu toque
como raio de sol
timidamente rompendo a nuvem
cheia de lágrimas
com receio de a romper.

Coisa boa, morrer e renascer de novo,
em cada olhar
em cada gemido
em cada grito,
perdidos no orvalhado da noite
refletidos no dia que desponta.

Coisa boa as histórias que escrevo nos meus olhos
e reservo…
como calda de  açúcar
em pétalas de luz.


©Graça Costa


EM DIRECÇÃO AO TEU ABRAÇO


Doces, os sulcos marcados na pele trigueira;
Rugas de esperança,
plantadas pelos caminhos da dor
cansaço e maresia.

Lá longe,
no horizonte da memória
o brilho ténue de um sorriso travesso
agarrado ao  verde cristalino de um olhar perdido em sonhos de criança.

Nesse rosto quase esquecido
revisito o caminho que me levou a ti.

Na beleza sinuosa dessas rugas
volto a percorrer os sons da descoberta,
os cheiros a salva e maresia
guardados no peito
como tesouros silvestres.

Semicerro os olhos
e deixo-me envolver pelos aromas da vida.
Depois,
na placidez da tarde
enrosco-me no por do sol;
acaricio o rosto com pétalas de luz
e no aconchego do sonho,
deixo-me ir…
em direcção ao teu abraço.


©Graça Costa


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

IN YOUR HANDS


SONHOS DA MADRUGADA

Embriagada de insónia
enamorei-me da madrugada.

Pedi-lhe uma manhã clara
com raios de sol vibrantes
salpicados de brisa e aroma de mar.

Pedi-lhe o calor do teu corpo
a ternura do teu abraço
o cheiro da tua pele
o precioso som da tua voz.

Enrosquei-me na tua presença ausente
deixei que as lágrimas levassem a saudade
e deixei-me levar …

O sono acabou por vencer a batalha dos sentidos.
 Adormeci nos braços da madrugada e neles te revisitei.

Desse dia feito noite,
guardo os sonhos que inventei
e os  ecos de ti que na pele gravei.

Tesouros de alma sem textura
com aroma de infinito. 


©Graça Costa


OUTRAS PALAVRAS


Passeiam-me pelo corpo
As palavras.

Como mãos nuas e rugosas
de quem trabalha a terra sem luvas,
esborracham-se na tela do meu corpo feito papel,
feito cinza
ou feito mar.

Recheando os afetos de verbos,
adjectivos,
pronomes e interjeições,
como amantes experientes eu e as palavras brincamos;
Fantasiamos
Exploramos,
Gozamos
Rimos e choramos
Ou simplesmente contempla-mos…

Há algo de profundamente sensual nas palavras,
na forma de as saborear,
trincar,
adivinhar;
Na forma como as damos,
Ou Insinuamos,
Na insensatez do quase
Que não chega a ser verbo.

Passeiam-me no corpo as palavras…

Uns dias pedra,
outras cinzel.
Uns dias fome,
outros dias…
 mel.


©Graça Costa


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

GOSTAVA DE TE DIZER


Gostava de poder dizer-te
que o amor que sinto é do tamanho do universo,
mas não posso...

O universo pode ser demasiado pequeno e tenho receio de errar.

Gostava de poder dizer-te que o desejo que sinto
tem a magia de uma manhã clara,
mas nunca fui manhã e não sei definir essa magia.

Gostava de poder dizer-te que a felicidade é eterna,
mas sei que não é.

Apenas sei que as palavras que escrevo
são letras pintadas de emoção
e embrulhadas no cetim dos afectos
com que teço a malha dos dias
vividos ou apenas sonhados.

Por isso não te digo o amor que sinto.

Deixo que o descubras
e que o digas por mim.


©Graça Costa




THE KISS

I like the kiss that did not give ...
the imagined kiss,
drawn in the contours of the mind.

I feel its smell and its taste,
texture,
heat.
Insinuating,,,
the kiss that I did not give.

Magic,
as everything already dreamed
but yet unborn.

©Graça Costa