Escrevo
porque as palavras não chegam para o que sinto…
são pequenas e banais
gastas,
supérfluas ,
incoerentes, frugais
e eu preciso delas fortes,
intensas, enormes,
eruptivas,
terapêuticas,
balsâmicas.
Escrevo porque as palavras que tenho para ti não têm
nome.
Trago-as embaladas no
peito,
presas na
garganta,
gravadas na pele,
como gotas de suor após a tenaz luta do amor.
Escrevo com a alma nas mãos
esperando que me estendas as tuas,
que me agarres ,
que me envolvas,
que me penetres os sentidos
com a emoção da aurora rompendo o dia.
Escrevo,
porque os meus olhos estão mudos
e a boca grita
silêncios vários.
Só estas mãos insistem em riscar o papel
na implacável dança de aromas e sons com que construo os
dias.
Escrevo para que me recordes assim,
despida de tudo,
despida de mim,
barro nas tuas mãos,
mosto por fermentar,
maresia, mar e noite
paraíso,
frenesim...
©Graça
Costa
Pablo Picasso
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