quarta-feira, 30 de setembro de 2015

SEM RESERVAS

Acolhe-me no teu corpo
como se fosses berço para o meu descanso.

Embriaga-me de carícias e palavras soltas,
doces...serenas,
mesmo que sem sentido.

Coloca na voz
a musica das almas cansadas
e acolhe-me no teu corpo
como se fosses mar
e eu maré,
como se fosses onda
morrendo na praia
e eu a praia para te receber.

Acolhe-me
que eu a ti me dou
sem medos nem reservas,
corpo aberto ao encontro de almas
que só a ternura percebe.


©Graça Costa

                                                                  Guy Denning

AMANTES SEM TEMPO

Partiste,
deixando-me um desejo tardio no corpo.
O, até logo, sussurrado
deixou no ar um aroma de promessas
e no olhar uma paixão por cumprir.

No beijo,
ficaram as palavras por dizer
na pele as carícias por sentir
e na alma o amor revisitado
que a noite sempre me traz.

Foi então que a magia aconteceu,
e o dia fez-se noite
somente para eu te ter.

Senti-te chegar
e sorri.

Soltei o corpo
e deslizei para o horizonte selvagem,
onde os sonhos ganham voz
pelas mãos dos amantes sem tempo.

©Graça Costa 


                                                                       Maria Srb

terça-feira, 29 de setembro de 2015

SOUL MATES


You know what I mean
when I shiver in your arms.

You know what I mean
when you look at me
and my eyes are brighter than rising stars.

You know what I mean
when I whisper your name
at dawn or at nightfall.

You know what I mean
when I softly bite my lips
and in the next second they touch yours in a warm kiss
on the back of your neck.

I know you know what I mean.

So...I hardly need words
to let you know,
that I love you,
that I want you,
that I need you
like the air that I breathe.

You know what I mean...

I mean
that I'm your soulmate
and soul mates just know
because they just feel.


©Graça Costa


SENTE-ME

Percorre-me as ruas do corpo como se fosse a tua cidade.

Descobre os pormenores do lamento.
Embarca no destino que negas,
mas não podes,
nem queres evitar.

Sente-me…

Envolve-te no calor da pele,
nos gemidos que  noite cala e a maresia consente.
Ousa sorrir ao desconhecido que te chama
e perde-te neste meu corpo feito mar para te receber.

Ouve-me por entre o silêncio e o grito.

Aprende comigo o sentir sem palavras.

Inventemos uma língua nova,
serena e fluida como o brilho do olhar,
após o amor partilhado
na mudança da maré.


©Graça Costa

                                                                  Rico Blanco 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

VOZ DE DENTRO

Há uma voz cá dentro
que me dita o poema,
que me conduz a saudade da mão e do olhar
do toque,
da entrega,
da fome
e da paixão.

Há uma voz cá dentro
que me conduz o sonho
e um sonho
que me conduz a ti.

A ti...
meu amor e meu chão,
meu refúgio e minha paixão.

Há uma voz cá dentro
que me encanta e me desencanta
me acolhe e me repele
numa catadupa de afectos
rolando num turbilhão.

Há uma voz cá dentro
que me dita o poema
e o poema...
não és tu nem sou eu...
somos nós,
eternamente Nós.

©Graça Costa



NUMA MANHÃ DE PRIMAVERA

No amanhecer que desponta,
sou pássaro livre
sou fonte
sorriso aberto
espuma do vento.

Sou tudo isso
e o que mais queiras.

Por ti acordo
contigo me deito,
desejo na pele
ternura no olhar.

No amanhecer que desponta
navego serena como espuma do mar
e na fluidez dos sentidos
deixo-me enamorar pela maresia dos teus dedos na minha pele.

Fecho os olhos e nela sinto o teu toque.
Deleite dos fins de tarde
em que flutuamos rumo ao anoitecer
que por ora apenas é sonho.

Ferve-me a pele e sorrio…

Antecipação do prazer
numa manhã de primavera.


©Graça Costa

                                                       Catrin Welz-Stein

domingo, 27 de setembro de 2015

SERENAMENTE

Serenamente,
pelos caminhos da ilusão me levaste.

De leveza me vesti.
Com a brisa dancei.
Entre os nenúfares e a folhagem flutuei
como brisa em tarde calma.

Serenamente,
pelos caminhos da ilusão
reinventei a magia de renascer
a cada passo,
a cada olhar,
a cada beijo,
a cada luar.

Toca-me, amor...
embala-me no teu peito de luz
e cobre-me o corpo com os teus lábios de espanto.

Deixa que a fome de afectos
se torne melodia outonal
e façamos da dança dos corpos
ousadia,
ternura,
paixão,
loucura sem nome
nova vida,
exaustão.

Depois...
que o sono nos tome conta do Ser
e os sonhos venham vestidos de luz.

Serenamente...


©Graça Costa





quinta-feira, 24 de setembro de 2015

AO OUVIDO DO AMANHECER

Anda…
Vamos inventar um dia novo,
desenhado a aguarela ou a pastel
melodia ou primavera,
doce e mágico como beijo roubado,
nas colinas do sonhos e da imaginação.

Anda…
dá-me a tua mão.

Deixa-me guiar-te neste mundo inventado
em que o corpo ganha voz
magia e sedução.

No teu olhar sinto a urgência das marés,
o marulhar dos afectos, 
a fome por saciar.

Nas palavras por dizer,
pressinto  trilogias escritas a quatro mãos
ao som do crepitar das chamas
e dos corpos suados pela paixão.

Pressinto a madrugada e o calor da tua boca
e assim fico
quieta e nua,
presa no limbo de poemas sussurrados,
ao ouvido do amanhecer.


©Graça Costa


                                                                 Marilyn Kalish

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

PELE

Nada como o toque aveludado da pele,
a forma como se arrepia ante a caricia,
como responde ao beijo lento e rastejante,
à língua quente e húmida,
ao gemido ,
ao arfar do desejo incandescente
à súplica do olhar.

Pele…
Tela de paixões inquietas
magia serena em noites calmas
ou feiticeira  dos dias que nascem sem porquê.

Pele, poema
Pele, canção
Pele, sinfonia de Outono em pleno verão.

Pele em espera.
Pele em escuta.
Pele sedenta da água da tua boca .
Pequena gota de orvalho,
alimento da flor da madrugada.


©Graça Costa




COM O TEU SORRISO NA PELE

Acordei com o teu sorriso na pele
e o teu aroma almiscarado no olhar.
Da janela,
a brisa entoava melodias de outono,
com salpicos de orvalho
e passos de dança lenta.

Fechei os olhos e deixei-me voar
numa maré de sonhos,
todos ainda por sonhar.

Peguei no sorriso que a pele guardava,
no aroma que o olhar soltava
e com ele te desenhei na penumbra da tarde.

Nos contornos do teu rosto,
colei o meu,
devagar, quase a medo
não fosse a noite acordar-me
do sonho que sem ti sonhava.

©Graça Costa

                                                              Henry Asencio

FAÇAM SILÊNCIO

Façam silêncio...

Vejam o poema que nasce
naquela boca carnuda
como morango silvestre em pasto verde.

Vejam a forma como se move,
como insinua o beijo sem o dar,
como inflige dor sem tocar,
como aguça a fome sem falar.

Vejam como as palavras são excessivas,
perante uma gota de suor
descendo pelo peito,
para morrer subtilmente onde a vida começa.

Sintam a magia de uma alma consumida pelo fogo de paixão
libertando-se das amarras
para com ela escrever a melodia de um refrão.

Sintam…
mas façam silêncio
que a obra nasce sem ser pedida,
e as  palavras
são apenas o tempero colorido dos sons
com que pintamos as telas da vida.


©Graça Costa

                                                                  Rico Blanco 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

ALMOST A PRAYER

Blessed the hands
who dried my tears.

Blessed that soft touch
that calms my sadness.

Blessed that angels voice
almost music, almost whisper.

Blessed the kiss,
the gentle touch of the lips,
the sweet caress
that made my blood sing,
the breath whispering,
the senseless words.

Blessed the day
our eyes crossed.
Blessed that magic fragment of time
our hearts stopped
and our skin burned of desire and mute pleasure.

Blessed that day and all the days since then,
and bless also
all the nights,
yet to come.


©Graça Costa

                                                     Yuriy Ibragimov

DOEM-ME AS PALAVRAS

Doem-me as palavras como feridas abertas.
Gritam.
Gemem.
Sussurram.

Queimam-me o peito e afogam-me o olhar.

Sinto a alma jorrando lava,
escorrendo lenta e penosamente pelo peito
onde momentos antes os teus lábios descansavam
e o teu corpo se derretia no meu.

Doem-me as palavras,
por isso as partilho na voragem dos dias inquietos
na esperança que alguém as faça suas.

Olha…
Vê como os olhos soletram a dor do sentir.

Vê como te chamam,
a ti,
balsâmico amante
de corpos e letras.

Vem,
lambe-me as feridas
e faz com que as palavras renasçam
entre a brisa e o arvoredo da paixão.



©Graça Costa

                                                                        Graffmatt

DEIXA

Deixa
que a noite invada o horizonte das memórias
e os dias sejam eternos recomeços,
ainda que errantes e incertos.

Deixa
que os teus passos
sigam as minhas pegadas
e que a paixão seja  melodia
de caminhos por inventar.

Deixa
que o meu corpo seja tela virgem
para o arrojo dos sentidos
e que consigas ler nos meus olhos
as cartas que te escrevo no silêncio das madrugadas.

Deixa-me correr ao teu encontro
com a certeza que de sabes,
exactamente como me tocar
e a alma sentir-se beijada;
com a certeza de que basta um olhar
para te sentir dentro de mim,
meu pintor  de corpos e telas,
de paixões incertas
e momentos eternos,
gravados em segundos.


©Graça Costa

                                                          Arthur Braginsky

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

TANTO PARA DAR

Amarra-me ao teu peito
para que o tempo não me roube de ti.

Cobre-me de luz e de esperança.
pinta-me o rosto de beijos maduros e generosos,
como as uvas dourados de Outono.

Amarra-me ao teu peito
e fica dentro de mim,
para que o tempo seja tempo,
mas não ladrão do meu Ser.

Sem ti os dias não nascem
e quando nascem,
não têm cor nem sabor
ou algo que me faça sorrir ou esquecer.

Amarra-me ao teu peito, meu amor
e espera na vereda da tarde
a hora dos dias sem hora marcada.

Espera...
e leva-me contigo
porque a vida corre veloz
e temos ainda tanto para nos dar.

©Graça Costa


                                                                Charles Dwyer

PROFECIA

Profético,
o sopro poderoso da fome
serpenteia-me o corpo envolto na bruma,
lacónico,
esfíngico,
quase prece
quase súplica.

Numa emergência de afectos por saciar,
procuro no teu olhar a promessa da abundância
neste meu corpo feito terra lavrada.

Profético,
o Inverno de sementeiras
feitas pela tua mão.

Profética,
a linguagem universal do Amor,
quando arrancada das profundezas do Ser.

Esteio do caos,
perante o esplendor da vida

que começa a chegar ao amanhã.

©Graça Costa

                                                            Federico Bebber


O QUASE

Incomoda-me o Quase,
a sua inconsistência,
a sua fraqueza, a forma inquieta como se esconde,
o que podia ter sido e não foi.

Incomoda-me o Quase.
Quase fui.
Quase fiz.
Quase consegui.
Quase amei.

Que quase é este que nos tolhe o sentir,
que me rouba a plenitude do Querer.

Incomoda-me o Quase
e por quase me sufocar
descarto-o do meu sentir.

Quero a plenitude do todo,
o excesso da entrega,
a loucura do desejo,
a quase morte do êxtase.

Quero, não ter medo de sentir
não ter medo de ousar
ter alma e corpo e pele
para ser e para dar.

Incomoda-me o Quase...
Quase, não é suficiente .

 ©Graça Costa

                                                                Marco Grassi

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

PORQUE ESCREVO

Escrevo
porque as palavras não chegam para o que sinto…
são pequenas e banais
gastas,
supérfluas ,
incoerentes, frugais
e eu preciso delas fortes,
intensas, enormes,
eruptivas,
terapêuticas,
balsâmicas.

Escrevo porque as palavras que tenho para ti não têm nome.
Trago-as embaladas  no peito,
presas  na garganta, 
gravadas na pele,
como gotas de suor após a tenaz luta do amor.

Escrevo com a alma nas mãos
esperando que me estendas as tuas,
que me agarres ,
que me envolvas,
que me penetres os sentidos
com a emoção da aurora rompendo o dia.


Escrevo,
porque os meus olhos estão mudos
e a boca grita silêncios vários.

Só estas mãos insistem em riscar o papel
na implacável dança de aromas e sons com que construo os dias.

Escrevo para que me recordes assim,
despida de tudo,
despida de mim,
barro nas tuas mãos,
mosto por fermentar,
maresia, mar e noite
paraíso,
frenesim...

©Graça Costa

                                                                   Pablo Picasso






QUANDO

Quando no teu corpo me dissolvo
descubro  sabores inesperados.
Menta, canela,
pimenta, chocolate,
hortenses, rosas carmim.

Neles viajo,
vagabunda errante
imersa no êxtase hipnótico que a tua pele me estende.

Não sei se fuja ou ouse desafiar os limites deste corpo,
que conheço e desconheço,
que me chama e me recusa,
que me engole e me saboreia
como fruta fresca em manhã de primavera.

Quando no teu corpo me dissolvo
a ternura consome-me o ser.

Entrego-me por inteiro,
fusão de mar e lua,
magia e travessura
no anoitecer que abraçamos
e com tanto por inventar...

©Graça Costa

                                                                    Marilyn Kalish

THE KISS

 I like the kiss that did not give ...
the imagined kiss,
drawn in the most deep corners of the mind.

I feel its smell and its taste,
texture,
heat
smoothness.

Insinuating…
the kiss that I did not give.

Magical,
as everything already dreamed,
but yet unborn.


©Graça Costa


                                                          Sculpture - Gaylord Ho

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

VEM

Sinto a magia do dia que desponta ,
pela forma como o teu corpo reage ao toque dos meus dedos.

Nele brinco, como num teclado de piano.
Dele sinto brotar harmonia ou furacão,
a simplicidade de um beijo
ou a doce loucura da paixão.

Depois chamo a noite
sussurrando...quase em prece,
esperando o êxtase
que a tua fome promete.

Vem amor,
vem depressa,
que o tempo não espera
e a magia da noite
tem os tons de uma eterna primavera.


©Graça Costa


SE

Se eu pudesse ser mar,
inundaria o teu chão com a força das marés.

Se eu pudesse ser lua,
faria um espelho de luz para te iluminar o ser.

Se eu pudesse ser chuva,
seria alimento de pura seiva no teu corpo.

Se eu pudesse ser fogo,
dar-te-ia o meu corpo para aconchego eterno.

Da fusão dos elementos,
renasceria qual fénix em cada amanhecer,
e em cada noite,
partiria, feliz, dentro do teu peito,
rumo ao paraíso de sentidos por inventar.


©Graça Costa


OXALÁ

Existe no silêncio
um luar de nuvens mansas,
uma alma secreta de murmúrios
vestida uma doçura tamanha,
que só de o prever já me embalo
no seu sentir.

Só quem conversa com o silêncio
tem alma para sentir o poema,
que antes de o ser já dança na retina,
já penetra a pele com a intensidade de um beijo
e desperta a fome do amor vivido em firmamentos distantes.

Oxalá a noite me doure os sentidos,
me crave na pele a vontade de me dar
e que o canto da minha voz,
não seja voz,
mas pele…
sedenta de outra pele.


©Graça Costa




terça-feira, 15 de setembro de 2015

IF I COULD


If I could be a star
I would travel a million light years
just to make your heart my home.

If I could be a sea wave
I would dance throughout the oceans
just to kiss your lips in the change of tides.

If I could be music
I would create endless love songs
just to see you smile.

But, as I'm your soulmate
I flourish like a landscape in springtime
and with all the birds and butterflies as witnesses
I will make a perfect dress
to the perfect day
of our next encounter.

My skin...
My shiny eyes
My wet lips,
that's all we need
to make miracles between the stars.


©Graça Costa

                                                               Mark Demsteader 

ABRAÇA-ME APENAS

A brisa beija-me o corpo
com a suavidade de solista
em orquestra de anjos.

Da melodia,
soltam-se os sons dos sonhos
num amanhecer dourado 
e quando o sol desponta bebendo o orvalho,
sinto na pele o arrepio de acordar envolta no teu abraço.

Lá fora,
o sol de inverno,
frio e cortante,
contrasta com o calor
de um verão inventado
à medida deste sonho
criado a quatro mãos.

Por momentos,
retenho e perfeição da eternidade
e quero ficar,
só ficar.

Não…
não digas nada…
Abraça-me apenas…          
 

©Graça Costa


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

PERFUME DE POESIA

Encontrei um perfume de poesia no teu olhar.

Sem saber como defini-lo,
estendi-lhe o sorriso e bebi-o,
lentamente,
em silêncio,
como se de um ritual sagrado se tratasse.

Saboreei cada trago
com a dolência da paixão imprevista,
e deixei-me levar pela eternidade do momento.

Encontrei um perfume de poesia no teu olhar.

Vieste sem aviso
com a força de uma maré viva
e eu recebi-te com a ternura de uma onda a beijar a areia.

Sem saber como te responder,
vesti-me de lua,
coloquei nos cabelos pétalas de orvalho
e dei-me ao teu olhar em oferenda.

Depois anoiteceu…
e a noite é cúmplice de amantes inquietos.


©Graça Costa

                                                                   Zhaoming Wu

AURORA BOREAL

Tem dias em que me sinto aurora boreal,
lambendo o teu corpo.

Por entre o êxtase, o espanto e a magia,
componho melodias intemporais
que gravo na pele e nos sentidos.

Nesses dias fecho os olhos
e sinto as nuances coloridas
acariciando o corpo nu,
que em jeito de oferenda te estendo,
como tela esperando o fluir da magia do pintor.

Mais tarde contemplo a obra
e por vezes sorrio...


©Graça Costa


GOSTO DESTE AMOR

Gosto deste amor puro,
simples,
belo,
cristalino como gota de orvalho
penetrada por um raio de sol ao amanhecer.

Gosto deste ter-te e não te ter,
do desejo,
de te sentir antes de te ver,
do teu toque suave e intenso como noite de luar.

Gosto das noites que me consomem
e me espantam,
da luz que me eclode no peito
e me invade o corpo febril.

Gosto deste amor cristalino,
simples,
belo,
curioso...
aventura dos sentidos,
quadro aberto ao desconhecido,
que vou escrevendo...
sem pressas.

Gosto deste amor sereno
como gosto da vida
e de mergulhar no silêncio que construímos juntos,
qual ultimo suspiro de paixão eterna
após o amor partilhado ao entardecer.

©Graça Costa



VIDA

Aquecem-me a pele os beijos
que mansamente me depositas nos ombros.
Arrepia-me a pele, o beijo
que com ternura me ofereces nos lábios húmidos e sedentos de ti..

Estranha esta coisa do amor,
que aquece e arrepia em segundos,
que consegue apagar o mundo
e construir outro no espaço de um abraço.

Estranha esta coisa da paixão,
em que morremos e nascemos numa hora,
em que os dias passam desabridos
e como doença sem cura os vivemos
com desvelo de alma e sorriso de criança.

Estranhas as noites,
iluminadas pelo teu olhar
e pela forma como me desenhas dentro de ti.

Estranha…

Deliciosamente estranha esta vida,
tecida de descobertas e esquecimentos,
momentos,
desejos,
pó,
memórias,
magia,
nós...

©Graça Costa


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

ACONTECEU

Um sorriso trespassou-lhe o rosto
ao sentir o sol acariciar-lhe o corpo como mãos de amante experiente.

Lenta e dengosamente espreguiçou-se,
rolou sobre si mesma e deixou-se flutuar.

Adormeceu com a sua imagem na retina,
com o sabor do seu beijo,
o toque da pele na sua pele,
a magia da fusão dos corpos ao luar.

Adormeceu levando no sono e no sonho
o sorriso com que brindara o sol que lhe banhara o rosto.

De repente deixou de saber
se era sonho ou vida.

Sabia apenas que sentia
e se sentia, tinha que ser verdade.

Enroscou-se naquele corpo,
e deixou a magia acontecer.


©Graça Costa


OUVE

Escuta.
Mergulha no silêncio e escuta o corpo que te fala.

Ouve o clamor da pele,
a toada triste das suas cicatrizes
quando lhes afagas o contorno da dor.

Ousa e ouve também a sua fome, os seus desejos,
a alquimia dos sentidos que a pele reclama.

Embrenha-te no silêncio da noite e ouve como ela,
ora chora, ora  canta
ora implora, ora dá,
entoando melodias por inventar.

Sem pressas, 
observa cada curva,
cada poro,
cada marca.
Sente a dança dos sentidos
e deixa-te ser pele de outra pele

Ouve,
deixa-me ser dona do teu sentir,
fundir-me na tua pele,
murmurar-te desejos de equinócios distantes,
enlouquecer de ternura,
explodir de prazer no teu ouvido.

Deixa-me explorar o limite do sentir
devagar,
serenamente,
como quem declama um poema soletrado a meia voz.

Murmúrios da pele,
sede….
desafio,
banquete de almas unidas
pela bebedeira de sentidos inquietos.


©Graça Costa


                                                              Bayani De Leon

MISTÉRIOS DA NOITE

Cai a noite e tudo se transforma.
A guerreira vira pássaro,
flor,
princesa, ou arlequim,
misto de flor e de seda,
azul, prateada, carmim.

Bendigo a cumplicidade da noite que tudo permite.
Sonho,
fantasia, dança,
brisa, sal, maresia, festim.

Do descanso da guerreira
agora lua, feiticeira, amante,
emerge a magia da palavra dita apenas com o olhar;
o convite da chama que arde sem se ver.

E o imprevisto acontece,
como acontece o Amor em dias incertos.

Doce a noite em que me deito
com o cansaço na pele e a ternura na voz.

Efémera noite, eu sei…
mas tão cheia de sonhos por cumprir.
A ela me entrego
com a nudez mais terna
e faço do seu abraço ,
uma homenagem ao dia que promete.


©Graça Costa

                                                                  Zhaoming Wu

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

DRINK ME

Drink me,
as if I were smooth wine from the sacred fountain of life.

Sip it,
with the joy of the moment
so long in coming,
and with the tenderness of a tomorrow that may not ever arrive.

Feel me...
listen the voice of your body
and the whisper of your soul.

Look at me,
and slowly contemplate the ecstasy of dawn,
in this body made spring
in your hands.

©Graça Costa


O DESPERTAR DA NOITE

Na penumbra, apenas os contornos de ti
e o respirar lento e compassado de um sono,
profundo como o mar,
leve como brisa de verão.

A teu lado aquela a quem roubaram o sono
e que no torpor do cansaço
te bebe  a calma com um sorriso.

Contemplo-te na penumbra
e no teu rosto vejo paz.

No vai e vem do teu peito,
vejo o colo para o meu embalo
onírico,
terno,
pueril,
meu.

Percorro-te com o olhar,
e o sorriso denuncia –te o prazer.

Despertas…
Como pétalas de estio rumo ao amanhecer
cobres-me o corpo com beijos
e, de repente...
a noite deixou de existir.


©Graça Costa 

                                                                     Christophe Hohler


MAGIA DO VIVER

Surgiu-me da penumbra esta sensação de luz
este calor terno e manso
de uns lábios lambendo-me o rosto.

Iluminou-se-me  a alma
e um sorriso nasceu-me no olhar.

Depois foram os dedos…
Como brisa de verão,
ainda com aroma a fim de primavera
viraram carícia nua , repleta de promessas.

Um silêncio mágico invadiu a manhã.

O meu corpo virou pauta de musica inacabada
pintado pela paleta da aurora,
expectante,
luminoso,
sedento da orquestra dançante saída da penumbra,
do dia que amanhecia.

©Graça Costa

                                                                   Victor Bauer