Os seus olhos eram oceanos de perda, mágoa e dor.
Cada lágrima trazia consigo
páginas de uma vida de sobressaltos e eternos recomeços.
A pele cheirava a fome
mas apesar da fragância triste
podia nela intuir uma subtil serenidade,
misto de canela e maresia
com um leve toque de saudade.
De quando em vez as comportas do olhar cediam,
incapazes de suportar a dor de feridas esfregadas com sal.
Dor forte,
intensa,
franca,
honesta,
como todas as dores do crescimento,
com a sua musicalidade hesitante
e a sua métrica envolvente,
quase sufocante.
Os seus olhos oceânicos
gritam o fim de uma vida vivida em maré mansa,
reclamam o turbilhão da aurora que nasce no coração da
tempestade,
mergulham em busca dos excessos dos sentidos
e da urgência dos beijos adiados.
Os seus olhos de perda, mágoa e dor
procuram-te na vereda dos sonhos,
na certeza que só contigo,
o comum se torna extraordinário
e o viver ganha Luz.
©Graça Costa
Solitude by Gary Leonard
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