sexta-feira, 31 de março de 2017

SOLIDÃO

Só, no meio da avenida.

Rodeada de gente que não me vê,
o espírito voa livre e solto
até à dança de roda onde estive com o vento,
vestida de brisa,
sonhos e maresia.

Emoções contidas,
sorriso aberto,
corpo em chamas,
vertigem louca,
coração amortecido.

Vestida de brisa,
sonhos e maresia
escuto a melodia de outono
que me envolve o corpo e o sentir.

Vagueio sem destino.

Rego o passeio de lágrimas
ora doces, ora salgadas,
cristais de amores perdidos
serpenteando pelo rio do meu corpo
até morrer pacificamente, no além mar da esperança.

Rito de passagem ?
Dor de crescimento ?
Solidão,
emoção,
cansaço.

Depois,
o Momento...
Um quase nada,
que é um quase tudo
escondido no brilho do teu olhar.

Estaco no meio da multidão que não me vê.

Para ti eu existo
porque tu me vês e eu vejo-te,
porque tu me sentes e eu sinto-te.

Estaco,
e quase em prece, sussurro...

Vem,
Quero ter-te por perto.

Vem,
alimenta-me o cansaço
e deixa-me ficar
aninhada no teu abraço.


©Graça Costa
imagem da web


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