Com os pedaços de memória
com que vou construindo este Ser,
encontro momentos de eternidade
vividos em segundos
e segundos
impregnados com a subtil da dor da eternidade.
Cravados na pele, cicatrizes.
Algumas quase pinturas,
esculturas,
ou rendas de cetim,
delicadamente tatuadas
neste corpo
livro aberto ao
amanhecer.
Gravados nos olhos,
tons e cores de viagens secretas,
vividas,
sonhadas,
bebidas,
tragadas
e na palma das mãos,
desejos guardados ainda
por revelar.
Uns parecem aves canoras,
outros, frágeis
borboletas,
temendo largar o colo
e desafiar o destino do lamento.
Não sei se largue, se esconda.
Não sei se ouse, se esqueça.
Dilemas…
Dilemas que quem vive
e ousa sentir.
Dilemas de quem grava na alma
tudo o que o coração grita.
Dilemas,
que só quem ama sabe dizer
quantas vezes ,
sem a palavra tocar.
©Graça Costa
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