quinta-feira, 23 de março de 2017

A ESPERA

Presa à saudade esperei a noite
em que o teu peito
seria cama para o meu descanso.
Vesti-me de festa, com fios de ausência
e no esplendor da nudez
entreguei o corpo à brisa
que te traria até mim.
A brisa veio,
carregada de silêncios e presságios febris,
ao mesmo tempo que o sol morria
pintando o céu de vermelho sangue,
receios e sussurros magoados.
Quis sorrir,
mas o sorriso morreu-me na garganta.
Só os olhos falaram
dizendo tudo o que eu não queira ouvir.
Fechei-os os olhos quase em prece
e do fundo do Ser,
gritei à noite
que te trouxesse até mim.
Em sonhos,
escrevi na pele
diálogos carregados de magia
onde, corpos em chamas
e fusão de almas,
constroem melodias intemporais. 
Esperei…
E só eu sei se vieste.

© Graça Costa
imagem da web


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