Beijas-me como o escultor
que acaricia o barro
para nele se fundir
devagar
como o entardecer.
Nas tuas mãos sou terra
mar e ar,
elementos em fusão
sem pressas,
sem lamentos.
Nas tuas mãos respiro
ao ritmo dos dedos
com que me envolves
e neles me derreto
como orvalho ao
amanhecer.
Mais tarde,
agarro a cumplicidade da
noite,
A ela ofereço os
murmúrios que
no torpor da paixão
arrancas do mais fundo de mim.
Saboreio o desejo
que pressinto os teus
olhos
e colo-me a ti num beijo
quente,
longo,
lento,
porque há beijos mais
profundos do que o mar.
©Graça Costa
Kiss, Andy Warhol, 1963.
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