segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O EMBALO DAS PALAVRAS

Ah, as palavras,
meu conforto,
meu espanto.
Com elas me visto,
me dispo,
canso e descanso.
Com elas brinco e com elas me alimento.
Do amor que brota de cada letra,
de cada acento,
de pausa, abrupta ou suave
leve como carícia,
profunda como cicatriz.

Do embalo das palavras nasce o poema.
De espanto em espanto
recomeça o canto.
De canto em canto,
recupero o espanto
a que me entrego sem rede,
como lamento vogando na corrente da esperança.

Junto-as todas.
E nesta dança desencontrada de letras e sons
neste lamento de enganos e desenganos,
construo o poema,
que sereno me invade,
e te invade também,
a ti que o acolhes
no despontar do dia
ou na vereda escarlate,
na noite sombria
ou num sonho... sem tarde.

 ©Graça Costa
Sylvie Guillot - desenho



 

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