No meu corpo correm rios
de afectos partilhados
e outros ainda por
desbravar.
Nas suas margens,
nenúfares e chorões
abraços e canções,
melodias de outono sereno
estendendo os braços,
ao por do sol reflectido
na placidez das águas.
Nelas, correm também rios
de dor
na sua lenta caminhada
até ao afluente do rosto.
Aí …desaguam,
transbordam,
rebentam comportas que
ninguém vê e só tu sentes,
ecoando no silêncio surdo
e melancólico do olhar.
Alguns tornam-se riachos
e acabam por secar.
Outros agigantam-se e
levam-te na torrente.
Nesses dias o corpo deixa
de ser corpo
e passa a ser maré viva,
vento norte
tempestade,
luta,
desespero,
naufrágio.
Assim é a vida
e os corpos que nela
vivem.
Nuns dias sol,
noutros trovoada.
Por vezes amor, ternura,
paixão.
Outras vezes,
vazio,
quase nada,
ilusão.
Meu corpo,
meu rio…
serpenteando nas veredas
do sentir
até ao mar do teu olhar.
©Graça Costa
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