segunda-feira, 3 de agosto de 2015

SEM AVISO

Quase sem aviso
o beijo aconteceu.

Como poema sem voz
cresceu lentamente,
maré mansa,
que vira fogo
ateado pela urgência do desejo.

Perdido na ponta do medo surgiu assustado
mas logo se agigantou,
explorando os sentidos
com mestria de escultor
e delicadeza de tela pintada a pastel.

Colou-me na pele pigmentos carmim,
sugou-me a alma e o sentir,
tornou-me amante insuspeita
de dias calmos e noites errantes
em que apenas o desejo tem voz.

Do beijo nasceu a entrega
e da entrega, a melodia dos corpos em chama...
poema vivo,
salpicado por gotas de mar,
em tons de êxtase .

© Graça Costa

                                                            François Henri Galland

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