como se flocos de saudade fossem
leves e calmos
quase subtis por vezes,
outras, frios e agrestes
como pancadas de morte.
Olho e não vejo
mas intuo
sinto,
sinto muito,
sinto forte esta dor
furiosa como tempestade
ou terna como lençol de maresia.
Que saudade é esta
na pele gravada?
Que dor é esta
que o tempo não lava
e a vida não esquece?
Olho os pingos da chuva,
perdida no tempo do tempo que passa,
revisito os dias
em que o teu assobio malandro
ressoava no horizonte,
recordo o aroma do beijo,
a ternura do afago
e o cansaço no olhar
quando foi tarde demais
para ti,
para nós,
para ficares.
Olhando os pingos da chuva
reparo que a chuva que sinto
é dentro de mim.
Chamo-lhe Saudade
porque não sei dar-lhe outro nome
em mais um dia que passo sem ti.
Pai...
© Graça Costa
O meu pai faria hoje 81 anos, se fosse vivo - faleceu em 1999 com 62 anos.
Esta é a minha forma de conversar com ele, hoje, no dia de seu nome...
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