ESPERA
Presa à saudade esperei a noite
e o teu peito feito cama
para o meu descanso.
Vesti-me de festa, com
fios de ausência
e no esplendor da nudez
entreguei o corpo à brisa
que te traria até mim.
A brisa veio,
carregada de silêncios e
presságios febris,
ao mesmo tempo que o sol
morria
pintando o céu de
vermelho sangue,
receios e sussurros
magoados.
Quis sorrir, mas o
sorriso morreu-me na garganta.
Só os olhos falaram,
dizendo tudo o que eu não
queira ouvir.
Fechei-os os olhos
e quase em prece,
sussurrei à noite
que te trouxesse até mim.
Em tom de lamento ,
escrevi na pele
um daqueles diálogos só
nossos
em que a magia dos corpos
se transforma em melodia.
Depois esperei…
e só eu sei se vieste.
© Graça Costa
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