segunda-feira, 4 de julho de 2016

QUERIA

Queria poder abraçar-te
com corpo de brisa
e pele de cetim.
Queria poder ser maresia
ou chuva,
ou orvalho,
lamber-te o rosto
e dissolver-me em ti.
Queria ser ave
com chilreio de pranto
e num doce balanço
aninhar-me em ti,
sussurrar-te o encanto
de noites sem fim.
Queria ser tudo
e o mais que inventasse,
Ser fonte,
sol,
curva na estrada,
onda do mar.
Queria,
e sigo querendo
que me queiras também.
E quando a ternura do fim da tarde
pousar no meu peito,
que este corpo vire chão sem pedras
e tu venhas,
como onda lambendo a areia,
morrer e renascer de novo
por mim...
em mim.

©Graça Costa
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