Trazia laivos de esperança espetados na dor,
memorias longínquas de sorrisos
que os lábios tentavam esboçar
na ténue tentativa do recomeço.
Trazia também o peso dos dias de noites eternas
em que implorava o sono
e na sua ausência pintava paisagens de luz e cor
onde sonhava acordada uma vida por inventar.
Sabia que as papoilas que trazia nos lábios
a pele de marfim e os olhos de mar
eram os seus únicos tesouros.
Sabia também que a dor a tornara guerreira.
Por isso resistia.
Por isso insistia.
E quando todos lhe negavam o olhar, sorria.
E sorria ainda mais,
porque nos confins do sentir
só ela sabia que o seu refúgio de luz e cor
tinha gente dentro.
Tu habitavas por lá…
Sem comentários:
Enviar um comentário