sexta-feira, 30 de setembro de 2016

BEIJO


Beijas-me como o escultor
que acaricia o barro
para nele se fundir
devagar
como o entardecer.

Nas tuas mãos sou terra
mar e ar,
elementos em fusão
sem pressas,
sem lamentos.

Nas tuas mãos respiro
ao ritmo dos dedos
com que me envolves
e neles me derreto
como orvalho ao amanhecer.

Mais tarde,
agarro a cumplicidade da noite,
A ela ofereço os murmúrios que
no torpor da paixão
 arrancas do mais fundo de mim.

 Saboreio o desejo
que pressinto os teus olhos
e colo-me a ti num beijo quente,
longo,
lento,
porque há beijos mais profundos do que o mar.


©Graça Costa
imagem - Kiss, Andy Warhol, 1963.


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

PLEASE

Let me reinvent hope
with the childish joy
of guitar tender weep.
From my breast
would sprout poppies
rainbows and blueberries
and from this alchemy
of affections
a all world
of new emotions will flow.

Let me reinvent hope
for the world keeps spinning
but its turning grey
and I need it
colourful
to enlighten my smile.
My smile...
the path you cross
just to caress my body.

So please...
let me reinvent hope...
I'm so tired,
I need to sleep
and sleep without your arms around me
is no sleep
just exhaustion.

Please...


©Graça Costa
imagem da web


QUEM CONSEGUE ?


Quem consegue definir-me angústia ?
Aquele pedaço de dor que arde mas não queima,
perfura, mas não rasga,
sufoca,mas não mata,
explode, mas não grita.

Quem consegue dizer-me
que forma tem,
qual a cor,
o aroma,
as feições?

Se souberem...
divulguem,
partilhem.

Desenhemos-lhe o semblante,
de frente ou de perfil,
ouça-mos-lhe a voz,
fotografemos-lhes os passos.

Quem sabe,
talvez assim
consigamos encarcerá-la numa cela dourada ou de cetim
e que deslumbrada com a sua dolorosa beleza,
construa nela o seu castelo
e nos liberte do seu abraço.


©Graça Costa
Imagem da web


terça-feira, 27 de setembro de 2016

FRAGMENTOS


Trago fragmentos de poesia soltos nos cabelos.
Aromas de palavras ditas e de outras por dizer
pedaços de afecto colados na pele,
escorregando devagar até aos dedos
na esperança de que os deixe voar.
Nem sempre as deixo partir…
Tem dias em que preciso delas só para mim
como água de uma qualquer fonte-mãe,
redentoras,
âncora dos meus medos.
Noutros dias deixo-as ir…
espalhar fragâncias de afectos partilhados
envolver-se em bailados de mãos
corpos, olhares e sorrisos
envoltos em brisa de fim de tarde .
Trago fragmentos de poesia soltos nos cabelos.
Pedaços de mim,
lançados ao amanhecer.
©Graça Costa
imagem de Web


domingo, 25 de setembro de 2016

DA MINHA ESSÊNCIA

Energia e matéria
harmonia de contrários
luz …terra
vento…mar
fogo…maresia.

Assim me sinto
na soma do tempo que passa.
Errante,
na candura dos sonhos.
Guerreira,
na tempestade dos dias.

Vivo no equilíbrio perene
do conceito e do verbo;
do pronome e do advérbio.

No desafio da descoberta,
enfrento o eterno talvez,
o complexo Se…
o carinho,
a paixão,
a emoção da dádiva,
o desabrochar do coração.

Nele me reencontro,
e com ele me reinvento
fugitiva de mim
presa no Ser que sou...
essência,
magia,
doçura,
pó …


©Graça Costa


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

EM DIRECÇÃO AO TEU ABRAÇO

Doces, os sulcos marcados na pele trigueira.

Rugas de esperança,
plantadas pelos caminhos da dor
cansaço e maresia.

Lá longe,
no horizonte da memória
o brilho ténue de um sorriso travesso,
e de um olhar verde cristalino…
memória doce de sonhos de criança.

Nesse rosto quase esquecido
revisito o caminho que me levou a ti.
Na beleza sinuosa dessas rugas
volto a percorrer os sons da descoberta,
os cheiros a salva e maresia
guardados no peito
como tesouros silvestres.

Semicerro os olhos
e deixo-me envolver pelos aromas da vida.

Depois,
na placidez da tarde
enrosco-me no por do sol,
acaricio o rosto com pétalas de luz
e, no aconchego do sonho,
deixo-me ir
em direcção ao teu abraço.


©Graça Costa
imagem da web


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

NA CURVA DO AMANHECER

Na curva do amanhecer senti-te chegar.

Trazias na pele aromas distantes
e no olhar marcas de saudade acumuladas
como cansaço.

Contigo vinham também
as memórias dos dias calmos
em que nos perdíamos das horas
e reinventávamos o tempo.

Senti-te chegar
e o mar dos olhos inundou-me o sentir.

No peito o coração batia forte
e no descompasso da dor
gemia o lamento da noite.

Senti-te chegar na curva do amanhecer
e tu sentiste o beijo a florir-te na pele.

Deste-me a saudade
e eu dei-me a ti
por completo
ali mesmo
na curva do amanhecer.

©Graça Costa
imagem da web



terça-feira, 20 de setembro de 2016

CORPO POEMA

No teu corpo desenho poemas cantados .

A cada toque, a pele responde com um grito surdo,
meio gemido,
meio lamento
meio sussurro
meio tormento.

A cada beijo, reinvento-te,
reinvento-me,
saboreio-te como saboreio o poema,
letra a letra,
palavra a palavra,
rima a rima
ou rima nenhuma
mas lenta e suavemente
como tango dançado ao luar.

Depois,
volto e ler-te
e afago lentamente as palavras que te acendem a paixão.
e que te prendem a mim.

A ti me colo, meu poema
meio escrito,
por vezes gemido,
outras sussurrado,
e assim adormeço,
sem saber se durmo
ou apenas descanso
nesse teu colo feito cama,
só para me receber.

©Graça Costa
imagem retirada da web


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

ABRAÇA-ME APENAS

A brisa beija-me o corpo
com a suavidade de solista
em orquestra de anjos.

Da melodia,
soltam-se os sons dos sonhos
num amanhecer dourado 
e quando o sol desponta bebendo o orvalho,
sinto na pele o arrepio de acordar envolta no teu abraço.

Lá fora,
o sol de inverno,
frio e cortante,
contrasta com o calor
de um verão inventado
à medida deste sonho
criado a quatro mãos.

Por momentos,
retenho e perfeição da eternidade
e quero ficar,
só ficar.

Não…
não digas nada…
Abraça-me apenas…          

©Graça Costa
foto da Web


sábado, 17 de setembro de 2016

I DREAMT


I dreamt
my body was a lake
and your hands
sailing boats
dancing in the sunset of my skin.

I dreamt my body
was open sky,
and your mouth
a flock of seagulls
caressing its profile.

I dreamt my body
was a wide open road
and your arms
bunches of flowers
spreading perfume along the way.

I dreamt...
and I dreamt again.

When finally
awake,
you are right beside me.

We slightly smile...
and the dreams
come alive.


©Graça Costa



SE ESTES DEDOS TIVESSEM VOZ


Se estes dedos tivessem voz
seria de vento e de mar,
seria de brisa e de trautear o teu corpo,
com gemidos de mel
 e ternura de flores sem tempo nem estação.

Se estes dedos tivessem voz
suplicariam por violinos, harpas,
e lençóis de cetim orvalhados pelo teu perfume.
Suplicariam por pinceis e aguarelas para te pintar o perfil
e nele gravar o sentir do amanhecer nos teus braços.

Se estes dedos tivessem voz
gritariam pela tua presença dentro de mim,
pelo teu olhar preso no meu,
navegante eterno de paraísos inventados
e rotas por descobrir.

Se estes dedos tivessem voz
o amanhã estaria escrito.

O entardecer teria a melodia de uma sinfonia tocada a quatro mãos
e a noite traria consigo a magia dos rios
plena de afectos e desafios,
aberta para nos receber.

Caminhemos então…
e ouçamos,
que os dedos falam a língua dos amantes .


© Graça Costa
imagem da web




sexta-feira, 16 de setembro de 2016

SOL DE OUTONO

Como gosto do sol de outono.

Como chocolate aveludado,
aquece sem queimar,
adoça os dias com a calma serena de uma nuvem de algodão.

Fecho os olhos e deixo-me levar
numa viagem sem destino,
nas asas de um sonho inventado,
pequenino,
só meu.

Sinto-me planar
para lá do horizonte,
para lá de tudo,
para lá de mim
e o sorriso que me invade,
suporta a certeza
de que nas asas dos sonhos,
o limite.
ah, o limite
nem sei se existe.


©Graça Costa



quarta-feira, 14 de setembro de 2016

DEVANEIO

Percorre-me o corpo como se fosse mar
e toca-me a alma como se fosses brisa.

Desperta-me os sentidos e torna-me tua.
Bebe-me.
Saboreia-me.

Entranha-me na tua pele
e nessa mescla do tudo e do nada
de excessos e devaneios,
façamos da noite uma melodia de afectos
languida e suave como o amor que termina e recomeça,
como maré
sem cessar.

E quando o cansaço for maior que o desejo
saibamos morrer…
entrelaçados,
exaustos pelo prazer vivido e pelo que há-de vir
quando o brilho do olhar
voltar a incendiar-nos a pele.


©Graça Costa
imagem da web


EM BUSCA DE TI

Vestida de brisa e neblina
parti em busca de ti.

Nos olhos levava as memórias
e nos braços os sonhos
tecidos em noites eternas
despojada de mim.

Mas, de repente, do nada
desaba o silêncio.
Brisa e neblina
recolhem-se de espanto
e ali fico
no esplendor da nudez
na súplica de ti,
no receio,
na fuga,
na entrega,
no sei lá...

Vem
que a noite engole-me o ser
e eu apenas preciso da tua pele
para me vestir de ti
e depois...
depois adormecer.

©Graça Costa








sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A ESPERA

Presa à saudade esperei a noite
em que o teu peito seria cama para o meu descanso.
Vesti-me de festa, com fios de ausência
e no esplendor da nudez
entreguei o corpo à brisa
que te traria até mim.
A brisa veio,
carregada de silêncios e presságios febris,
ao mesmo tempo que o sol morria
pintando o céu de vermelho sangue,
receios e sussurros magoados.
Quis sorrir, mas o sorriso morreu-me na garganta.
Só os olhos falavam
dizendo tudo o que eu não queira ouvir.
Fechei-os os olhos em prece
e do fundo do Ser, gritei à noite
que te trouxesse até mim.
Em sonhos, escrevi na pele
um daqueles diálogos só nossos
em que a magia dos corpos se torna sinfonia.
Esperei…
E só eu sei se vieste.

© Graça Costa


EXPECTATIONS


Hold on my love...
dream on my skin touching your lips
imagine your skin burning in mine
feel our bodies melting in one another.

Hold on my love...
Rush is an enemy of feeling
and dreams are the rainbows of surrender.

My heart feels your arrival
My skin hungers for your touch
but I've learned to hold on.

Expectations lost in the wind
caress my body,
and I'm sure its you
thinking about me
dreaming about us.


©Graça Costa


                                                                 Elena Shastina 

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

APENAS

A brisa beija-me o corpo
com a suavidade de solista
em orquestra de anjos.

Da melodia,
soltam-se os sons dos sonhos
em manhãs douradas.
E quando o sol desposta bebendo o orvalho,
sinto na vibração da pele,
o arrepio de acordar
envolta no teu abraço.

Lá fora,
o sol de inverno,
frio e cortante,
contrasta com o calor
de um inverno inventado
à medida deste sonho
criado a quatro mãos.

Por momentos,
retenho e perfeição da eternidade
e quero ficar,
só ficar…

Não,
não digas nada.
Abraça-me apenas…




©Graça Costa
imagem da Web


NOS INTERVALOS DO AMOR

Trazia no rosto a primavera
do amor acabado de fazer,
o sorriso, quente e luzidio
como lábios de amantes após o beijo
e no corpo o cansaço de uma noite sem sono.

Trazia nos braços o
amor pintado a pincel
com as cores brilhantes do arco-íris,
e a recordação daquele abraço
do qual não queria regressar
tal a intensidade do sentir.

Trazia no corpo a esperança do renascimento,
a subtileza do toque
a magia do beijo,
a loucura da entrega.

Trazia tudo isso
e o mais que não dizia.

Mistérios que a paixão descobre
e a vida esconde,
para saborear a espaços,
nos intervalos do amor.

©Graça Costa
imagem da WEB