segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A INVENÇÃO DA ESPERANÇA

Trazia laivos de esperança espetados na dor,
memorias longínquas de gargalhadas e sorrisos
que os lábios tentavam esboçar 
na ténue tentativa do recomeço.
Trazia também o peso dos dias de noites eternas
em que implorava o sono
e na sua ausência pintava a escuridão de paisagens de luz e cor
onde sonhava acordada uma vida por inventar.
Sabia que as papoilas que trazia nos lábios
a pele de marfim e os olhos de mar
eram os seus únicos tesouros.
Sabia também que a dor a tornara guerreira.
Por isso resistia.
Por isso insistia.
E quando todos lhe negavam o olhar, sorria.
E sorria ainda mais, porque nos confins do sentir
só ela sabia que o seu refúgio de luz e cor
tinha gente dentro.
Tu habitavas por lá…

©Graça Costa


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