Escuta.
Mergulha no silêncio e escuta o corpo que te fala.
Ouve o clamor da pele,
e a toada triste das suas cicatrizes
quando lhes afagas o contorno da dor.
Ousa e ouve também a sua fome,
os seus desejos,
e a alquimia dos sentidos que a pele reclama.
Embrenha-te no silêncio da noite
e ouve como ela,
ora chora, ora canta
ora implora, ora dá,
no embalo de melodias por inventar.
Sem pressas,
observa cada curva,
cada poro,
cada marca.
Sente a dança dos sentidos
e deixa-te ser pele de outra pele.
Ouve e ousa
ser dona do seu sentir,
fundir-te na sua pele,
murmurar-lhe desejos de equinócios distantes,
enlouquecer de ternura,
explodir de prazer no seu ouvido.
Deixa-me explorar o limite do sentir
devagar,
serenamente,
como quem declama um poema soletrado a meia voz.
Murmúrios da pele,
sede….
desafio,
banquete de almas unidas
pela bebedeira de sentidos inquietos.
©Graça Costa
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