O dia acordou sinuoso e inquieto.
Pairava no ar um quê de mistério
e o horizonte trazia nos dedos
promessas de ternura em gomos de romã e ramos de
violetas.
No ar, uma serenidade etérea
como se aquele dia trouxesse no rosto alvo,
a magia de sonhos roubados.
Os olhos abriram-se pelo espanto
da profusão de aromas e sons que vinham de longe,
mas que ao mesmo tempo pareciam sair de dentro de
si.
Depressa percebeu que tempo, espaço e corpo
se haviam fundido naquele dia,
que era brisa e maresia
e ao mesmo tempo amante em espera envolta
na primavera nascia,
calma e serena por entre a maresia.
Fechou os olhos e sorriu ao sentir o raio de sol
que lhe inundava o rosto.
Mordeu os lábios com sabor de romã,
vestiu-se de violetas e esperou.
Ao longe, o gemido de passos familiares...
lentos,
ousados,
prenhes de planos loucos e esperanças várias,
como doçura de amor reinventado
em cada beijo lançado ao anoitecer.
©Graça Costa
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